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Marqueteiro João Santana tem prisão decretada na 23ª fase da Lava Jato

22 Fev 2016 - 21:49

Camila Bomfim e Adriana Justi Da TV Globo, em Brasília, e do G1 PR

Foto: Reprodução

Marqueteiro João Santana tem prisão decretada na 23ª fase da Lava Jato
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta segunda-feira (22) a 23ª fase da Operação Lava Jato. Foi expedido um mandado de prisão temporária do publicitário baiano João Santana, marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.


Santana ainda não não tinha sido preso até a última atualização desta reportagem. Segundo a assessoria dele, o publicitário está na República Dominicana, trabalhando na campanha à reeleição do atual presidente do país, Danilo Medina. Também foi decretada a prisão da mulher dele, Monica Moura. Ela afirmou que o casal voltará ao país assim que for notificado oficialmente.

Investigadores suspeitam que o publicitário tenha sido pago por serviços prestados ao PT com propina oriunda de contratos da Petrobras.

Usando uma conta secreta no exterior, ele teria recebido dinheiro da empreiteira Odebrecht e do engenheiro Zwi Skornicki, representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels, segundo o Ministério Público Federal (MPF).

Operação Acarajé
Esta etapa da Lava Jato é chamada de Operação Acarajé, o nome usado pelos suspeitos para se referir ao dinheiro irregular, segundo a PF. Ao todo, foram expedidos oito mandados de prisão.

Skornicki é um dos presos preventivamente. Ele foi detido na manhã desta segunda-feira no Rio de Janeiro. Segundo as investigações, o engenheiro operava propinas no esquema da Petrobras investigado pela Lava Jato.

Agentes federais foram a escritórios da Odebrecht, em São Paulo, no Rio e na Bahia. Eles chegaram às 6h no prédio da empresa na capital paulista, e os funcionários foram liberados do trabalho.

O MPF identificou novas provas contra o ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, que é réu da Lava Jato e está preso em Curitiba desde junho de 2015.

Investigadores dizem que ele tinha controle sobre os pagamentos feitos no exterior por meio de offshores. Entre os favorecidos, estariam João Santana, o ex-ministro José Dirceu e até autoridades argentinas.

A PF busca tirar a trava de segurança de informações criptografadas apreendidas na 14ª fase da operação. Cinco peritos auxiliam a PF para que os agentes consigam sair com os dados liberados.

Em nota, a Odebrecht confirma operação da PF em seus escritórios para o cumprimento de mandados de busca e apreensão. "A empresa está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento", diz o texto.

Suspeitas contra João Santana
O publicitário João Santana é alvo da Lava Jato porque os investigadores dizem ter indícios suficientes de que ele possui contas no exterior com origem não declarada.

João Santana começou a ser investigado em um inquérito sigiloso depois que a PF apreendeu, na casa de Zwi Skornicki, um manuscrito atribuído à mulher de Santana indicando contas dele fora do país. A informação sobre a apreensão foi revelada pela revista "Veja".

Quando a denúncia foi publicada, a empresa de Santana, Pólis Propaganda & Marketing, divulgou uma nota negando caixa 2. "O grupo recolhe todos os impostos devidos", diz o texto, que afirma ainda que a empresa jamais se envolveu "em nenhum tipo de ação ilegal".

"O Grupo Pólis possui agências autônomas no Brasil, e em outros países. As empresas  funcionam de forma independente, operacional e financeiramente. Não há trânsito de recursos entre elas. Valores recebidos de campanhas brasileiras sempre foram pagos no Brasil, e valores recebidos por campanhas no exterior foram pagos no exterior, seguindo as regras e a legislação de cada país", afirma a nota.

Além de marqueteiro das campanhas, Santana chegou a ser conselheiro da presidente Dilmaem várias decisões de governo, chamado a participar de reuniões decisivas, com voz de influência em debates políticos no primeiro escalão.

Santana assumiu o marketing eleitoral de Lula depois da citação no caso do mensalão ao publicitário Duda Mendonça, absolvido em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com a polícia, as investigações da Operação Acarajé apontam para o pagamento de vantagens ilícitas por um grupo empresarial a outro grupo.

Segundo a PF, os pagamentos, de cerca de mais de US$ 7 milhões, foram feitos em contas no exterior.

Zwi Skornicki
De acordo com as investigações, o engenheiro Zwi Skornicki era o representante do estaleiro Keppel Fels.

Os procuradores da República que fazem parte da força-tarefa da Lava Jato afirmam que Skornicki era responsável por repasses ao PT por meio do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, preso desde 2015.

No acordo de delação premiada, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou que Skornicki continuou pagando suborno a Renato Duque mesmo depois de o ex-diretor ter saído da Petrobras. Ao todo, contou o ex-gerente, o representante da Keppel Fels teria pago US$ 14 milhões.

O MPF indica que Skornicki fez pagamentos ao PT e a Eduardo Musa, representante da Sete Brasil.

Ainda de acordo com o MPF, ficaram comprovadas, por meio de prova documental, as transferências feitas no exterior a partir da conta de Skornicki para contas controladas por funcionários da Petrobras.

Segundo os colaboradores, os pagamentos foram feitos em benefício de contratos bilionários feitos pela empresa Keppel Fels com a Petrobras e Sete Brasil.

Entre 25 de setembro de 2013 e  4 de novembro de 2014, há evidências, segundo os investigadores, de que Zwi efetuou a transferência de pelo menos US$ 4,5 milhões, por meio de nove transações, para conta mantida no exterior pelos publicitários João Santana e Mônica Moura.

A conta dos publicitários, em nome da offshore panamenha Shellbill Finance SA, não teria sido declarada às autoridades brasileiras.

O MPF afirma que há ainda evidências de que o Grupo Odebrecht, por meio de contas ocultas no exterior em nome das offshores Klienfeld e Innovation, já investigadas por pagarem propinas para Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, transferiram para a Shellbill US$ 3 milhões, entre 13 de abril 2012 e 8 de março de 2013, "valor sobre o qual pesam indicativos de que consiste em propina oriunda da Petrobras que foi transferida aos publicitários em benefício do PT", diz o MPF.

Mandados
A 23ª fase da Lava Jato tem 51 mandados ao todo, dos quais 38 são de busca e apreensão, dois de prisão preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva – quando os presos são obrigados a prestar depoimento.

Participaram da ação 300 homens da PF. Na Bahia, a operação é realizada nas cidades de Salvador e Camaçari. No Rio de Janeiro, na capital, em Angra dos Reis, Petropolis e Mangaratiba. Em São Paulo, além da capital, a operação foi às cidades de Campinas e Poá.

A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. Os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba.
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