Negociar os produtos confeccionados manualmente, de forma tímida, ficou na lembrança para dona Ina Maria Ribeiro, artesã de Lambari D’Oeste. Após participar do curso de capacitação, promovido pelo Governo do Estado em parceria com o Programa de Artesanato Brasileiro (PAB), em Cuiabá, a artesã, que trabalha com decoupagem, volta para sua região com novas idéias e uma visão muito mais empreendedora.
Durante duas semanas, Ina e mais 39 artesãos mato-grossenses participaram de atividades diferenciadas, com trocas de informações dinâmicas e voltadas para a gestão comercial. “Encontrei a forma de planejamento que estava faltando para alavancar o meu negócio. Muitas vezes, a gente vai produzindo e não tem essa noção de venda, de valorização do produto e a melhor maneira de comercializar nossas peças. Nosso trabalho é de qualidade, só precisa ter seu valor reconhecido, até mesmo entre nós que o confeccionamos”.
Assim como Ina, a doceira Mirian Petrenko, de Terra Nova do Norte, ficou entusiasmada com as novas técnicas adquiridas. “Um dos pontos mais interessantes foi a importância de criar um portfolio para divulgar os produtos. Eu não sabia que essa ferramenta tinha tanto poder para o meu empreendimento”. A artesã, que produz doce e geléias em compotas, com ingredientes inusitados como a pimenta, pretende aumentar as vendas para todo o Estado e alcançar o mercado nacional. “Minha renda mensal chega aproximadamente a R$1.000,00. Com uma produção de duas vezes semanais. Com essa nova divulgação, pretendo aumentar o número de compradores e consequentemente minha produção”.
As sementes e cocos são as principais matérias primas para Gilson Espósito, de Juína. Há 10 anos, confeccionando colares, pulseiras e outros objetos decorativos, o artesão aprendeu, nesse período, a aperfeiçoar o trabalho desenvolvido. “Além das palestras, atividades, temos a oportunidade de trocar informações com nossos colegas e ficamos mais unidos para lutar pelo nosso setor. É uma forma de valorizar o que fazemos e ampliar o mercado. Tenho produtos que chegam a Itália por meio de feiras que o Programa do Governo realiza no Estado. É muito gratificante isso”.
Para Maíra Fontenele Santana, uma das instrutoras do curso da Universidade de Brasília (UNB), os trabalhos ajudaram os artesãos a mudar a postura, atitude e sentirem mais seguros para defender seus produtos, valorizar as peças que confeccionam e tomar as decisões com mais firmeza. “Nós notamos que eles dominam as técnicas de produção. O que faltava era uma noção maior de gestão, de empreendedorismo mesmo. Eles também têm um amor muito forte pela cultura regional e isso é muito bom. Fiquei impressionada com as violas de cocho, o artesanato indígena e a força da cerâmica no artesanato mato-grossense”.
CAPACITAR PARA CRESCER
Fornecer as ferramentas aos artesãos, com o objetivo de consolidar novos mercados, faz parte do programa de capacitação do PAB, segundo a Coordenadora Geral de Micro, Pequenas e Médias Empresas do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Exterior, Maria Dorotéa Naddeo. “Mato Grosso foi um dos três locais que aplicamos esses modelos pilotos, por ter um número grande de artesãos cadastrados no PAB. A intenção, após os ajustes deste novo modelo, é trabalhar em todo o país”.
De acordo com o secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), Pedro Nadaf, a realização dos cursos é uma das prioridades do Governo para formar novos empreendedores. “Queremos que eles ampliem seus mercados, tenham essa visão comercial e aumentem sua renda”. A coordenadora do Programa de Artesanato de Mato Grosso, Elvira Maria Costa Leite, que acompanhou todos os trabalhos, disse estar satisfeita com o resultado alcançado. “Eles voltam com uma visão totalmente diferente. Conseguiram assimilar os novos conhecimentos e estão empolgados para aplicar”.
Os trabalhos de capacitação foram realizados de 24 de agosto a 04 de setembro, no Hotel Garden Global, em Cuiabá. Participaram das oficinas, cerca de 40 artesãos, representando 24 municípios mato-grossenses.
