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Sábado, 20 de julho de 2024

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24 executados

Ficha criminal de mortos por PM’s tem cerca de 150 boletins de ocorrências

Foto: Reprodução

Investigação aponta que policiais forjaram confronto no bairro Itamaraty.

Investigação aponta que policiais forjaram confronto no bairro Itamaraty.

A ficha criminal dos mortos em emboscada por policiais militares investigados na Operação Simulacrum, deflagrada pela Polícia Civil e Ministério Público, chega a 150 boletins de ocorrência. Contra os policiais foram expedidos 81 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão, nesta quinta-feira (31).


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Dos 24 executados, 22 tinham envolvimento com algum tipo de crime. Contra Kelvin Dias Nascimento, Diego Arruda Nascimento não foram localizados boletins de ocorrência.

Um dos executados, Gabriel de Paula Bueno, tem 20 boletins de ocorrência registrados contra ele. Entre os crimes estão roubo, lesão corporal, ameaça, furto, tráfico de drogas, emprego ilegal de artefato explosivo e uso de drogas.

Em setembro de 2018, ele foi preso pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), acusado de tentar explodir o Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC). Gabriel chegou a ser condenado neste processo. Este seria o primeiro dele após a maioridade penal.

Junto com Gabriel, morreram mais cinco suspeitos em suposto confronto com policiais do Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), mas imediações do condomínio Belvedere II, no bairro Itamaraty, em Cuiabá, em 2020.

Outro com extensa ficha criminal é Deyverson Ferreira De Oliveira Motta, morto juntamente com mais três suspeitos pela Força Tática na Rodovia dos Imigrantes, na região do Trevo de Bonsucesso, em Várzea Grande. Contra ele há boletins de ocorrência pelos crimes de uso ilícito de drogas, furto, tráfico de drogas, falsidade ideológica e posse irregular de arma de fogo.

Decisão da 12ª Vara Criminal de Cuiabá revela que policiais militares armavam assaltos para matar criminosos. Segundo os autos, pessoa identificada como Ruiter Candido da Silva organizava ações criminosas, convidando terceiros selecionados por meio de acesso ao sistema da Segurança Pública. Durante o ato criminoso, avisados sobre, as execuções eram cumpridas. Ao menos seis casos semelhantes, entre 2017 e 2020, são citados.

Através de investigações foram identificados pontos semelhantes e convergentes entre os casos, com indícios de execução, tais como excessivos números de disparos efetuados pelos Policiais Militares, ausência de disparos na direção oposta, inexistência de lesões de defesa nas vítimas e caracterização de “tiro encostado”.

A operação
 
A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual deflagraram nesta quinta-feira (31) a Operação Simulacrum para cumprimento de 81 mandados de prisão temporária contra policiais militares investigados por homicídios. De acordo com as investigações, os alvos estariam forjando confronto para executar vítimas em Cuiabá.
 
Também são cumpridos 34 mandados de busca e apreensão e de medidas cautelares diversas. As ordens judiciais foram decretadas pela 12ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá.
 
Conforme o MPMT e a Polícia Civil, o grupo de militares é investigado pela morte de 24 pessoas, com evidentes características de execução, além da tentativa de homicídio de, pelo menos, outras quatro vítimas, sobreviventes.
 
A operação faz parte das investigações realizadas em seis inquéritos policiais, já em fase de conclusão, relativos a supostos “confrontos” ocorridos em Cuiabá e Várzea Grande.
 
De acordo com as investigações, os militares envolvidos contavam com a atuação de um colaborador que cooptava interessados na prática de pseudocrimes patrimoniais, sendo que, na verdade, o objetivo era ter um pretexto para matá-los.
 
Após atraí-los a locais ermos, onde já se encontravam os policiais militares, eram sumariamente executados, sob o falso fundamento de um confronto. Os responsáveis pela apuração dos fatos reforçam que há farto conteúdo probatório que contrapõe a tese de confronto apresentada pelos investigados.
 
As investigações indicam que a intenção do grupo criminoso era a de promover o nome dos policiais envolvidos e de seus respectivos batalhões. Na época em que ocorreram os fatos, os policiais investigados encontravam-se lotados nos batalhões Rotam, Bope e Força Tática do Comando Regional 1.
 
O Ministério Público e a Polícia Civil esclarecem que as ações investigadas foram praticadas por alguns membros da corporação que agem à margem e à revelia da lei.
 
Enfatizam, no entanto, o relevante trabalho que a Polícia Militar realiza para a sociedade no combate à criminalidade e na proteção do cidadão.
 
Simulacrum é a tradução em latim de simulacro (aquilo que tem aparência enganosa).
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