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Domingo, 01 de setembro de 2024

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Desconfiou do comparsa

Ouça e veja conversa entre cacique e coordenador da Funai envolvidos em esquema que rendia R$ 900 mil por mês

Foto: Reprodução

Ouça e veja conversa entre cacique e coordenador da Funai envolvidos em esquema que rendia R$ 900 mil por mês
Trecho de áudio da interceptação feita pela Polícia Federal de uma conversa entre o cacique Damião Paridzané e o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Ribeirão Cascalheira (MT), Jussielson Gonçalves Silva, mostra que o líder indígena estava desconfiado de reuniões que o comparsa fazia na sede da órgão federal. Neste mesmo trecho, é explicitado que o ganho poderia chegar a R$ 1,5 milhão por mês.


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As interceptações tiveram início no dia 1º de fevereiro deste ano. Dois dias depois, Jussielson e o cacique voltam a conversar, e este diálogo explicita a situação dos arrendamentos na terra indígena. O diálogo dura nove minutos e mostra certa desconfiança da liderança indígena com o coordenador da Funai.

Olhar Direto teve acesso a trecho desta interceptação, que você ouve abaixo:

Olhar Direto · Conversa entre Cacique e coordenador da Funai


Em outro trecho, que não consta na gravação acima, o coordenador da Funai diz que os fazendeiros que estavam na área estavam "roubando" o cacique. "É pra ele pagar R$ 200 mil e paga R$ 80 mil. Esse pessoal tá tudo com medo. Eu tô lhe falando. Eu num tô fazendo nada escondido do senhor (...)".

Em outro trecho, ele revela que os ganhos do cacique, que estavam atualmente em R$ 900 mil por mês, poderiam ser maiores. "É como eu falei pro senhor: até o ano que vem, o senhor tem que tá ganhando R$ 1,5 milhão", disse o coordenador da Funai ao cacique.

Confira a descrição completa da interceptação feita pela Polícia Federal:



Alvos
 
Foram alvos de mandados de prisão: Jussielson Gonçalves Silva; Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza e Enoque Bento de Souza.
 
O cacique Damião Paridzané, que segundo as investigações da PF, recebia R$ 900 mil por mês com o arrendamento ilegal de partes da terra indígena para fazendeiros, não foi preso na ação.
 
A Justiça determinou medidas cautelares diversas da prisão para o cacique, sob pena de decretação de sua prisão preventiva em caso de descumprimento. Entre os impedimentos estão: firmar parcerias para criação de gado ou qualquer outra forma de exploração da T.I Maraiwatsede e de manter contato com Jussielson e Gerard Maxmiliano. Suas contas foram bloqueadas, mas ele foi autorizado a sacar até R$ 20 mil por mês para despesas.
 
Outros que foram alvos de medidas cautelares foram: Aldemy Bento da Rocha, Bruno Peres de Lima, Claudio Ferreira da Costa, Derso Portilho Vieira, Ivo Vilela de Medeiros Junior, Gilsom Nunes da Silva, Ivonei Vilela Medeiros, João Victor Borges Correia, Justino Agapito de Oliveira Xerente, Marcos Alves Gomes – Alcunha Marco do Raul, Manoel Pinto de Araujo, Osmair Cintra dos Passos, Saconele, Zaercio Fagundes Golveia e Wilian Paiva Rodrigues.
  
A Justiça também deferiu busca e apreensão nos endereços de Jussielson, Gerard Maxmiliano e Thaiana Ribeiro, todos em Ribeirão Cascalheira. A sede da Funai na cidade também sofre uma devassa dos agentes da Polícia Federal.
 
Foi feita ainda a apreensão de uma caminhonete (Toyota Hilux), que foi dada de presente ao cacique. Houve um pedido para que o veículo possa ser, posteriormente, remetido para uso da Polícia Federal.
 
Na investigação, constatou-se que servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Ribeirão Cascalheira/MT, estariam cobrando valores de grandes fazendeiros da região para direcionar e intermediar arrendamentos no interior da Terra Indígena Xavante Marãiwatsédé.
 
A tradução literal da palavra em latim Res Capta é coisa tomada, que é justamente o que ocorreu no passado e está ocorrendo atualmente com a Terra Indígena Marãiwatsédé.
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