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Domingo, 04 de agosto de 2024

Notícias | Cultura

Cine Teatro une artes e história cuiabana

Um reencontro da cuiabania e dos mato-grossenses com sua história e a oportunidade da ampliação da cultura popular. Foi nesse tom que autoridades políticas, artistas, empresários e agentes culturais receberam a reinauguração do Cine Teatro Cuiabá. Dentro do auditório, a magia sorridente de satisfação do governador Blairo Maggi, da primeira-dama Terezinha Maggi, do vice-governador Silval Barbosa, do secretário de Cultura Paulo Pitaluga, e do prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, entre outros, sinalizou bem a importância do ato, qualificado pelo governador como "o Oscar da noite cuiabana", valor além dos R$ 4,6 milhões investidos na restauração, R$ 2,2 milhões dos quais do Governo do Estado.


Do lado de fora, a simbologia rememorada das artes cinematográficas era a cortina na fachada do prédio e um tapete, ambos vermelhos, para recepção dos convidados em frente ao espaço cultural. O cenário refletia a expectativa da reabertura de um ícone inaugurado ainda no governo Getúlio Vargas, em 1942, e que neste sábado (23.05) completa 67 anos. Como momento festivo, não faltaram fogos de artifícios. Em comum na noite de felicidade, foi relembrado por muitos dos presentes o fato de namoros e casamentos terem se iniciado nas poltronas do Cine Teatro. "Este resgate da memória não é o único ato que o governo fez para Cuiabá", aponta o secretário Pitaluga. "O Cine Teatro será usado para mostras, festival de cinema. É um espaço cultural multifacetado para a dança, os espetáculos dos grandes ballets, música clássica e cuiabana, teatro, principalmente o infantil", descreve o foco de projetos que a infraestrutura deve ter.

Um personagem que bem representa o salto histórico e a imagem que se tem da instituição ao longo do tempo, "de compromisso do governo de resgate com o patrimônio cultural", segundo o governador, é Névio Lotufo, incentivador do cinema, inventor, dançarino e apoiador da cultura. Ele foi um desses que flertaram e conquistaram ali moçoilas na juventude.

Mais ainda: ele completou o ciclo de presenciar a inauguração e reinauguração do cine, em mais um fator desses caprichos da vida, para a qual, agora, Névio contribuiu na quinta-feira com uma moderna máquina de filmar. "Eu estive na inauguração na primeira vez e agora, na segunda", testemunha em segundos o andar da história. "Eu estive na primeira inauguração em 1942, hoje estou com 78 anos", sintetiza o momento de glória e dupla satisfação, pois completa a idade ainda neste mês, na próxima sexta-feira, dia 29. "Eu namorei muito aqui", comemora com sorriso no rosto. "Era época que Cuiabá tinha muito cinema poeira. Um cineminha, como o meu Cinemotos Blim", relembra. "Eu armava uma tela entre duas árvores ou postes. Fazia propaganda durante o dia com alto falante e à noite rodava filme. Uma multidão se reunia", conta. "Desde a década de 30, antes do Cine Teatro, eu me apaixonei por cinema", revela.

Sua emoção incontida foi a mesma de um governador que confessou ter tido "emoção de subir ao palco" do Cine Teatro pela primeira vez. Ele expressou o alcance das ações dos que gerenciam a máquina pública e a grandiosidade do espaço cultural reaberto.

"Há histórias de nossos pais e avós que conviveram neste espaço", contou o governador aos cerca de 600 convidados, superiores aos 516 lugares do local. "Estou feliz por concluir essa obra e entregá-la à comunidade cuiabana, compromisso de resgate deste patrimônio cultural. Eu estou feliz, meus secretários, meu governo, a família cuiabana", disse em seu discurso após descerrar a placa de reinauguração no palco. "Muitos dos nossos filhos, netos encontrarão aqui suas companheiras para serem felizes", reconstitui Maggi o encontro de vidas e da arte com o Cine Teatro. "Nestes últimos dias, nesta semana, antes de inaugurar, conversei com algumas pessoas que disseram: lá eu conheci meu marido, minha esposa", ecoa o governador sobre o ambiente sentimental da nova obra.

CULTURA FORTE

O avanço com a reinauguração do Cine Teatro foi demonstrada pelo professor, músico e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Abel Santos. Ele comparou o impacto do espaço cultural como algo inseparável da vida dos cuiabanos de ontem e os da atualidade. "Cuiabá sempre foi forte em teatro e música no século XVIII, no ciclo do ouro. Para cá vieram grandes músicos e grandes companhias de teatro", relata.

Abel mostrou-se emocionado pelo espaço "frequentado por bandeirantes do passado" que foram capaz de construir uma obra e tanto como o local. "Um espaço onde Dunga Rodrigues tocou piano e outros grandes nomes para nós, porque não terá povo sem música", reverencia ao ligar a ação de inúmeros cuiabanos como "respeito pela civilização, pelo terceiro milênio".

O ator Lioniê Vitório, o Nico da dupla Nico & Lau, se disse extasiado pelo fato de reconhecer que muitas coisas da vida das pessoas não são planejadas, mas elas acontecem para o contentamento de todos. "Fiz parte disso aqui, vim assistir filme do Mazzaropi no final dos anos 70", relembra. "Hoje estava sentado ali e pensei: quem imaginava que o menino que antes assistia ao filme 'Os Trapalhões', e hoje com a referência de ser artista, vai subir o palco na semana que vem onde outros fizeram tanta história na cenografia, teatro, música, cinema?", perguntava-se ao fim da cerimônia como alguém que não compreendera a fusão rápida do tempo em dois momentos da sua existência.
"A arte precisa aproximar-se cada vez mais do público. A sociedade tem que participar mais dela. É assim que o espaço público de cultura tem que funcionar", reforça outro pedido entre agentes culturais comentado em grupos de conversas dos agentes culturais que foram ver a reabertura.

O ator e diretor Sandro Lucose, da companhia teatral Mosaico, gostou do que ouviu do secretário de Cultura, de que o espaço vai se firmar como algo que multiplicará o acesso popular às artes. "É um espaço para formação de público com finalidade de otimizar, educar as pessoas. Vem a calhar e precisa vir projetos educativos. Que escolas venham para o Cine Teatro para a difusão e fazer esse papel", sugere.

"A concorrência para a gestão dos projetos tem que pensar exatamente na democratização do espaço, diversificar para mais tipo de linguagem cultural", sugere.

Ele se recorda que o último filme que assistiu no Cine Teatro foi o bem avaliado pela crítica "Cinema Paradiso", de Giuseppe Tornatore, lançado em 1989. Em uma ação denominada Sala de Arte, para menor público e com exibições de enfoque mais artístico. Isso foi em 1995. O filme conta a história de um menino que nunca havia ido ao cinema e que se apaixona pelos bastidores e o encanto da máquina do cinema. Ou como um rolo de película podia se transformar no que via na telona, em histórias que prendem o espectador.

O secretário estadual de Educação, Ságuas Moraes, comentou o ato como o resgate da cultura cuiabana e de todo o Estado. "Ouvimos aqui declaração de cuiabanos mais antigos dizendo que frequentaram o teatro e o cinema no Cine Teatro desde criança. Nada mais belo para a sociedade do que o resgate da cultura e sua história. Aqui houve o resgate da cultura cuiabana e mato-grossense". O secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Pedro Nadaf, cita que a além da restauração do patrimônio histórico, o novo espaço de cultura "resgata o processo cultural e arquitetônico de toda a cuiabania".

ORQUESTRA

Ednilson Aguiar/Secom-MT

Inauguração do Cine Teatro Cuiabá

Como de praxe, o ato final da inauguração do Cine Teatro, com cerca de uma hora de duração contou com a apresentação da Orquestra do Estado de Mato Grosso, uma ação cultural do atual governo, como frisou o secretário de Cultura Paulo Pitaluga, desencadeada em 2005.

Entre as obras comandadas sob a regência do maestro Leandro Carvalho pela única orquestra do Brasil a incluir instrumentos populares em seus repertórios, o público pôde apreciar as peças de Jhannes Brahns, "Dança Húngara nº. 5"; Giuseppe Verdi, com "A força do destino"; "Bolero" de Maurice Ravel; José Agnello Ribeiro, com "Quilombinho"; e de Heitor Villa-Lobos, "Bachianas Brasileiras nº. 2 e a toccatta ("O trenzinho do caipira").

Entre tantas peças, emoção se mostrou forte também para Nemuew Wylk, um cuiabano de 10 anos, que toca trombone na orquestra e deve estudar Música no segundo semestre na UFMT. "Foi gratificante para nós apresentarmos na reinauguração do Cine Teatro que fez grande história, que participou da história de Cuiabá", avaliou. "É muita emoção. Nós esperávamos público, mas não com tanta autoridades", afirmou surpreso.

GESTÃO PÚBLICA

Antes da sua fala no palco na reinauguração do Cine Teatro, em entrevista coletiva à Imprensa, o governador Blairo Maggi falou de uma das primeiras ações do seu governo, ainda em 2003, ao realizar um circuito de visitas pelos patrimônios da cidade no Centro, entre os quais o Cine Teatro, então interditado desde 1997.

Já no palco, o governador reconheceu o papel dos ex-governadores e autoridades que tocaram a gestão pública no Estado anteriormente, ao agredecer de público a oportunidade dele ter o seu momento de inaugurar o local. "Estamos preparando com muita força e trabalho neste governo a cidade de Cuiabá e Mato Grosso. Muita gente trabalhou, como os ex-governadores que estão aqui", disse ao mencionar a presença do ex-governador Garcia Netto e Júlio Campos. O primeiro um dos 32 membros do Senadinho (grupo de políticos que já ocuparam cargos públicos) convidados para a cerimônia.

"O que estamos fazendo é construir um Estado de Mato Grosso, como todos que me antecederam, fazendo tudo com muito carinho e determinação", contextualizou Maggi.

Além do governador, vice-governador, o secretário de Cultura e a primeira-dama, outras autoridades também participaram da reinauguração do Cine Teatro, o deputado estadual Carlos Brito, que representou a Assembleia Legislativa e foi autor de uma das emendas para a restauração e reforma da obra; secretário de Infraestrutura Vilceu Marcheti; chefe da Casa Militar, Alexander Maia; de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Pedro Nadaf; de Administração, Geraldo de Vitto Jr; de Educação, Ságuas Moraes; de Planejamento, Yênes Magalhães(Colaborou Laura Petraglia)
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