O secretário do Gabinete de Projetos Estratégicos, Gustavo de Oliveira, admitiu que o governo estadual pode desistir das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande. O motivo seria a dificuldade financeira e a incerteza se o modal resolverá o problema de mobilidade urbana na capital. Ele garantiu, porém, que essa possibilidade ainda não está sendo trabalhada e que, antes, serão esgotadas todas as opções possíveis de obtenção dos recursos necessários para bancar a obra.

“Ainda não trabalhamos com a possibilidade de desistir. Mas se o VLT não tiver viabilidade econômica, vamos ter que arranjar outra alternativa. Desenhar uma nova rede de transporte coletivo. Nesse ponto em que o VLT está, nenhuma decisão é fácil. O que não pode é ficar assim. Temos que encontrar uma solução. O objetivo principal não é fazer o VLT, mas ter um transporte público de qualidade”, declarou o secretário, em entrevista nesta terça-feira (7), após prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as obras da Copa.

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Gustavo de Oliveira negou qualquer intenção de retomar o projeto de corredores de ônibus pelo sistema Bus Rapid Transit (BRT) definido no governo Blairo Maggi (PR), e abandonado na gestão de Silval Barbosa (PMDB). Ele afirmou que, em caso de desistência do VLT, outro projeto de mobilidade será pensado. No entanto, o secretário destacou que tanto o BRT projetado para a capital mato-grossense, com duas faixas exclusivas em cada sentido, como o VLT que está em execução são adequados para a demanda de passageiros existente.

“Não é possível pensar em reverter as obras do VLT para o projeto original de BRT, porque são modais completamente diferentes. Mas podemos ter algum tipo de BRT, não só nesse trecho, mas em outros trechos. Com o desenho da rede de transporte coletivo completa, podemos tomar as decisões. Não é só uma questão de valores. É ver se isso resolve o problema da mobilidade. Senão vamos gastar um dinheirão no VLT e muita gente vai continuar circulando de carro ou de ônibus”, disse.

PPPs

A estimativa do governo é que, além do R$ 1,47 bilhão já contratado, algo em torno de R$ 500 milhões a mais tenham que ser aportados para concluir a obra. E, no que depender do governador Pedro Taques (PDT), esse recurso não sairá do Tesouro Estadual, já que o VLT não é considerado prioridade – ele vem afirmando que serviços essenciais como saúde e segurança são mais importantes. Por isso a dificuldade em levar adiante as obras do modal.

“A determinação do governador é para nós viabilizarmos o término da obra do VLT. Mas há outras necessidades da população. Existem outras prioridades sociais mais urgentes. Esses R$ 500 milhões serão melhor aplicados de que forma?”, observou o secretário. Outra dificuldade é o fato de nenhuma das 22 obras inacabadas da Copa ter orçamento previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2015. 

Gustavo informou que, a princípio, o plano é dividir a obra do VLT em fases para que o desembolso anual seja menor, de modo que esse meio bilhão não seja gasto de uma só vez. De qualquer forma, o governo planeja buscar investimentos privados para bancar a obra, como a realização de uma Parceira Público-Privada (PPP).

“A ideia é principalmente tentar atrair investimentos privados. Queremos outras estratégias para usar muito pouco ou nenhum dinheiro público para concluir o VLT. Não há como fazer uma obra dessa magnitude só com recursos do estado. PPPs são uma boa alternativa para obras desse porte, mas o momento econômico pelo qual estamos passsando não é favorável a isso”, afirmou.