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Domingo, 16 de junho de 2024

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Caso paccola

"Amoroso e carinhoso": Família lembra memórias de Japão e cita revolta com tiro nas costas

Foto: Arquivo pessoal

Na foto, Japão aparece com a mãe e o único irmão

Na foto, Japão aparece com a mãe e o único irmão

Presente na vida do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, de 41 anos, desde os primeiros dias de vida, Ilka Souza, descreve "Japão", como era conhecido pelos mais próximos, como carinhoso e amoroso. A mulher é sogra de uma das tias de Alexandre e afirma que a família ficou revoltada ao ver as imagens dele sendo baleado nas costas pelo vereador de Cuiabá, Marcos Paccola, que é tenente-coronel aposentado da Polícia Militar, na última sexta-feira (1º). 


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"Vi o vídeo, aí que me revoltou mais ainda, não tem palavras. Uma pessoa fazer isso sem perguntar, sem chamar... dar um tiro nas costas. Todo mundo está muito triste", lamentou Ilka. 

O agente era conhecido como "Japão" pela descendência e por ter morado alguns anos no país asiático. Entre os amigos, Alexandre é lembrado pelos conselhos e pela parceria, conta Ilka, que era considerada como avó por Japão. 

"Era amoroso, carinhoso, trabalhador... sempre uma pessoa maravilhosa, sempre, sempre, sempre. Não é porque ele morreu que estou falando isso, é algo verdadeiro. Tanto que todos os amigos dele saíam chorando muito do velório, ele era uma pessoa maravilhosa". 

Ilka explica que Alexandre se mudou para o Japão em busca de oportunidades de trabalho, que fizeram com que ele permanecesse no país. Em 2017, ele começou a trabalhar como agente socioeducativo no Pomeri, em Cuiabá. 

"Os meninos do Pomeri tinham paixão por ele, era um amor. Trabalhava lá desde 2017, mas fez concurso e passou. Tinha um ano e meio. Ficou muito feliz, foi uma maravilhosa. Gostava muito do que fazia, nossa... você nem imagina". 

Tiro pelas costas 

Apesar de estar se mantendo forme, conforme conta Ilka, a mãe de Alexandre, de 66 anos, e o único irmão dele estão abalados desde o dia do crime. Naquela noite, ela se lembra de ter recebido um telefonema contando sobre a morte. 

Desde então, ela afirma que os familiares vivem dias de desespero. Para Ilka, o que aconteceu com Japão foi "uma ingratidão". Ela diz não entender o motivo pelo qual Paccola foi liberado após o crime. 

"O cara foi dar depoimento e não ficou preso? Presta atenção, onde esta nossa lei? Tinha que ter ficado preso na hora. É muito triste o que aconteceu, estou indignada com a lei de deixar essa cara. Foi um menino que se criou junto com meu filho, precisa ver o desespero do meu filho, o desespero da família. A dor de
ficar solto ainda, falar que faria outras vezes". 

Apesar do pedido de Justiça, Ilka afirma estar descrente, já que Paccola foi liberado após o homicídio. Para ela, mesmo que ele perca o mandado de vereador, Alexandre não terá a vida de volta. 

"Estamos muito revoltados, a família não está em paz, a dor é muito grande. Nem quero que chegue na minha frente [o Paccola], na frente de ninguém da família, quero ver esse homem isolado, virar cinza". 

O último pedido de Ilka durante a entrevista é de que "a Justiça faça Justiça". Ela ressalta que todos da família de Alexandre eram muito unidos e estão "sofrendo calados". 

"Pelo menos que ele não seja político mais, não ir mais para a PM, trabalhar para comer. Mas sei que não adianta, o dinheiro compra tudo. Vou entregar na mão de Deus, rezar para a família ter consolo, vai ser muito difícil e vai  levar muito tempo". 

Relembre o crime 

Filmagens de câmeras de segurança registraram o momento que Paccola atirou em Japão. Em uma das imagens, o ângulo mostra o momento em que Miyagawa conversa com a namorada e saca a arma.

Ela sai andando na frente e Paccola surge na gravação e começa os disparos. Os tiros são efetuados quando o agente estava de frente para a mulher e de costas para o parlamentar.

Segundo o vereador, ele estava passando quando viu a confusão, e depois que desceu algumas pessoas disseram que o agente estava armado, com a mão para cima.

“Vi ele abaixando a arma, ela [a esposa] estava na frente dele, verbalizei 3, 4, 5 vezes [para abaixar a arma] (...) ele não atendeu a essa ordem e aí naquele momento entendendo que ele fosse atirar nela ou fazer o giro para atirar em mim eu fiz os disparos”, afirmou.

Paccola afirmou que foram feitos três disparos, mas que ele não conseguiu ver onde acertaram. Após os disparos, o vereador pediu para que seu assessor retirasse a arma para impedir que Janaina a pegasse.

O assessor, então, teria chutado a arma, e Paccola afirmou novamente para que ele pegasse. Segundo o vereador, Janaina estava muito alterada e havia risco de ela pegar o armamento, ou mesmo que Alexandre, se estivesse vivo, conseguisse alcançá-lo.
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