Os investimentos estrangeiros no setor produtivo brasileiro caíram quase 40% no primeiro trimestre de 2009. De acordo com o relatório de contas externas divulgado pelo Banco Central, entraram no país US$ 5,342 bilhões nos três primeiros meses desse ano, ante US$ 8,8 bilhões no mesmo período do ano passado. Trata-se do pior resultado para o primeiro trimestre desde 2006, quando entraram no país US$ 4 bilhões.
Somente em março, os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 1,444 bilhão, pior resultado para meses de março desde 2005 (US$ 1,4 bilhão). No mesmo mês do ano passado, entraram no país US$ 3 bilhões.
Em 2008, os investimentos estrangeiros alcançaram o valor recorde de US$ 45,06 bilhões e ainda não haviam refletido os efeitos da crise econômica. Para esse ano, o BC prevê um saldo de US$ 25 bilhões.
Para o mês de abril, o BC espera uma entrada de US$ 2,3 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (já entraram US$ 2 bilhões até hoje). Este montante seria mais do que suficiente para financiar o déficit previsto para as transações correntes nesse mês, de US$ 1,3 bilhão.
Ações
Já os investimentos estrangeiros em ações e títulos públicos ficaram positivos pela primeira vez desde agosto do ano passado. Entraram no país US$ 481 milhões em março, ante US$ 747 milhões no último mês antes da piora da crise internacional.
No trimestre, o resultado ficou negativo em US$ 3,498 bilhões. No mesmo período do ano passado, estava positivo em US$ 6,2 bilhões.
Considerando apenas as ações negociadas no país, entraram US$ 844 milhões em março, primeiro resultado positivo desde maio de 2008.
Até o dia 22 de abril, já entraram no país US$ 650 milhões em ações e US$ 237 milhões em renda fixa.
Déficit
Os investimentos estrangeiros ajudam o Brasil a financiar o seu déficit na conta de transações correntes, que fechou o mês passado com um resultado negativo de US$ 1,645 bilhão. No ano, o déficit acumulado é de US$ 5,02 bilhões, menos da metade do registrado no mesmo período de 2008 (US$ 10,3 bilhões).
Entram nessa conta o resultado da balança comercial (+US$ 1,772 bilhão em março), os gastos do país com serviços e rendas (-US$ 3,674 bilhões) e as transferências unilaterais (+US$ 258 milhões).
Em relação ao ano passado, houve melhora no saldo da balança comercial e um envio menor de lucros para o exterior. No trimestre, o saldo da balança subiu de US$ 2,7 bilhões para US$ 3 bilhões. Na conta de serviços e renda, o resultado negativo caiu de US$ 14 bilhões para US$ 8,87 bilhões.
Fluxo cambial
O fluxo cambial, que mede a entrada e saída de dólares no país, está positivo em US$ 557 milhões em abril, segundo dados do BC até o dia 17. Nesse período, houve mais dólares entrando do que saindo do Brasil.
O fluxo é dividido em duas partes. Na área financeira, o resultado está negativo em US$ 446 milhões em abril. Esse resultado foi parcialmente compensado pela entrada de dólares no valor de US$ 1,003 bilhão no comércio exterior (diferença entre exportações e importações).
