01 Mar 2009 - 10:56
AE
Segundo Pena, havia 200 inquéritos na delegacia sobre bingos e caça-níqueis. Dependendo do tamanho da casa de jogo, a propina era de R$ 20 mil a R$ 200 mil mensais, sempre em dinheiro. O suposto mensalão da polícia era cobrado para que os inquéritos não fossem adiante. Uma parte ficava com seus chefes. Outra seria levada por Pena a Malheiros Neto. Pelo serviço, Pena recebia R$ 4 mil por mês.
Pivô do maior escândalo de corrupção policial da atual gestão da Segurança Pública, Pena fez um acordo de delação premiada. O homem que se diz amigo do ex-secretário adjunto da pasta Lauro Malheiros Neto, a quem ele acusa de montar um esquema de corrupção, afirma que os policiais corruptos continuam recebendo propina mesmo depois de presos. Por causa das acusações, o diretor da Corregedoria da Polícia Civil, Alberto Angerami, pediu a transferência de Pena do presídio da Polícia Civil para o Presídio do Tremembé - o que ocorreu anteontem. Se continuasse entre seus pares, Pena podia ser morto.
Ameaças
O depoimento de Pena começa com a descrição das supostas ameaças que o policial teria recebido. Pena disse que estava no presídio quando foi procurado por um delegado da região de Mogi das Cruzes com quem esteve preso. O delegado teria dito que era melhor o investigador não fazer a delação e teria afirmado que era “uma pessoa muito influente e tinha acesso às entradas e saídas do declarante do presídio”. O delegado ainda perguntou quanto Pena “queria ganhar para não delatar”.
Chefe do investigador Augusto Pena no Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic), o delegado Fábio Pinheiro Lopes nega que tenha montado um esquema de arrecadação de propina, conforme acusações feitas pelo ex-subordinado ao Ministério Público Estadual (MPE). Segundo o delegado, Pena se tornou seu desafeto após ter sido removido da 3ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG) do Deic. Na época, o investigador era alvo de um inquérito por furto de uma carga de Playstation apreendida pela DIG. “Ele se recusava a depor e mandamos uma série de ofícios pela nossa intranet”, conta Lopes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.