Olhar Direto

Domingo, 18 de agosto de 2024

Notícias | Cidades

perspectivas

Terra hospitaleira, Cuiabá completa 298 anos e moradores relatam sonhos para um futuro melhor

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Terra hospitaleira, Cuiabá completa 298 anos e moradores relatam  sonhos para um futuro melhor


Rumo ao Paço Municipal, no cenário que rodeia a Matriz e compõe o antigo cartão postal da cidade, o bate perna desritmado do cotidiano delimita o mais honesto recorte cuiabano. No Centro, pela Getúlio Vargas, caras mais ou menos apressadas se cruzam em suas mazelas e alegrias, compartilhando, em pausa breve pausa pelo caminho, seu olhar sobre o futuro. Diante de si, a pergunta vaga aflora o ânimo. Precedidos por um fôlego rápido,  brotam sem dificuldade ou medo do clichê prospecções unânimes, desejos utópicos: "Como é Cuiabá que você sonha?" 

Leia mais:
Minhocão do Pari, Negrinho D'Água, Procissão das Almas: Conheça as 'lendas urbanas' de Cuiabá

Pelas calçadas, à sombra, edifícios novos e velhos, as praças testemunham anseios de uma capital  que seja mais justa, inclusiva, e bem administrada. Um lugar acessível para a técnica em desenvolvimento infantil Cleosita Gomes da Conceição, portadora de deficiência física. “Espero que Cuiabá tenha mais mobilidade pra nós que temos necessidades especiais. Eu mesma já levei muito tombo em calçada com buraco. Quando você menos espera, já caiu. É mais uma questão de respeito do que de inclusão. Olha essa praça... já caí várias vezes aqui. " 


Com ruas mais seguras para as quatro amigas que esperam pelo ônibus depois da escola, todas, assim como Cleosita, nascidas aqui. A pedido das colegas, Laila Rezende, de 12 anos, fala por todas sobre o medo de ser assaltada, assunto pelo qual, interrompeu a brincadeira. Junto a ela, Maria Eduarda coplementa: “Minha mãe não sabe se ela me dá o celular pra poder falar comigo, ou se tira, com medo de me roubarem.” “A minha já nem me deixa sair de casa”, retoma a primeira. 

Diferente delas, outros como o autônomo Valtenir, 42, e o aposentado Nelson Tavares da Silva, 68, chegaram em busca de oportunidade e, na acolhida dos moradores de chapa e cruz, encontraram morada, fizeram família e compartilham as percas e ganhos de quem luta por uma vida melhor. Como os aqui nascidos, nutrem o carinho pela terra que os recebeu, mantendo a esperança de que o futuro reserve melhoras para a cidade a qual escolheram para amar.  


Ao lado da banca na qual vende queijo caseiro, o vendedor conta ter chegado aqui em 2002, transferido de emprego. Morador do Pedra 90, deixou a empresa há dois anos para poder ficar mais tempo na cidade. Desde então atua na Praça Alencastro, de onde acompanha o movimento e reproduz o apelo geral do cidadão, reforçado pelo idoso, que deixou o interior de São Paulo para progredir junto com a cidade, onde criou os filhos.  “Eu sou muito mais cuiabano do que paulista. Essa cidade virou meu berço, eu adoro esse lugar. Graças a Deus fiz minha vida aqui e estou bem. Pra Cuiabá, eu gostaria de um governador e um prefeito que prestem e que todos os políticos fossem honestos.” 

Para o casal Alda de Lourdes Lima, 57 e Bento de Souza Oliveira, 84, mudanças na saúde e na segurança são as maiores urgências do município. Moradores do bairro Dom Aquino, eles lembram que a população vem sofrendo também com o excesso de buracos nas ruas. Juntos, lembram que também é papel da população fiscalizar, cobrar e manter a atenção principalmente no período das eleições. “A melhor maneira de cobrar é nas eleições, dando um voto de mudança total”, diz a mulher. 

Sem muita fé na política, Gelson Ferreira dos Santos, de 37 anos, lembra o que lhe faz gostar daqui, emendando na mesma toada sua reivindicação. “O que eu mais gosto é do trabalho, tanto do trabalho quanto a convivência. Meu modo de lidar é com o público de forma geral, mas devido a falta de segurança isso incomoda muito. O que eu espero pro futuro de Cuiabá é que a cidade melhore, principalmente na segurança pública. A gente sabe que a criminalidade a cada dia mais aumenta. Da minha parte creio que está faltando isso pra população. Esse prefeito que começou agora, o Emanuel Pinheiro, eu sei que é a primeira vez dele, mas ainda não é o bastante, tem que trabalhar mais. Pelo menos não vai aumentar a tarifa de ônibus.” 

Sob o sol do alto do meio dia, as testas molhadas refletem o calor que anuncia a capital Brasil a fora. Fama acompanhada pela "quentura" da receptividade, testada e atestada pelos milhares de paus rodados que constroem junto aos cuiabanos sua identidade múltipla, enriquecida por sabores e sotaques que sô se vê por aqui. Como no Centro, por entre a historia concretada da Capital, são as pessoas que circulam e dão vida a um organismo em constantes expansão. Afinal, que cara teria a cidade se não fosse este povo?

Os desejos, ao contrário das histórias, parecem mudar apenas na entonação e, de modo geral, os obrigam a destacar o óbvio. As deficiências na saúde, educação, na limpeza e conservação das ruas e calçadas , se repetem a cada parada. E assim, sob a expectativa de melhoras, segue o dia com suas figuras, diversas em suas trajetorias, semelhantes por seus anseios.  
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

Sitevip Internet