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Sábado, 27 de julho de 2024

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Berlim opta entre modos distintos de fazer cinema

O 59º Festival de Berlim anuncia hoje o vencedor do Urso de Ouro. Entre os 18 longas concorrentes, o júri presidido pela atriz britânica Tilda Swinton tem a opção de legitimar maneiras muito distintas de encarar e de fazer cinema.


A seleção traz dois representantes de países em que desenvolver uma indústria cinematográfica parece meta improvável --Uruguai ("Gigante") e o Peru ("La Teta Asustada").
Quatro longas é o total de estreias nacionais que o Uruguai teve em 2007. O líder de público foi a coprodução com o Brasil "O Banheiro do Papa" (76 mil espectadores). Os demais foram vistos por 57 mil. De acordo com o último dado disponível (de 2005), o Peru possui 204 salas de cinema.

Como o impacto da crise financeira mundial pautou as discussões no Mercado do Filme (paralelo à competição) e foi frequente no discurso do diretor do festival, o alemão Dieter Kosslick, é natural que se veja no resultado desta edição não apenas um reconhecimento às qualidades intrínsecas do vencedor mas também um atestado de sobrevivência --ou de torcida pela sobrevivência-- de um modo específico de produção.

Nesse sentido, a proposta da britânica Sally Potter para o cinema americano é o corte drástico de custos. Com "Rage", crítica ao mundo da moda, ela optou "por uma narrativa nua", como afirmou. Concretamente, o filme consiste numa sequência de depoimentos de atores para uma única câmera, sob um fundo fixo (blue screen) em que só a cor varia.

Atitude política
Com "London River", o francês Rachid Bouchareb levanta outra bandeira --a de que o cinema tem um papel a cumprir na reflexão e na crítica sobre os problemas da humanidade. Aqui, ele trata do terrorismo e do preconceito contra o mundo islâmico. Do ponto de vista cinematográfico, "London River" pertence à categoria de filmes em que o mais ressaltado é a atitude política de seu diretor.

Mas a disputa tem também o exemplo da longevidade de autores com uma assinatura particular, como o polonês Andrzej Wajda, 82, que reafirma seu talento com "Sweet Rush".

Na recepção da crítica aos filmes houve apenas um consenso --o desprezo a "Mammoth", título do sueco Lukas Moodysson falado em inglês e estrelado por Gael García Bernal e Michelle Williams, considerado uma platitude pretensiosa.

Curiosamente, "Mammoth" é o concorrente que leva mais longe o traço que Kosslick definiu como sendo o comum desta edição--"Tratar do impacto da globalização em vidas particulares". Neste caso, na vida de um bem-sucedido casal novaiorquino (Bernal e Williams), de sua empregada filipina e de seus respectivos filhos.

Moodysson disse que a ideia do filme lhe ocorreu ao lavar louças e pensar "como seria limpar a casa de alguém ou ter alguém limpando a sua casa".
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