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Sexta-feira, 02 de agosto de 2024

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Leitores eletrônicos de tela grande podem salvar jornais

O iPod ajudou a conter os prejuízos do setor de música. O Kindle deu motivos para otimismo às editoras de livros em crise. Agora, o setor de jornais e revistas, devastado pela recessão, está procurando pelo seu salvador, na forma de aparelhos de leitura eletrônicos dotados de telas grandes.


Diferentes dos celulares de tela pequena e de aparelhos como o Kindle, criados para exibir textos de livros, os novos dispositivos, com telas do tamanho de uma folha de papel comum, poderiam apresentar boa parte do conteúdo editorial e publicitário dos periódicos tradicionais no mesmo formato em que estes aparecem no papel. E isso poderia ser uma maneira de convencer os leitores a pagar por esses periódicos algo que relutam em fazer por suas versões na web.

Essa forma de leitura eletrônica deve chegar ao mercado no ano que vem oferecida por diversas empresas, entre as quais a News Corp., a editora de revistas Hearst e a Plastic Logic, uma empresa iniciante mas bem financiada que espera começar a produzir jornais eletrônicos antes do final do ano, em uma fábrica em Dresden, na Alemanha.

Mas é a Amazon.com, fabricante do Kindle, que parece liderar o esforço de resgate eletrônico das empresas de mídia tradicional. A Amazon.com planeja ainda esta semana, dizem pessoas familiarizadas com os planos da gigante do varejo online, introduzir uma versão maior de seu leitor eletrônico sem fio Kindle, adaptada para leitura de jornais, revistas e talvez livros escolares.

Um porta-voz da Amazon.com não quis comentar, mas algumas organizações noticiosas, entre as quais o New York Times, devem estar envolvidas na produção do aparelho, de acordo com pessoas conhecedoras dos planos. Uma porta-voz do jornal, Caroline Mathis, disse que não comentaria sobre o relacionamento entre sua empresa e a Amazon.com.

Os aparelhos da Amazon.com e de outros fabricantes oferecem uma proposição quase irresistível ao setor de jornais e revistas. Permitiriam que as editoras economizassem milhões em custo de impressão e distribuição de suas publicações, exatamente no negócio em que seus negócios estão sofrendo pressão muito intensa.

"Estamos contemplando essa perspectiva com grande interesse", disse John Ridding, presidente-executivo do Financial Times, jornal inglês criado 121 anos atrás e conhecido por ser publicado em papel de cor rosada. "O duplo problema da recessão e da transição para a internet gerou uma urgência que nos levou, com toda razão, a concentrar as atenções nesses aparelhos."

Talvez o mais interessante sobre essa nova modalidade de aparelho é a oportunidade que oferecem às companhias jornalísticas de repensar suas estratégias em um mundo digital que evolui rapidamente. A decisão dos jornais e revistas de oferecer seu conteúdo gratuitamente na web é agora vista por muitos observadores como um erro crucial, que encorajou leitores a deixar de pagar pelas versões em papel. E as companhias jornalísticas descobriram que não estavam preparadas para enfrentar o rápido declínio em sua receita de publicidade com as publicações em papel, nos últimos meses.

É possível que o setor utilize os novos leitores portáteis como forma de retornar à estaca zero e de alguma maneira retomar o seu modelo de negócios original: vender assinaturas e ampliar sua receita por meio de publicidade veiculada em companhia dos artigos.

A versão atual do Kindle provou que isso é possível, ainda que de forma limitada. Mesmo que sua tela em branco e preto de seis polegadas tenha sido criada basicamente para a leitura de livros, a Amazon.com oferece aos proprietários do aparelho assinaturas de mais de 58 jornais e revistas, entre os quais o New York Times, Newsweek e Wall Street Journal.

Os assinantes recebem atualizações uma vez por dia, por meio de uma rede de telefonia móvel. A Amazon.com e os grupos jornalísticos envolvidos se declaram satisfeitos com os resultados, embora não tenham divulgado números sobre as vendas de assinaturas.

Apesar das esperanças que os grupos jornalísticos depositem nos aparelhos eletrônicos de leitura, terão de enfrentar algumas deficiências já desde o começo. A maioria deles usa tecnologia da E Ink, uma empresa de Cambridge, em Massachusetts, fundada em 1997 para desenvolver tecnologias criadas pelo Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), cujo objetivo era produzir telas de baixa espessura capazes de reproduzir a legibilidade do papel comum, com o uso do mais baixo volume de energia possível.

As telas que equipam o Kindle e o Sony Reader não permitem imagens coloridas ou vídeos, e atualizam imagens em ritmo mais lento que as telas tradicionais de computador. Isso faz com que os profissionais do segmento de revistas, especialmente, reservem suas esperanças até que a tecnologia da E Ink apresente maiores avanços.

Outro obstáculo é que alguns fabricantes dos aparelhos de leitura eletrônica, como a Amazon.com, desejam definir por sua conta os preços de assinatura de publicações, e controlar o relacionamento com o assinante ¿algo a que grupo de mídia como a editora de revistas Condé Nast objetam. Já outros fabricantes de aparelhos, como a Plastic Logic e a Hearst, afirmaram que adotarão abordagem mais aberta e permitirão que as companhias jornalísticas se relacionem diretamente com os leitores e definam os preços de assinatura para suas publicações.
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