Vinte detentos de alta periculosidade integram uma lista da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos para que deixem Mato Grosso e sejam inseridos no sistema prisional federal. Boa parte do grupo possui ligações de liderança com a facção criminosa Comando Vermelho  de Mato Grosso (CV-MT), responsável por comandar um esquema de assassinatos, roubos e latrocínios em Cuiabá e Várzea Grande.  Condenado a cumprir mais de 160 anos de prisão por roubos a bancos e apontado como líder do CV, Sandro Rabelo da Silva, o ‘Sandro Louco’, é um dos possíveis ‘cotados’.
 
A superintendente de Gestão Penitenciária de Mato Grosso, Flávia Emanuelle de Souza Soares, informou ao Olhar Direto que no ano passado, oito ‘personalidades do mundo do crime’ tiveram como endereço as penitenciárias federais que adotam um sistema extremamente rígido disciplinar. Porém, como o prazo de permanência (que pode ser de um ano prorrogáveis pelo mesmo período) expirou e os presidiários retornaram. A transferência dos presos depende do aval  e disponibilidade de vagas do Departamento Nacional Penitenciário (Depen).

Atualmente quatro presídios federais no Brasil estão em funcionamento. Juntos, possuem capacidade para 208 presos e são dotados de modernos sistemas de vigilância, incluindo detectores de metais, sensores por aproximação, coleta de impressões digitais e câmeras que monitoram ambientes durante 24 horas por dia – nessas unidades prisionais, os presos devem permanecer 22 horas por dia encarcerados. Esse modelo prisional é conhecido também como 'Supermax' (em alusão aos presídios americaos) já que são inspiradas nesse modelo, com o uso ostensivo de artefatos de vigilância e a reclusão individual do preso como os pilares do sistema. 

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Investigações do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (GCCO) apontam que o Comando Vermelho atua em sete unidades: Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), na Penitenciária Central do Estado, Cadeia Pública de Várzea Grande, Cáceres,  Penitenciária Ana Maria do Couto May, Presídio Major Eldo Sá (Rondonópolis), e o Centro Socioeducativo (destinado a adolescentes). A estrutura criminosa conta com a participação de pelo menos 311 bandidos.
 
Por medida de segurança os nomes dos presos a serem transferidos são mantidos em sigilo, mas a superintendente afirmou que além do ‘remanejamento’ medidas de intervenção tecnológica estão em estudo e implantação da nova gestão.
 
Ela admite a fragilidade do sistema no que tange a bloquear o acesso de presidiários a tecnologia já que os aparelhos celulares são empregados para a coordenação das ações criminosas do lado externo das unidades prisionais. E pontua que a instalação de um sistema de monitoramento com câmeras é uma das ações a serem adotadas.
 
Histórico
 
O Comando Vermelho de Mato Grosso  (CV-MT) é uma filial ‘independente’ da facção criminosa Comando Vermelho do Rio de Janeiro, que na década de 90 foi uma das organizações mais poderosas do ‘mundo do crime’.
Já em MT, a organização nasceu em 2012 - sendo gerenciada por Sandro Louco, Renato Sigarini, Miro Arcangelo de Jesus e Renildo Silva. Somadas, as penas dos criminosos chegam a 365 anos de cadeia.  A investigação sobre o esquema iniciou-se nesse em dezembro de 2013 depois de uma tentativa de explosão ao muro da penitenciária da Penitenciária Central do  Estado (PCE).
 
Na última semana, a Polícia Civil desencadeou a segunda fase da Operação Grená para combater o grupo. Foram realizadas 19 prisões,  35 mandados de busca e apreensão cumpridos e 109 medidas de restrições judiciais foram aplicadas.