A edição 2009 do Festival de Curitiba abriu espaço para o circo dentro da mostra oficial, e com grande estilo. Nos dois finais de semana do festival, o palco de um dos principais teatros da capital paranaense, a Ópera de Arame, virou picadeiro para o espetáculo Oceano, do grupo Circo Roda Brasil, que vem encantando o adultos e crianças em sua passagem pelo evento. É a primeira vez que a companhia monta seu espetáculo fora da lona própria de 34 metros de diâmetro que viaja com o grupo por todo o País.
"Tivemos que fazer pequenas adaptações, mas a Ópera é um lugar ideal para o circo. Se fosse num teatro tradicional, não aceitaríamos fazer", disse o diretor artístico do espetáculo, Hugo Possolo.
Apesar de circense, o espetáculo apresenta uma narrativa, mesmo que singela. Todos os números contam a história de um garoto que perdeu seu patinho de borracha durante o banho e acaba mergulhando no oceano para procurá-lo. No mar, ele encontra palhaços nadadores, caranguejos acrobatas, sereias equilibristas, pinguins patinadores, entre outras atrações. "É circo mesmo, mas com uma narrativa, não tem essa história de peça de teatro com linguagem circense", disse o diretor.
O espetáculo torna-se fascinante para toda a família por intercalar os famosos palhaços do grupo Parlapatões com exibições de força, elasticidade e risco dos trapezistas, contorcionistas e acrobatas. A mistura com esportes radicais também agradou bastante.
O espetáculo utiliza equipamentos chamados junpers, espécie de pula-pula usado para acrobacias e patinadores que dão um show de manobras radicais nas ondas em forma de rampa que compõem o cenário. Os bonecos também são destaque na apresentação: panelas viraram caranguejos, guarda-sóis juntaram-se em um grande polvo, guarda-chuvas representaram águas-vivas e, até regadores formaram cabeças de peixes, que ainda atiravam espuma no público. Uma baleia inflável gigante também chamou a atenção. "Tá na tradição do circo ter animais, os nossos são bonecos", contou Hugo.
Bastante plástico, bem amarrado, com trilha sonora marcante e com uma refinada qualidade artística, é inevitável compará-lo como uma versão tupiniquim do Cirque du Soleil. "A referência que buscamos neles é artística. Damos um outro patamar para a linguagem circense, conhecida como mambembe, o primo pobre das artes, embora seja muito mais caro que o teatro, por exemplo", lembrou Possolo.
Oceano tornou-se sucesso de público no festival por ser um dos poucos espetáculos recomendados para toda a família. "Não podemos levar as crianças nas peças adultas. Nas peças infantis, os pais ficam, muitas vezes, entediados. Aqui é atração para todo mundo, a molecada se diverte com os bonecos e palhaços, enquanto a gente se impressiona com os outros números", disse a dona de casa, Vera Teixeira, 40 anos.
Mas, às vezes, as preferências se invertem. "Os palhaços até são legais, mas eu gostei mais dos patins e do pula-pula", disse a garota Anna Luna, 9, que foi ao espetáculo levada pela mãe Sílvia Trauczynski. "Espetáculo lindo, não deve nada para os grandes circos internacionais. Encaixou perfeitamente com a Ópera de Arame", disse Silvia. Oceano faz mais três apresentações no Festival de Curitiba. Neste sábado, às 19h e às 21h, e domingo, às 21h.
Hoje no Festival:
Para o penúltimo dia do Festival, estão programadas 144 apresentações, entre elas, quatro estréias da mostra oficial. No Sesc da Esquina, às 21h, a Marina Person apresenta seu primeiro trabalho com diretora de teatro com a comédia Ménage.
No mesmo horário, a companhia potiguar Clowns de Shakespeare apresenta Muito Barulho por Quase Nada. Também às 21h, no Guairinha, acontece a estréia nacional do musical Borbulho.
A programação completa do Festival de Curitiba pode ser consultada no site www.festivaldecuritiba.com.br. Os ingressos estão sendo vendidos na bilheteria montada no Shopping Mueller ou pelo site www.ingressorapido.com.br
