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Sábado, 24 de agosto de 2024

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RISCO À SAÚDE

Especialistas alertam sobre uso excessivo de cigarro eletrônico; dispositivo pode levar à câncer bucal

Foto: Reprodução

Imagem ilustrativa com colagem de João Victor Pereira

Imagem ilustrativa com colagem de João Victor Pereira

A morte do dentista João Victor Pereira, 29 anos, nesta semana, em Cuiabá, em decorrência de uma pneumonia, associada ao uso do cigarro eletrônico, acendeu um alerta sobre os riscos do dispositivo, levantando preocupações sobre os efeitos nocivos dessa prática que, para muitos, parecia inofensiva.


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O jovem faleceu na madrugada de quarta-feira (21), no Hospital Santa Helena, onde estava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), há pelo menos cinco dias.

Arlindo Aburad, doutor em Patologia Bucal pela Universidade de São Paulo (USP), explicou, em entrevista ao Olhar Direto, sobre os perigos do cigarro eletrônico, especialmente no que diz respeito à saúde bucal. O especialista alertou que muitos estudos relacionados ao uso do cigarro eletrônico mostram que os usuários deste eletrônico estão muitas vezes condicionados a adquirir uma série de doenças, entre elas o câncer de boca.

Por isso, para Aburad, o uso de cigarros eletrônicos, muitas vezes visto como uma alternativa “mais segura” ao cigarro tradicional, pode, na verdade, ser ainda mais prejudicial.

“Muitos acreditam que há menos prejuízos à saúde. No entanto, estudos mostram que os usuários de cigarros eletrônicos estão expostos a substâncias tóxicas e cancerígenas, incluindo aquelas que podem levar ao desenvolvimento de câncer bucal. O vapor contém compostos que, ao serem aquecidos e inalados, provocam danos ao tecido oral, resultando em mutações celulares que podem evoluir para o câncer”, explica Aburad.

“Estudos recentes indicam que o cigarro eletrônico pode ser mais viciante que o cigarro normal. Além disso, pode ser mais prejudicial à saúde, provocando danos em menor tempo de uso”, avaliou, enfatizando ainda que os riscos são amplamente subestimados pelos usuários e pela indústria.

“Uma série de riscos, muitas vezes, são ignorados ou subestimados. Um desses riscos é o câncer de boca. Estudos recentes mostram que os cigarros eletrônicos podem causar alterações no DNA das células da boca, o que aumenta significativamente a probabilidade de desenvolvimento de tumores na cavidade oral. O potencial dos cigarros eletrônicos de provocar câncer bucal é muito grande”, alerta.

A popularidade dos cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens, não é apenas uma moda passageira, segundo Aburad. Para o especialista, há uma onda de pandemia impulsionado pelo tabagismo.

“É inegável que há uma nova epidemia de tabagismo, desta vez impulsionada pela tecnologia e até mesmo pela desinformação.”

O médico patologista Carlos Aburad também destaca as preocupações com a saúde, mencionando estudos internacionais que reforçam os perigos do cigarro eletrônico.

“Um estudo realizado na Coréia do Sul, no Hospital Bundang da Universidade Nacional de Seul, mostrou que as pessoas que pararam de fumar e passaram a consumir cigarros eletrônicos têm maior probabilidade de desenvolver câncer de pulmão”, contou.

No Brasil, uma pesquisa do Hospital das Clínicas da USP revelou uma diferença alarmante na concentração de substâncias nocivas entre o cigarro tradicional e o eletrônico. Enquanto o cigarro tradicional tem um limite de 1 mg de nicotina por cigarro, os dispositivos eletrônicos podem conter até 57 mg por ml de líquido. Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), um único vape pode equivaler a um maço com 20 cigarros.

Natural de São José dos Quatro Marcos e formado em Odontologia pela Universidade de Cuiabá (Unic) em 2018, João Victor era referência em estética facial, dental e bucal. Em seu Instagram, o especialista compartilhava com seus 15 mil seguidores os procedimentos e resultados de seus trabalhos.

Internado desde o dia 15 de agosto em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Helena, vítima de uma pneumonia, ele não resistiu e faleceu na madrugada de quarta-feira (21).

Amigos e familiares próximos ao rapaz relatou à reportagem que João era consumidor de cigarros eletrônicos e que havia sido alerta para que abandonasse o hábito, mas sem sucesso. A suspeita é de que ele tenha contraído a pneumonia em decorrência do uso excessivo do famoso ‘vape’.
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