Um levantamento feito pela Polícia Judiciária Civil identificou que 92 crianças perderam a mãe em crimes de feminicídio durante o ano de 2022. O estudo aponta que das 47 vítimas, 42 tinham filhos, representando 89% dos casos registrados no último ano. Do total de casos, quatro resultaram também no óbito do pai.
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Os números estão reunidos no diagnóstico “Mortes Violentas de Mulheres e Meninas em Mato Grosso”. O documento mostra ainda que entre as 47 vítimas de feminicídio, 15 delas tinham filhos com os autores dos crimes.
Do total de 101 mulheres mortas no ano passado, a maioria estava em plena idade produtiva e 62% delas tinham entre 18 e 39 anos. Em relação às vítimas de feminicídio (cometidos por razão de gênero ou violência doméstica), 44% delas foram mortas pelos companheiros ou namorados, 28% tinham ensino fundamental ou médio e 56% eram pardas.
Cerca de 52% dos crimes ocorreram no ambiente doméstico, ou seja, nas residências das vítimas; outros 22% foram em vias públicas. O principal meio empregado foi a arma de fogo, em 45%, e em 31% dos homicídios foram usadas armas brancas (faca, canivete, facão).
O relatório analítico, produzido desde 2020 pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil, é realizado com base nos dados dos boletins de ocorrência e em inquéritos policiais e traz números sobre o local e meio empregado nos homicídios, solicitação de medidas protetivas, perfis das vítimas, vínculo entre vítimas e autores dos crimes e os efeitos da violência contra mulheres.
A delegada Mariell Antonini Dias, titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Várzea Grande, destaca que o estudo ajuda a compreender melhor o fenômeno da violência doméstica. Para Mariell, os números deixam claro o risco a que as mulheres estão submetidas quando vivem em situação de violação de direitos em casa.
“Muitas mulheres pensam que o agressor não terá coragem de tirar a vida delas e que as ameaças são vazias. Mas as estatísticas demonstram o contrário, pois mais da metade das mortes de mulheres ocorre em casa por pessoas que possuem vínculo com elas. É necessário que todas entendam que a violência pode ser progressiva e cada vez mais letal. E, por isso, devem buscar auxílio para o problema que está dentro de casa", declarou.