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Terça-feira, 13 de agosto de 2024

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SEM PISTAS

Pai adotivo de menina raptada por mãe biológica diz que criança passava fome

No detalhe: A mãe biológica, Gleice Mara Dias

No detalhe: A mãe biológica, Gleice Mara Dias

O servidor público de Mato Grosso do Sul João Gomes Carvalho, pai adotivo da pequena Maiza Valentina Matos Camargo, de 6 anos, ainda busca pistas sobre o paradeiro da filha. A menina foi raptada pela mãe biológica, Gleice Mara Dias, no último dia 30 de junho, em Bela Vista (MS), durante uma visita que havia sido autorizada pela Justiça.


A mulher decidiu não devolver a criança aos pais adotivos e teria fugido para Rondonópolis (a 235 km de Cuiabá). O pai disse que quer sua filha de volta e que quando recebeu a criança da mãe, a menina tinha muitos sinais de maus tratos. A Polícia Civil de Mato Grosso já iniciou diligências para localizar Maiza.
 
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João Gomes Carvalho contou ao Olhar Direto que Maiza é fruto de um relacionamento entre seu cunhado e Gleice em 2012. Em 2014, quando a menina tinha dois anos de idade, o casal teria se separado e o pai não demonstrou interesse em ficar com a menina.

O servidor público disse que Gleice já tinha outras duas filhas de um antigo relacionamento, que teria entregado aos avós paternos das meninas, para que as criassem. Gleice então teria procurado João e sua família para que ficassem com Maiza.

“Ela disse que nos escolheu para cuidar dela porque Maiza era nossa sobrinha. Conversamos por duas semanas sobre isso, porque ela tinha se separado do meu cunhado e ele não iria ficar com a criança e ela também não porque disse que iria embora para Portugal".

"Eu disse para ela que não queria, porque já tenho dois filhos e quem deveria cuidar são os pais. Mas aí ela disse que iria para Portugal e se não ficássemos com a Maiza, ela iria passá-la para a primeira família que quisesse. Falou para mim, para as filhas dela, para os filhos do meu cunhado. Eu conversei em casa com minha família e resolvemos pegá-la, desde que viesse com toda a documentação”, disse o pai.

Em março de 2014 a Justiça concedeu a guarda provisória de Maiza para João e sua esposa. O servidor disse que quando recebeu a menina, ela estava com muitos sinais de maus tratos.

“Chegou debilitada, com um problema no pé, que depois viemos a descobrir que era um caco de vidro. Tinha todas as unhas da mão roídas, até sangrava. Não tinha roupas, a Gleice disse que ela não comia e não dormia bem, que fazia inalação duas vezes por dia. Fomos a Campo Grande buscá-la, levamos ao médico, compramos roupas, cuidamos dela. A Maiza comia muito, como se estivesse passando fome. Não perguntava pela mãe ou pelo pai, até levamos a uma psicóloga para ver o porquê disso, ainda mais ela chegando no meio de pessoas estranhas, porque nós só a conhecemos no dia que a pegamos”.

No entanto, em outubro de 2014 Gleice procurou novamente João e sua família, dizendo ter interesse em ter sua filha de volta, porque sua viagem para Portugal não havia dado certo. O pai adotivo se recusou a entregar a menina.

“Ela tinha vindo já para levar a Maiza embora, mas eu falei que não iria deixar, nós já tínhamos a guarda dela, era nossa responsabilidade. Falei para ela entrar no processo e pedir a revogação da guarda, e se o juiz achar por bem ela levaria a Maiza, e foi isso que ela fez”.

Gleice entrou com o pedido de revogação da guarda, mas a Justiça negou e manteve a guarda definitiva com João. A mãe biológica então entrou com recurso pedindo a guarda definitiva, mas ainda aguarda o julgamento definitivo. João disse que já há um parecer do Ministério Público favorável à manutenção da guarda da menina com os pais adotivos.

Sem esperar a decisão da Justiça sobre a guarda de Maiza, Gleice procurou a advogada Ingrydys Hananda Mingoti e entrou com uma ação para fazer a regulamentação de visitas, que foi concedida. Gleice foi autorizada a fazer visitas nos finais de semana e feriados.

João, no entanto, questionou que não foram definidos dias ou quantos finais de semana por mês Gleice teria direito para passar com a filha. Porém, antes que a Justiça apreciasse o pedido, a advogada de Gleice agendou a visita.

No último dia 29 de junho Gleice chegou com sua advogada em Bela Vista e buscou Maiza para passarem um final de semana juntas. Os pais adotivos confirmaram que Gleice, de fato, se hospedava na pousada onde disse que ficaria e confiaram. Durante o sábado (30) ele ainda disse que vários amigos da família viram Maiza passeando com Gleice pela cidade.

No domingo (1), porém, dia em que Gleice deveria devolver Maiza aos pais adotivos, as duas já não estavam mais em Bela Vista. João disse que aí começou a angústia de sua família.

“Imediatamente eu liguei para a advogada, ela me atendeu e disse que estava em Rondonópolis, estranhei porque no sábado a noite ela estava aqui e no domingo já estava em Rondonópolis. Eu perguntei onde estavam Gleice e Maiza, ela disse que deixou elas aqui com orientação de entregar aqui em casa. Eu disse que tinha toda informação que elas tinham ido embora, mas ela afirmou que não estava sabendo onde estavam, que não concordava com isso, que iria pedir para sair do processo”.

João então foi até a pousada onde Gleice se hospedou e foi informado que a mulher e a menina tinham saído no sábado a noite em um carro vermelho e não retornaram. Ele e sua família então procuraram em outras pousadas e acabaram descobrindo que a advogada de Gleice havia reservado um quarto em uma delas, dizendo ao dono da pousada que viriam alguns amigos apenas para tomar banho ali e depois seguir viagem.

O pai adotivo ouviu que um homem e um menino de 11 anos tinham chegado em um carro vermelho por volta das 21h de sábado, tomaram banho na pousada, pegaram as malas de Maiza e depois foram embora.

Os pais adotivos então ligaram novamente para advogada, mas não conseguiram descobrir o paradeiro de Gleice e Maiza. Na segunda-feira (2), a advogada ligou para João e lhe confirmou tudo o que já havia apurado. Ela ainda disse que estava saindo do caso e colocou todas estas informações na ação na Justiça.

João registrou um boletim de ocorrência e de imediato a Justiça revogou o direito de visitas que havia sido concedido a Gleice, além de representar contra a advogada junto ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados em Mato Grosso (OAB-MT).

No último dia 4 de julho João veio para Rondonópolis, onde Gleice mora, mas não conseguiu encontrá-la. Ele acionou o Conselho Tutelar de Rondonópolis e registrou um boletim de ocorrências na Delegacia Especializada de Criança e do Adolescente do município.

A Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso confirmou que foi acionada pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul pára auxiliar na investigação do caso de subtração de incapaz.

Foram realizadas diligências e ouvida uma prima de Gleice e o namorado da suspeita, que mora em Rondonópolis. O namorado de Gleice, inclusive, seria o homem que buscou a mulher e a menina em Bela Vista, mas ele nega.

Ambos informaram não saber da mulher com a criança. O núcleo de inteligência da PJC de Rondonópolis está buscando outras informações, pois até o momento não há pistas dela no município. O caso é conduzido pelo delegado Lucídio Nunes Rondon, que responde pela Delegacia Especializada de Criança e do Adolescente.


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