O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, avaliou nesta quarta-feira (3) que a euforia dos investidores com relação à economia brasileira, com o ingresso de recursos no país para aplicação em renda fixa e na bolsa de valores, acontece porque eles acreditam que o país vai sair mais forte da crise financeira internacional.

"A euforia que hoje existe com o Brasil, com a entrada de valores, é porque os investidores internacionais apostam que o Brasil vai sair mais forte [da crise financeira]. Não há investimento em bolsa de valores se os investidores apostam em recessão prolongada", avaliou Meirelles no Congresso, em audiência pública na Comissão que acompanha a crise financeira.

Dados da bolsa de Valores de São Paulo informam que a entrada de recursos de investidores estrangeiros no país para esta modalidade já supera a barreira dos US$ 10 bilhões neste ano. Este fator tem influenciado a cotação da moeda norte-americana que, abaixo de R$ 2, está no menor patamar em, pelo menos, oito meses.

Meirelles lembrou que o BC teve de vender dólares no mercado à vista no fim do ano passado e início de 2009. "Havia grande volume de saída de capital, com grandes fundos de investimentos externos sofrendo saques. Com isso, tinham de vender papéis brasileiros para fazer caixa e cumprir seus compromissos no exterior. Felizmente, o BC tinha reservas suficientes para vender dólares", disse ele, relembrando que a autoridade monetária já está, novamente, comprando divisas no mercado à vista.

Segundo o presidente do Banco Central, a "solidez da regulação nacional" (atuação do BC na fiscalização do sistema financeiro) foi "fundamental" para minimizar os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira. "Todas as instituições financeiras são reguladas pelo BC. Nos Estados Unidos, o Lehman Brothers [cuja concordata marcou o agravamento da crise em setembro de 2008] não era", disse Meirelles.