O homem preso em Rondonópolis (215 quilômetros de Cuiabá), na manhã desta terça-feira (27), durante a operação ‘Harem BR’, deflagrada pela Polícia Federal com objetivo de desarticular um grupo criminoso voltado ao tráfico de mulheres para fins de exploração sexual, era o responsável por fazer o aliciamento de vítimas. Ao todo, o grupo explorou cerca de 200 pessoas do sexo feminino.
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Preso em Rondonópolis em uma casa de alto padrão e com veículos de bastante valor na garagem, o homem é apontado nas investigações como aliciador das mulheres vítimas do grupo. O nome não foi divulgado pela Polícia Federal, devido ao sigilo da sequência dos trabalhos.
Também havia contra o homem um mandado de busca e apreensão. Os agentes da PF recolheram computador, tablet, celular, caderno de anotações e outros objetos, que devem subsidiar ainda mais a investigação.
A PF explicou em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (27) que o grupo criminoso abordava as vítimas pelas redes sociais e se apresentava como representante de marca de maquiagem e produtos de beleza.
Os criminosos, então, ganhavam a confiança das supostas clientes e ofereciam para fazer ensaios fotográficos até o momento em que ofertavam emprego, quando as vítimas eram aliciadas.
Há casos de vítimas que eram privadas de seus direitos, forçadas a atender clientes além da vontade e ainda sofriam pressão para continuar no local em que estavam. Um dos casos investigados é de um estupro contra uma menor de idade aliciada e levada para a Bolívia.
Além da prisão em Rondonópolis, também foram detidas pessoas em: Foz do Iguaçu (PR), São Paulo (SP), Goiânia (GO), Espanha e Portugal. A prisão na capital paulista é do investigado apontado como o principal alvo do esquema criminoso.
A PF identificou que o grupo criminoso promoveu exploração sexual no Brasil, Paraguai, Bolívia, Estados Unidos, Catar e Austrália.
As investigações foram iniciadas em 2019, em inquérito policial instaurado com base em desdobramento da denominada Operação NASCOSTOS, que desarticulou um grupo de estelionatários que praticava fraudes pela internet, mediante a clonagem de cartões de crédito.
No curso dessa investigação (Operação Nascostos), identificou-se que algumas das compras feitas pelos estelionatários com cartões clonados foram de passagens aéreas, as quais tiveram como destinatárias duas mulheres que viajaram a Doha/Catar. Uma vez identificadas, essas vítimas de exploração sexual relataram cerceamentos de direitos a que foram submetidas nesse destino, bem como que receberam as passagens de um indivíduo que as agenciou para a prática dos atos de prostituição.
Os crimes investigados são:
1) favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável;
2) tráfico de mulheres para fins de exploração sexual;
3) falsidade material e/ou ideológica e uso de documento falso;
4) favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual.