O delegado de Chapada dos Guimarães, João Bosco, responsável pelas investigações da morte da jovem Eiko Uemura, afirmou no início da noite de hoje, logo após o fim do depoimento de Sebastião Carlos, que o advogado e amante de Eiko provavelmente será chamado para depor mais uma vez.

“Nesse depoimento Sebastião Carlos esclarece muitos pontos, mas ainda existem algumas dúvidas”, afirma Bosco. Uma das dúvidas é em relação à quantidade de jóias furtadas da casa de Gisselma Uemura e a data em que foram retiradas de lá. Há contradições nesse assunto entre os depoimentos de Sebastião e da babá da casa de Gisselma. “Ou a empregada está mentindo, ou Carlos ainda está mentindo”, afirma o delegado.

Ao terminar seu depoimento, no fim da tarde, Sebastião Carlos Araújo Prado disse apenas que não tem nada a ver com a morte da jovem Eiko e que ratifica tudo que seu advogado, o criminalista Ulisses Rabaneda, diz. Rabaneda informa que o depoimento foi bastante tranqüilo. “Foi bastante produtivo e esclareceu tudo para o delegado”, diz Ulisses. Ele acredita que, a partir de agora, as investigações apontam para o caminho que mostra que seu cliente não tem nenhum envolvimento com a morte da sobrinha de Uemura.

O advogado de Sebastião informa ainda que seu cliente não esteve em Chapada dos Guimarães na noite em que Eiko morreu. “Ele teve uma reunião no condomínio e depois passou a noite toda com a esposa”, conta Ulisses.

A esposa de Sebastião Carlos será interrogada na manhã desta quarta-feira, na delegacia de Chapada, a partir das 8 horas. Segundo ele, a esposa teria sido a pessoa que atendeu a última ligação que Eiko fez ao celular de Sebastião, às 21:05 horas da noite de terça-feira, 28 de abril. O delegado responsável pelo caso diz que vai solicitar a quebra do sigilo telefônico de Carlos Prado.

Outro ponto contraditório a ser esclarecido é sobre a duração do relacionamento entre Eiko e Sebastião. A babá disse em seu depoimento que Eiko tinha passado parte do dia de sua morte muito triste, chorando bastante, dizendo que seu namorado havia terminado com ela. Já Carlos afirma que não houve um término no relacionamento.

Sobre a procuração que Eiko fez a Sebastião (e que não chegou a ser assinada por impedimento de uma amiga da estudante), o advogado explica que a jovem queria ser defendida por ele, utilizando seus serviços de advogado. A procuração, no entanto, dava poderes a Carlos Prado para “gerir e administrar seus negócios com amplos e ilimitados poderes”. No documento, Eiko daria poderes ilimitados a seu amante, para realizar qualquer ação, de qualquer espécie, em seus negócios e patrimônio.

O delegado João Bosco diz que, com as provas reunidas até agora, ainda acredita na hipótese de suicídio, mas não descarta outras possibilidades. O laudo da perícia indicando se Eiko estava viva ou morta ao cair do Portão do Inferno deve sair em cerca de 10 dias e poderá dar novos rumos às investigações.

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