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Segunda-feira, 19 de agosto de 2024

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Teme corporativismo

Mãe de aluno soldado acredita em excessos de tenente e diz que espera apuração justa para os dois lados

Foto: Reprodução

Mãe de aluno soldado acredita em excessos de tenente e diz que espera apuração justa para os dois lados
Em depoimento que durou mais de oito horas, Jane Patrícia Lima Claro, mãe do aluno soldado do Corpo de Bombeiros Rodrigo Claro, morto depois de um treinamento na Lagoa Trevisan, confirmou os relatos do filho com relação a uma postura mais rígida da Tenente Isadora Ledur. Ao Olhar Direto, ela disse acreditar que a militar tenha cometido excessos, mas que não a condenará sem que o caso seja esclarecido pela corregedoria da instituição ou pela Polícia Civil, onde dois inquéritos são apurados. Ela e o marido foram ouvidos pelas duas instituições no sábado (26).


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“Muitas coisas eu só soube agora. O Rodrigo era muito calado, então ele me poupou de saber desses problemas com os treinamentos. Hoje por exemplo que fui saber dos tais “caldos” pelos quais os alunos passam. Não estou afirmando que a tenente seja responsável pelo que aconteceu, não estávamos lá. Por isso queremos que tudo seja esclarecido. Mesmo que demore, que seja bem-feito, pra que não haja injustiça para nenhuma das partes”, disse.

Jane também contou temer que o corporativismo seja usado como fator de intimidação às testemunhas. “Temos esse medo sim, mas até o momento não houve nenhum rumor de que alguém esteja sendo intimidado. As testemunhas tem colaborado bastante, dando apoio para que cheguemos a verdade.” A acusada não se pronunciou sobre o caso e também não conversou com a família.

De acordo com ela, Rodrigo apresentava maiores dificuldades nas atividades aquáticas,assim como parte do grupo do 16º Curso de Formação, do qual ele fazia parte. Por este motivo, Ledur teria pressionado o rapaz. À época da morte, prints de uma conversa com sua mãe no Whatsapp mostram que Rodrigo estava apreensivo com o exercício. “Ten. Tá pegando no meu pé e hoje ela vai ta lá por isso fico com medo (Sic)”, dizia a conversa.

Com relação ao estado de saúde do filho, ela afirma que nenhum problema havia sido constatado. “Uma médica de Tangará da Serra acompanha nossa família há muito tempo e nunca foi constatado nada com ele. Além do mais, para a admissão no curso ele passou por uma bateria de exames de vários tipos, que também não detectaram nada. No dia do treinamento, ele almoçou com o pai, como sempre faziam e ainda comentou que ia comer pouco porque ia pra água. Esse foi o último contato entre eles.”

Desde o exercício, realizado no dia 10 de novembro, os relatos das testemunhas à família não apresentam divergências. Todos alegam que Rodrigo se sentiu mal, com dor de cabeça, e voltou sozinho para o Batalhão, onde deixou sua moto e deu entrada na Policlínica do Verdão. 
 
Olhar Direto teve acesso ao prontuário de entrada do aluno bombeiro Rodrigo que mostra que o jovem apresentava pressão arterial normal, e que se queixava de dor de cabeça e náusea. O documento também aponta para queixa de calafrios após o mergulho e temperatura normal, sem sinais de afogamento.

O primeiro laudo de necropsia, realizado pelo Instituto Médico Legal (IML), foi considerado como inconclusivo para a causa da morte. Deste modo, um novo exame é aguardado para que o motivo seja constatado. Ao Olhar Direto, o advogado da família, Júlio Cesar Lopes adiantou que em uma análise médica preliminar foi apontado um sangramento no cérebro, mas que o ferimento não configurava com aneurisma.
 
O coronel Júlio Cezar Rodrigues explicou que antes que alunos sejam aprovados para a curso, são realizados exames médicos para manutenção da saúde dos inscritos. No entanto a avaliação não pode diagnosticar alguns problemas congênitos, por exemplo. Também não são exigidos exames como a tomografia computadorizada, que poderia detectar possíveis propensões a acidentes cerebrais. “Temos também teste de aptidão física, onde são feitos exercícios físicos básicos e psicotécnico.”
 
Em entrevista coletiva realizada na segunda-feira (20) ele informou que, com relação à seleção dos treinadores ele afirma que são escolhidos os profissionais mais capacitados, tanto em habilitações físicas quanto de conhecimento técnica. Assim, todos estariam prontos para ministrar o curso, que segue agora sobe nova coordenação.

O caso 

Rodrigo ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e faleceu por volta de 1h40 da quarta-feira (16). Ele teria sido dispensado no final do treinamento, após reclamar de dores na cabeça e exaustão. O Corpo de Bombeiros informou que já no Batalhão ele teria e queixado das dores e foi levado para a policlínica em frente à instituição.

Ali, sofreu duas convulsões e foi encaminhado em estado crítico ao Jardim Cuiabá, onde permaneceu internado em coma. O corpo de Rodrigo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal, mas análise preliminares não apontaram a real causa da morte e por isso exames complementares serão realizados, de acordo com a perícia criminal.
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