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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

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RETOMANDO AS ATIVIDADES

Comerciantes e funcionários do Shopping Popular se alocam em tendas improvisadas na avenida; veja imagens

Foto: Olhar Direto

Comerciantes e funcionários do Shopping Popular se alocam em tendas improvisadas na avenida; veja imagens
Com tendas improvisadas e estoques limitados, comerciantes do Shopping Popular e seus funcionários se alocaram em trecho interditado da avenida Carmindo de Campos, ao lado do antigo centro comercial, que foi destruído por um incêndio na madrugada do último dia 15 de julho. A medida ocorre numa tentativa de retomar as atividades o mais rápido possível, e correr atrás dos prejuízos causado pelo incêndio, que vão desde R$ 50 mil a mais de R$ 500 mil.  


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Apenas uma parte das bancas está no local, de variados segmentos, como bolsas, acessórios para telefones celulares, eletrônicos, itens de pescaria, copos e garrafas e até mesmo alimentação, com algumas das lojas que ficavam na antiga praça de alimentação.

O movimento no local começou a ganhar força na segunda-feira (22), mas alguns comerciantes já estavam com produtos na região desde a última semana.

A grande parte dos comerciantes perdeu todo o estoque no incêndio, no entanto, alguns ainda tinham um pouco dos produtos em casa, no carro ou que estavam para chegar. Quem não possuía nada, conseguiu ajuda, doações e negociações com os fornecedores para conseguir retomar as vendas.

“Não está nem 20% das pessoas aqui na rua. Só quem realmente estava com estoque, mas tem gente comprando, empresas cedendo para pagar depois. Tem gente que está deixando tenda para a gente trabalhar, como aquelas do motoclube ali. E eles estão sendo solidários, tem cliente que forneceu tenda para gente também. Ainda são poucos clientes vindo, mas estão. Tem muitos que não sabem ainda. Por isso que precisamos das pessoas firmando e falando que estamos aqui. Ser solidário, nesse momento importa essa solidariedade”, conta os funcionários Diego e Leonora.



Leonora é uma das funcionárias de uma banca de eletrônicos que teve a “sorte” de não ter sido despedida, como ela diz. A jovem trabalha no Shopping Popular desde os 14 anos, e está há quatro anos na atual loja. Segundo ela, o patrão não mandou os funcionários embora porque tem clientes e estoque guardado.

A funcionária reforça a solidariedade da população para com os comerciantes do Shopping Popular. Um exemplo é o proprietário da loja Ratão Rodas Esportivas, localizado na avenida Carmindo de Campos. Ele está cedendo espaço do estabelecimento para o pessoal guardar suas tendas, mesas e cadeiras.

“Ele deixa todo mundo guardar as tendas na loja, fornece água para gente, ele está cedendo tudo. Ele foi um dos principais empresários que ajudou a gente. Às 17h a gente já começa a guardar as coisas, e ele já para a oficina. Fica dependendo da gente, ai de manhã, até sairmos e pegar tudo, aí que ele começa a trabalhar. Ele também deixa água para gente, os banheiros ficam disponíveis, mas também tem do Complexo Esportivo”, afirmou Leonora.

Os trabalhadores ficam no local enquanto máquinas limpam os destroços do Shopping Popular. Eles acreditam que a avenida deve ficar interditada por no máximo uns 20 dias, até a finalização do serviço.

Outro formato de venda que ganhou força nesse momento foi o delivery. Motoboys que trabalham por conta própria vão até o local e retiram os produtos para entrega aos clientes. Outras lojas permanecem funcionando apenas com as vendas ‘online’, com as entregas.

A família da jovem Carolina, 26 anos, é proprietária de três bancas no centro comercial, sendo elas: Atlântica Capas, Xuxu Capas e Carol Capas, todas voltadas para o comércio de acessórios para celular. Com o incêndio e o prejuízo, elas precisaram demitir cinco funcionárias, ficando com apenas uma.

Carol conta que no dia do incêndio, ela recebeu a ligação de uma das funcionárias às 3h30, e logo a família foi para o local, na tentativa de salvar alguma coisa das bancas, no entanto, o centro já havia sido totalmente tomado pelas chamas.



“Nós tínhamos um estoque, porque uma das bancas da minha mãe tinha sido fechada, aí então guardamos mercadorias em casa, mas ainda sim tivemos que comprar uma parte. Tínhamos um dinheiro em caixa e levantamos mais um pouco para comprar mais produtos e revender aqui”, conta a jovem.

A família também segue vendendo de forma online e tem tido apoio dos clientes. “É gratificante ver que todo mundo está ajudando, procurando e vindo até aqui enfrentar o calor com a gente também. É muito boa essa solidariedade com a gente”.

O comerciante Eurípedes Freire Alves é outro que acabou indo para a rua vender seus produtos na segunda-feira (22). Ele não possuía estoque e estava com o caixa no vermelho, mas com ajuda conseguiu alguns itens para venda e tem esperança que as coisas irão melhorar.

“A saída de produtos ainda está baixa, estamos no começo, vamos ver como vai ficar. A expectativa é irmos para o Dom Aquino, acreditamos na diretoria, esperamos que eles resolvam logo isso. Mas temos que ficar aqui na região, se é no estacionamento ou no complexo”, afirma Eurípedes.

Ele foi um dos comerciantes que participou da fundação do Shopping Popular, ao lado dos pais, e com o tempo foi buscando seu próprio caminho. Ele toca a banca com a esposa, atualmente. Não tinham funcionários.

Ao Olhar Direto, Eurípedes disse que viu muita gente sendo mandada embora com a tragédia. Questionado sobre a falta de seguro e o caixa zerado da Associação dos Câmelos do Shopping Popular, ele afirmou que não tem nem cabeça para pensar nisso, pois está buscando resolver suas coisas, assim como todo mundo, “preocupados em voltar a trabalhar”.

Luz no fim do túnel

Brunno Luz, 27 anos, foi uma das pessoas que conseguiu dar a volta por cima diante da tragédia no Shopping Popular. Ele era gerente de uma loja de eletrônicos, trabalhando no local há oito anos. Com a situação, foi demitido junto com todos os outros 13 funcionários. Como ele era contratado pela CLT, teve acesso aos seus direitos, como rescisão contratual, FGTS e seguro-desemprego.

Com o dinheiro, ele conseguiu comprar alguns produtos e montar sua própria banca improvisada na avenida Carmindo de Campos.

“Fizeram o desligamento, como eu já tenho clientela e já conhecia o meio, montei minha própria banca. Estou só eu no momento, e acredito que Deus vai me abençoar e abençoar minha empresa. As mercadorias, a gente sempre trabalhou e guardou um pouco de dinheiro, então estou conseguindo comprar aos poucos. Quando sair a linha de crédito, eu vou tentar participar também”, explica Brunno.

Ter o próprio negócio sempre foi um sonho do jovem, e ele enxergou que o momento era ‘agora ou nunca’. Ele já iria tentar abrir uma empresa no ano que vem, mas o processo foi adiantado. Ele agradece toda ajuda que recebe dos amigos.

“Graças a Deus, a procura é muito grande, tenho vários amigos e colegas que estão ajudando a divulgar, estão comprando e indicando. Isso é muito bom, porque vai abrindo as portas, a indicação de cada um me ajuda bastante, e eu sou grato a eles”, diz o jovem.
Brunno Luz

A antiga banca onde era gerente continua em funcionamento, mas apenas em formato de vendas online, e com os proprietários trabalhando.
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