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Sábado, 10 de agosto de 2024

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acusada de tortura e morte

Conselho decide que Tenente Ledur pode continuar atuando no Corpo de Bombeiros

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Conselho decide que Tenente Ledur pode continuar atuando no Corpo de Bombeiros
O Conselho de Justificação do Corpo de Bombeiros Militar decidiu que a tenente Izadora Ledur de Souza Dechamps pode permanecer na ativa e continuar trabalhando na instituição. A medida refere-se a conduta da militar no caso da morte de Rodrigo Claro, registrada em novembro de 2016. Claro morreu após intenso treinamento e Ledur foi denunciada criminalmente por torturar e causar a morte do jovem.


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O Conselho é formado pelo Tenente-Coronel Lahel Rodrigues da Silva, presidente, Major Mario Henrique Faro Ferreira, interrogante e relator, e ainda o capitão Donato Coelho de Almeida, escrivão. Seu intuito é julgar se a militar pode ou não continuar na instituição. Na esfera criminal, Ledur responde por seus atos perante a Décima Primeira Vara Criminal Especializada da Justiça Militar.

Na decisão a qual o Olhar Direto teve acesso, proferida no último dia 20 de fevereiro de 2019, os integrantes do Conselho concluíram que Ledur é inocente de quatro pontos específicos da acusação, e culpada em apenas um deles.

Foi decidido que a tenente é inocente das acusações que recebeu de: não cumprir o que prescrevia o Projeto Pedagógico do Curso em relação aos objetivos da disciplina e não seguir o fiel cumprimento da ementa da disciplina; não fazer a previsão de viaturas e materiais de apoio ao salvamento aquático; liberar o aluno para se deslocar com meios próprios até a coordenação do curso, mesmo ciente que ele sentia fortes dores de cabeça; e expor de forma negativa a imagem institucional, já que o fato ganhou a mídia estadual e gerou instabilidade institucional.

A única acusação em que a Tenente Ledur foi considerada culpada pelo Conselho foi a de “exigir técnicas e habilidades que não faziam parte da ementa da disciplina e nem de técnicas de travessia de lagos e cometeu intervenções físicas desnecessárias”.

Dentre estas técnicas estão, por exemplo, dar ‘caldos’ no aluno, ‘afundar sua cabeça e jogar água nele’.

Consta nos autos que a defesa da Tenente Ledur apresentou uma série de argumentos, dentre eles: “é óbvio e normal que entre alunos e professores / instrutores sempre teve e sempre terá eterna animosidade, só anos depois é que o aluno toma consciência das coisas”; “todos os atos praticados naquele dia em face de instrução de salvamento aquático, cujos moviementos, voz ativa, voz de comando, palavras, gestos, expressões, pressões psicológicas, exercida pela instrutora Ledur, e outros jargões do meio militar, são corriqueiros no mundo inteiro, sem denotar quaisquer ferimentos à mora, à ética, ou à disciplina no meio militar”.

A defesa da tenente ainda afirmou que “o que se vê nestes autos são um bando de neófitos sem entender a técnica bombeirística expedirem a torto e a direito acusações sem fundamento”.

Por fim, eles pediram que Ledur recebesse somente uma pena disciplinar, e ainda acusaram o Corpo de Bombeiros, dizendo que ele “Acovardou-se! Apequenou-se perante à sociedade! Aviltou-se perante ao público interno! Deixou a Deus dará a coitada da Tenente Ledur! Jogada às cobras!”.

O Conselho de Justificação foi instaurado pelo governador em exercício em 2017, Pedro Taques para "oportunizar à oficial direito a defesa e ao constraditório, através de processo especial, e ao final concluir se a justificante é ou não culpada das acusações". O documento ainda explica que, "em que pese responder ou não ao processo penal militar, mediante a denúncia do MP, registrou-se residualmente indícios da prática de transgressões disciplinares por deixar de cumprir normas regulamentares". 

O caso
 

Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e faleceu por volta de 1h40 do dia 16 de novembro de 2016. Ele teria sido dispensado no final do treinamento do curso dos bombeiros, após reclamar de dores na cabeça e exaustão. O jovem teria passado por sessões de afogamento e agressões por parte da tenente Izadora ledur.
 
O Corpo de Bombeiros informou que já no Batalhão ele teria se queixado das dores e foi levado para a policlínica em frente à instituição. Ali, sofreu duas convulsões e foi encaminhado em estado crítico ao Jardim Cuiabá, onde permaneceu internado em coma, mas acabou falecendo.
 
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