Foi em clima de paz e serenidade que família e amigos se despediram da advogada Bianka Lorena da Rocha Capilé, falecida na madrugada de terça-feira (15), após luta contra o câncer. Durante o velório nesta quarta-feira (16), todos fizeram questão de lembrar o exemplo de força de vontade da jovem de 33 anos, que, mesmo com as complicações da doença, mantinha um blog para compartilhar mensagens de esperança com pessoas em situação semelhante.

Aos 96 anos, o avô da jovem, João Augusto Capilé Júnior, lembrou que teve uma ligação muito forte com Bianka desde o nascimento da neta. O contato não se rompeu nem quando ela se mudou para Goiás e depois para São Paulo, onde fazia o tratamento.

“Nós trocávamos muitas cartas. Eu mandava muitas cartas chorosas para ela. Com a idade, fui ficando mais sentimental”, admitiu o avô durante a despedida.

Miriam Capilé, mãe de Bianka, apenas agradeceu à filha pela lição de vida deixada e a todos os parentes e amigos que oraram e que agora estão se solidarizando e passando calor humano. O pai, Osmar Capilé, relembrou a luta da filha pela vida. “Ela nunca se deixou abater”, afirmou.

O pai lembra que na véspera do falecimento a jovem pediu para dar uma volta pelo hospital, ocasião em que tirou fotos com a equipe médica, como se fosse uma despedida.

“Ela sempre lutou até o fim. Eu sempre disse: ‘Bianka, você é uma pessoa especial’. E ela me dizia que não queria ser ninguém ‘especial’, mas ela era. Ela lutou até o último minuto”.

“O mais impressionante é que a Bianka sempre foi uma pessoa muito meiga, mas na luta pela vida ela sempre foi muito forte. Ela era uma fortaleza, não se deixava abater e ainda era muito vaidosa. Durante o tratamento, fez luzes, usou peruca, se maquiava, não se abatia”, lembrou a prima, Mônica Capilé.

História interrompida

No próximo mês, Bianka completaria quatro anos de casada. O câncer interrompeu o relacionamento com Charbel Chalala Issa. “Conheci ela com 16 anos, e a gente só se reencontrou 10 anos depois”, emociona-se o marido. Após o casamento, Charbel e Bianka foram morar em Goiás e posteriormente em São Paulo, por conta de uma oportunidade profissional dele. A ida para São Paulo coincidiu com a descoberta da doença.

“Amanhã faz um ano e meio que pegamos o primeiro laudo médico com a doença”, rememora. Em São Paulo, Bianka teve o melhor tratamento possível, diz o esposo.

“Gostaria de citar os nomes dos médicos que cuidaram dela, como a oncologista Nise Yamaguchi, o doutor Sílvio, doutor Fernando Abrão, o doutor Riad Younes que foi o primeiro cirurgião dela”, relembra. “Essa equipe deu uma sobrevida e uma qualidade de vida a ela”, reconhece.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso, Cláudio Stábile, também se despediu de Bianka. “A advocacia perde muito”, lamentou. “Bianka é um exemplo para todos nós. Exemplo de perseverança, de batalha, de amor pela vida", completou.

A jovem era irmã do conselheiro estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Fábio Capilé. "Era uma pessoa iluminada, que sempre conquistou muitas amizades. Ela tinha uma capacidade incrível de envolver as pessoas", rememorou o irmão.






Atualizada às 17h30

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