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Quarta-feira, 31 de julho de 2024

Notícias | Economia

É preciso criatividade para superar a crise, diz dona de confecção de Toritama

Há três meses, ela perdeu a mãe e teve de adiar o sonho de ser estilista. Apesar de consternada, não esmoreceu. Desde meados de segundo semestre do ano passado, a microempresária pernambucana Talita Suellen Santana vê seu cotidiano ser bombardeado pelo noticiário sobre as turbulências na economia global. Nem por isso, aderiu à onda de lamúrias que tomou conta de parte do empresariado brasileiro.


“É preciso ter cabeça aberta, criatividade”, diz Talita, ao dar sua receita para sobreviver em momentos de crise. Dona de uma confecção em Toritama, no Agreste de Pernambuco, ela afirma que os negócios de sua família não tiveram grandes perdas com as turbulências na economia. “Para mim, esta crise que todos falam não está pior do que a de 2000.”

Criada em meio a máquinas de costura, tesouras, linhas e muito tecido azul, a microempresária conta que a clientela está mais cautelosa, mas não deixou de comprar. “Temos clientes de Manaus, de Salvador, do interior da Bahia, de Fortaleza e de Campina Grande. Eles não deixaram de comprar, embora comprem menos.”

Talita acha que o segredo para manter os clientes é investir em novas modelagens a cada semana. Ela gasta R$ 300 para comprar modelos desenhados por um estilista de uma fábrica de maior porte de Toritama. “Estamos investindo nos modelos mais street”, assina Talita. “É aquela calça que fica caindo no quadril e tem a perna mais arrochadinha”, explica.

“O estilista desenha o modelo e eu acrescento alguns detalhes, escolho um bordado, uma aplicação. O importante é ter todo dia uma modelagem nova, acompanhar as tendências e criar sempre coisas diferentes. Isso porque sei que assim que a minha calça chega na feira já tem gente me copiando”, comenta Talita.

Além da criatividade, a microempresária também passou a ser mais precavida na administração dos negócios da família. Por isso, deixou de receber cheques e agora só vende a dinheiro. “Já perdi a conta de quantos prejuízos meu pai teve por vender e não receber. Agora, só a dinheiro.”

No próximo ano, Talita pretende realizar o sonho que lhe acompanha há anos: o de ser estilista. Para tanto, vai se matricular no curso do Senac de Caruaru, a 37 quilômetros de Toritama. “Já fiz o curso básico, de seis meses. Agora, quero fazer o que vai durar três anos.”

Hoje, Talita emprega seis costureiros. Até maio, ela pretende contratar mais seis profissionais e aumentar a produção. “Em maio, a gente nem tem tempo de conversar. Estaremos a pleno vapor para a Semana Fashion de Toritama”, lembra.

A confecção de Talita e de seu pai é uma das centenas de fábricas familiares que surgiram em Toritama desde que o município substituiu a indústria de calçados pela do vestuário.

O pai de Talita, que divida com ela a administração da confecção da família, vende a produção da Feira de Toritama e na cidade vizinha de Santa Cruz do Capibaribe.
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