O delegado Bruno Abreu, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), apreendeu o celular do advogado Renato Nery, vítima de atentado a tiros na manhã desta sexta-feira (5), para buscar a motivação do crime e tentar identificar o autor do crime. A filha de Nery entregou o aparelho à autoridade policial sem resistência.
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Renato Nery foi alvejado mais de cinco vezes na manhã de hoje, enquanto chegava no seu escritório, situado na Avenida Fernando Correa, em Cuiabá. O suspeito estava de tocaia e o surpreendeu com os disparos. Ele foi socorrido ao Complexo Hospitalar de Cuiabá, onde passa por intervenção cirúrgica em estado grave.
Na unidade hospitalar, a polícia apreendeu seu aparelho celular para buscar as motivações que levaram à tentativa de homicídio e buscar o autor, ou autores, da execução.
Ao
Olhar Direto, Bruno explicou que o procedimento é habitual, e que, neste momento, ainda não é possível cravar se o caso de hoje tem ligação com o assassinato de Roberto Zampieri, executado a tiros em dezembro do ano passado.
“Olha, não só porque o doutor é advogado, mas qualquer vítima de crime de homicídio, qualquer outro crime envolvendo, ação pública incondicionada, nós fazemos a apreensão e a análise do celular para justamente entender a motivação do crime ou possíveis autorias. Então essa é praxe. Não, não. A filha entregou, de boa. Estava um pouco nervosa, normal, mas sem qualquer empecilho”, disse Abreu.
Abreu também esclareceu que a prioridade no momento é prender em flagrante o executor de Nery. Posteriormente, a autoridade vai ouvir os familiares, o sócio dele do escritório, que estava no local lá na hora, algumas pessoas que estavam trabalhando no entorno da cena do crime e, por fim, analisar todas as imagens, dados e informações que tiverem no alcance da DHPP para poder identificar o suspeito.
“Celular bomba”
Além de procedimento habitual, apreender os celulares é crucial para desvendar as razões que resultaram nos crimes, conforme evidenciado no desenrolar do caso Zampieri, advogado que foi assassinado no dia 5 de dezembro de 2023, em Cuiabá.
Os dados contidos no celular de Zampieri é alvo de intensa disputa judicial, travada entre o Ministério Público, o juiz Wladymir Perri, que atuou no caso, a viúva da vítima e os suspeitos de serem mandantes, intermediador e executor do homicídio.
Nesta quinta, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 72 horas para que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) esclareça o motivo da requisição dos dados colhidos em perícia no aparelho celular do advogado. Os dados do aparelho foram compartilhados com o CNJ em reclamação disciplinar em face do juiz Wladymir Perri, que atuou no processo sobre o assassinato.
Ao STF, viúva de Zampieri requer o deferimento de medida liminar determinando que o Conselho Nacional de Justiça se abstenha de examinar e utilizar os dados telefônicos e demais provas.
Conforme noticiado pelo Olhar Jurídico, o ministro corregedor Luis Felipe Salomão rejeitou pedidos que buscavam barrar acesso do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aos dados extraídos do celular do advogado. Segundo o corregedor, os dados serão examinados para apurar possíveis condutas irregulares de magistrados.