O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, disse nesta segunda-feira que o objetivo da proposta de reforma do sistema financeiro, que será apresentada na quarta-feira (17), será preencher as lacunas que permitiram o crescimento do risco e deixar o sistema "mais chato".

"Queremos ter um sistema mais chato, um pouco menos de excitação, um pouco menos de drama", disse Geithner, em um fórum econômico em Nova York. "Vamos tentar eliminar as lacunas na estrutura básica [do sistema financeiro]."

"Tinhamos um sistema que se provou muito instável, muito frágil, que minou o que era uma grande força nesse país --um sistema financeiro que era o melhor do mundo", disse o secretário.

O governo já havia anunciado a criação de um cargo de "supervisor especial" --para o qual nomeou Kenneth Feinberg--, que poderá vetar planos de remuneração considerados "excessivos ou inapropriados" nas empresas que receberam uma ajuda do governo para não quebrarem.

Questionado se acha que os banqueiros estão interessados apenas em suas remunerações, Geithner disse que os planos de pagamento de executivos são elaborados para superar a capacidade dos controles que protegem o sistema financeiro do risco excessivo. "Os incentivos eram poderosos demais", disse. "E isso é algo que temos de consertar."

Na semana passada, no entanto, ele anunciou que o Tesouro desistiu de impor através de lei um teto salarial às instituições financeiras, pois "isso seria ineficiente". "Quero ser bem claro sobre o que não fazemos: não limitamos os salários, e não apresentamos fórmula específica sobre a forma como as empresas deveriam estabelecer sua política de remuneração."

Proposta

Entre os itens da proposta a ser apresentada, estarão a extensão dos poderes do Fed (Federal Reserve, o BC americano), a abertura para que o governo possa fechar ou desmembrar empresas do setor financeiro e a criação de um órgão para fiscalizar produtos financeiros voltados para pessoas físicas.

Em um artigo conjunto publicado também hoje, no diário americano "The Washington Post", o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, e o assessor econômico chefe do presidente Barack Obama, Lawrence Summers, reconhecem que o sistema regulatório atualmente existente "se concentra na segurança e solidez de instituições individuais, mas não na estabilidade do sistema como um todo".

"Como resultado, não era exigido das instituições que mantivessem capital suficiente para se manterem seguros em tempos de estresse sistêmico. Em um mundo em que os problemas de umas poucas empresas grandes colocam o sistema todo em risco, essa abordagem é insuficiente", diz o artigo no "Post".