A chegada do 13º salário pode ser um alívio para quem tem dívidas e uma boa oportunidade para quem pretende investir. Mas planejar e saber como usá-lo é fundamental para maximizar os ganhos, não esbanjar e chegar a janeiro ainda com reservas. O primeiro conselho dos economistas e especialistas em finanças pessoais é organização e controle. "A primeira coisa a fazer é se organizar. A educação financeira é muito importante. Neste momento, será preciso enfrentar o apelo de consumo da publicidade", lembra José Carlos Polidoro, o professor da escola de negócios e de direito da Anhembi Morumbi.
Polidoro aconselha muita cautela com compras parceladas. "Às vezes a pessoa faz tanta compra parcelada que a soma do valor das parcelas pode alcançar o valor da renda. Isso pode fazer com que a pessoa se complique com juros futuros e entre em uma espiral complicada. A taxa do cartão pode chegar a 12%. É muita coisa", diz.
O ideal, avalia, é tentar comprar os produtos à vista. "A venda parcelada sem juros praticamente não existe. Ocorre que os lojistas já colocam o valor (dos juros) no preço do produto. É aconselhável sempre tentar fazer a compra à vista e só parcelar quando não houver redução do preço", diz o professor da escola de negócios. Por isso, quando sair às compras, esteja preparado para pagamentos á vista.
Na tentativa de evitar uma surpresa no futuro o professor de administração das faculdades integradas Rio Branco, Carlos Eduardo Stempniewski, aconselha que os gastos com presentes e demais compras de final de ano não superem 30% do salário líquido mensal. "Essa é uma maneira de tentar se controlar, mas isso requer disciplina", opina.
Uma boa ideia para os trabalhadores que têm carro é separar o valor para quitar o Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) e para pagar o licenciamento do veículo, de acordo com Simone Domingues, sócia e contadora da Trade Contabilidade. Assim, as pessoas podem evitar um aperto maior no começo do ano.
Já para quem tem dívidas, é preciso priorizar o pagamento daquelas que têm as maiores taxas de juros. Segundo Stempniewski, o endividado deve usar o 13º salário para pagar as contas em aberto na seguinte ordem: cartão de crédito, cheque especial, crédito consignado e demais. De acordo com o valor da taxa de juros cobrada.
Para quem não está endividado, mas está comprometido com algum pagamento parcelado de alto valor, vale a pena consultar as regras do financiamento quanto a abatimento de juros em caso de pagamento antecipado, indica Polidoro.
Investimento
Se o décimo terceiro não servirá para cobrir eventuais contas no vermelho, aproveite, aconselham os especialistas. Esta é uma boa oportunidade para iniciar ou engordar um investimento.
E, já que não há como escapar do pagamento do imposto de renda, este pode ser um bom momento para adquirir um fundo de previdência privada e pedir abono em abril, quando será hora de prestar contas com a Receita Federal. "É interessante pelo benefício fiscal", afirma Stempniewski.
"O indicado é poupar 10% dos rendimentos mensais e contar com maior tranquilidade financeira no futuro", explica Polidoro acrescentando que quanto maior a porcentagem, melhor.
Para a pessoa com perfil de renda menor, o professor da Anhembi Morumbi indica a poupança e fundos de renda fixa. Para aquele com maior poder aquisitivo, porém conservadores, títulos do Tesouro nacional são uma boa opção. Para os mais agressivos no investimento, fundos de ações e ações propriamente dita podem ser interessantes, "mas tem que ter sangue frio para enfrentar as fortes oscilações desse tipo de aplicações"frisa.
Em 2010, o pagamento do 13º deve injetar R$ 102 bilhões a mais na economia, valor 20% superior ao de 2009
