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Domingo, 08 de setembro de 2024

Notícias | Economia

Otimismo relativo sobre a economia mundial não esconde as divergências

O otimismo relativo sobre uma próxima retomada da economia mundial demonstrado por líderes políticos que se reuniram neste sábado, em Washington, no Fundo Monetário Internacional (FMI), não ocultava suas divergências sobre várias questões básicas.


Após ter estimado na véspera que "a recuperação da atividade econômica deverá começar mais para o final do ano" mesmo se persistirem "grandes risco" , os representantes das grandes potências do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão) enfrentaram sábado as reivindicações dos países emergentes que os consideram responsáveis pela crise.

"Esta crise tem raízes no coração do sistema capitalista moderno. Foi provocada por uma inovação financeira sem contenção e nutrida pela criação de uma riqueza artificial por entidades financeiras especuladoras e não reguladas", afirmou o ministro argentino da Economia, Carlos Fernandes, durante sua intervenção ante o Comitê Monetário e Financeiro International (CMFI), a in stância política do FMI.

O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, fez um apelo sábado, durante sua intervenção no CMFI aos grandes países emergentes a contribuírem "num nível correspondente à força de sua posição (financeira) externa" - um apelo velado à China, que possui as maiores reservas cambiais do mundo.

Mas estes países não entendem a situação da mesma forma. Os primeiros entre eles, como China, Brasil e Argentina, querem que toda a contribuição se traduza por uma melhor representação no seio das instâncias dirigentes.

"O FMI se arrependeu de seus pecados originais. Mas deve sempre responder ao primeiro deles que é seu déficit democrático", destacou o ministro brasileiro Guido Mantega.

Felicitando-se com as reformas empreendidas, afirmou que "esperamos, no entanto, que a vontade política avance mais rapidamente na direção de maior representação dos países em desenvolvimento na instituição".

E pediu a reintegração de Cuba, que deixou o FMI em 1964.

Outro pomo de discórdia é a questão dos ativos tóxicos dos bancos, identificada pelo FMI como o nó górdio da crise.

O Fundo estima que os bancos devem tirar de suas contas 2/3 dos 2,4 trilhões de ativos "tóxicos" que possuem.

O Fundo prevê para este ano um recuo do Produto Interno Bruto mundial (o conjunto de riquezas e bens produzidos) da ordem de 1,3%, o primeiro desde a Segunda Guerra Mundial, seguido de uma leve retomada em 2010 (+1,9%).

De qualquer forma, as assembleias do FMI e do Banco Mundial neste final de semana em Washington testemunham a irrupção do G20 (dos principais países emergentes e que inclui o G7) como instância de decisão na cena internacional.

Os chefes de Estado e de governo do G20 haviam levantado durante sua cúpula do início de abril, em Londres, um catálogo de medidas para sair do impasse, articulando-se essencialmente em torno do FMI.

Mas para desempenhar plenamente o papel que lhe cabe, o Fundo precisa de novos recursos; seus emprétimos concedidos chegaram a dobrar em 15 meses, para atingir, no final de março, 38 bilhões de dólaras.

Em Londres, o G20 prometeu mais de um bilhão de dólares suplementares a organizações financeiras multilaterais, a maior parte indo para o Fundo.
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