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Terça-feira, 25 de junho de 2024

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Coronel da PM defende que Corregedoria acompanhe treinamentos do Bope; dois seguem hospitalizados

Foto: Katiana Pereira/Olhar Direto

Coronel da PM defende que Corregedoria acompanhe treinamentos do Bope; dois seguem hospitalizados
Com mais de trinta anos de atuação na Polícia Militar, parte deles a frente do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), um coronel da reserva remunerada ouvido pelo Olhar Direto avalia que é urgente a necessidade de que membros da Corregedoria da instituição acompanhem os treinamentos realizados pela unidade militar na intenção de evitar que ocorrências graves ocorram e até crimes sejam cometidos pelo 'exagero'.


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A avaliação foi tecida após episódio registrado na última segunda-feira, 9, em uma pré-seletiva para o Curso de Operações Especiais (Coesp) que resultou na internação de três oficiais da instituição -  sendo que dois deles,  os tenentes Carlos Scheifer e Victor Hugo Marques ainda permanece internados no Hospital Jardim Cuiabá. O Coesp é constituído por atividades que agregam  disciplinas práticas e teóricas envolvendo ações táticas, paraquedismo, montanha e patrulha rural e urbana. 
 
“Existe toda uma crença que se acentuou  - com os filmes Tropa de Elite 1 e 2 -  quanto a se tornar um policial do Bope, mas é necessário  saber o que é capacitação e o que é tortura. É claro que um policial que vai permanecer aquartelado, que será empregado somente para situações extremas deve passar por intenso treinamento. É necessário que ele [policial] tenha equilíbrio físico e mental, mas abusos são cometidos. Não são raros os casos, por exemplo de policias que têm o tímpano perfurado. Independentemente da patente, mesmo que o oficial da Corregedoria seja de menor patente que o instrutor, em caso de um crime, a prisão é imediata",  desabafa o militar.
 
Negociações para liberação de reféns, incursões em regiões inóspitas, intervenções em  roubos a bancos, situações que envolvam invasão em unidades prisionais são algumas dos episódios descritos para atuação da unidade especial, assim como atuação por medidas contra bombas e terrorismo.
 
 “Há uma mistura das atividades policial e o treinamento do Exército. O policial deve receber uma qualificação condizente já que serão empregados em episódios extremos. O treinamento  chega a exaustão, sim. Não existe nenhum exercício delegado que não seja respaldado em um estudo. As atividades aplicadas possuem uma finalidade definida e comprovação científica, mas o questionável são os limites empregados sob pena de novas vítimas, como no caso do soldado Abinoão”, pondera o militar.
 
Com treinamento no Brasil e fora do país, o coronel conta que passou por situações ‘delicadas’ com direito a tapa no rosto, exposição à fome, sede e frio,para poder manter o equlíbrio e resistir as distintas situações, mas avalia que apesar do capacitação mais intensa: “no final somos todos policiais militares, sem distinção”.
 
Quadro de saúde
 
A assessoria da Polícia Militar de Mato Grosso informou que os dois policiais militares (Marques e Scheifer)  ainda continuam em observação. Marques permanece na UTI e Carlos Scheifer para enfermaria da unidade hospitalar. Um terceiro oficial, Everton Bespalez foi medicado e liberado ainda na tarde de segunda, 9. Os três foram socorridos após apresentarem quadro de hipoglicemia, hipotensão, hipertemia e convulsões quando participavam de uma corrida de dez quilômetros na região do Rodoanel em Cuiabá. Os três homens foram socorridos pela diretoria de saúde da PM e, posteriormente, encaminhados para a Unidade de Atendimento Médico da Morada do Ouro (UPA) e depois para o Hospital Jardim Cuiabá.  Marques,lotado no Batalhão de Operações Especializado, tem quadro de saúde mais grave e permanece sob forte sedação. 
 
Treinamento
 
Procurada pela reportagem sobre a metodologia empregado nos cursos de formação da Polícia Militar,  a assessoria da Polícia Militar informou que, por enquanto declarações não seriam prestadas.

Por meio de nota oficial após o episódio, a  assessoria informou que toda a atividade  para a seleção do Coesp era acompanhada pela comissão avaliadora de aplicação do Teste de Aptidão Física (TAF), composta por policiais do Bope e do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cefap).  O comando geral da PM-MT determinou ainda que procedimento investigatório fosse instaurado após o episódio.
 
Também prrocurado, o  promotor Vinicius Gahyva, que atua na 13ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá, informou via assessoria, que mediante o anúncio da instituição para apuração do episódio não iria determinar a  abertura de processo investigatório. Ao término do procedimento adminstrativo instaurado pela Corregedoria do órgão iria se manifestar.
 
Tragédias
 
Essa não é primeira situação em que o treinamento militar é questionado. No ano de 2010, O soldado alagoano Abinoão Soares de Oliveira morreu quando  participava de um curso para Tripulante Operacional Multi-Missão (TOM-M), da então Secretaria de Justiça e Segurança Pública do estado (Sejusp). Ele morreu afogado durante um exercício de resistência física realizado em Cuiabá. Quatro dos 25 participantes do curso morreram. Quatro instrutores do curso foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) pelo crime de tortura e morte do soldado.
 
  Em 1998, morreram os aspirantes a vagas de oficiais da PM Sérgio Kobayashi e Evaldo Bezerra de Queiróz. Ambos morreram afogados no córrego Caramujo, em Cáceres (250 km de Cuiabá) depois de serem submetidos a treinamento por 20 horas ininterruptas dentro do curso d’água.


*Atualizada 14h03.
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