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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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"Deixar criança brincar e ter contato com outras crianças é importante", diz infectologista

O Globo Repórter na última sexta-feira (18) mostrou o mundo invisível das bactérias, as menores criaturas do planeta. Trilhões delas estão em todos os cantos, da cozinha ao banheiro de nossas casas, e fazem parte de nossas vidas todos os dias. Se por um lado são necessárias em nosso dia a dia, por outro podem prejudicar nossa saúde.


O programa convidou Edimilson Migowski, infectologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para um bate-papo com os telespectadores no site. confira, abaixo, os melhores momentos da entrevista.

Proteção das crianças

"A gente sabe que aquele rigor todo em relação à higiene e limpeza, que era a chamada de 'Teoria da Higiene', sugere que estas crianças que não se expõem tanto poderiam desenvolver mais questões alérgicas, rinites e asma. Mas há o outro lado da história, uma criança muito exposta à sujeira pode desenvolver doenças intestinais, de pele e infecções virais. Então, um rigor muito grande é um exagero que a gente observa que acontece com alguma frequência. Portanto, ter bom senso, deixar a criança brincar e ter contato com outras crianças é importante e deve ser estimulado".

Os perigos das latas de alumínio

"Não é só a presença de bactérias que causa doenças. Existe uma equação que determina que uma doença é representada pela quantidade de bactérias, vírus ou fungos dividida pela resposta imunológica de uma pessoa. Então, uma lata que seja mantida em um ambiente não higienizado, pode sim estar contaminada. O ideal é que a lata seja lavada antes do consumo. Se não for possível, pelo menos enxugue a água da borda da lata para diminuir a quantidade de bactérias. Muitas vezes, uma quantidade menor de bactérias ou vírus pode não ser suficiente para desenvolver uma doença".

Salmonela

"É uma bactéria frequente em ovos e também comum em alguns animais, como répteis. A variedade que mais nos causa preocupação é a Salmonella typhi. Ela pode causar febre tifóide, diarreia, vômitos e levar inclusive à morte. Mas não é comum no Brasil. Já a Salmonela mais comum causa diarreia e pode estar presente em carnes mal passadas, maioneses ou qualquer outro tipo de alimento feito com ovo cru ou mal passado. Há uma incidência relativamente alta a diarreia que ela pode causar pode vir a ser grave. Mas evolui bem, quando bem tratada".

Álcool Gel

"É uma saída bastante interessante quando não existe a possibilidade de lavar as mãos com água e sabão. Neste caso, o ideal é que seja feita a higiene das mãos, de preferência sem nenhum adereço, com álcool a 70% e glicerina a 2%. Este tipo de produto é extremamente útil".

Limpeza doméstica

"O tipo de produto mais adequado depende da utilização a ser feita. Por exemplo, a água sanitária é extremamente útil para se fazer a limpeza de banheiros e de hortaliças que serão ingeridas. Ela tem uma ação bastante interessante e com um custo não muito alto. Existem outros produtos que são bons, mas a água sanitária de forma geral atende bem a demanda de uma casa".

Infecções hospitalares

"Hoje em dia, com a segurança que se pratica nos hospitais, infecções estão cada vez mais raras. Mas é possível que se tenham quadros graves, como a KPC, uma bactéria que surgiu recentemente, que tem resistência grande e pode levar a um quadro de infecção generalizada. Mas, curiosamente, este tipo de bactéria acaba sendo mais grave em pessoas que estão imunodeprimidas, ou seja, pessoa que fizeram uma cirurgia, estão sob estresse ou sob tratamentos como quimioterapia ou radioterapia, por exemplo. Uma pessoa com o sistema imunológico normal dificilmente teria uma doença grave adquirida em um ambiente hospitalar. O problema é que as pessoas que estão em um ambiente hospitalar geralmente não têm uma boa resposta imune. É por isso que se vê uma bactéria complicando o quadro de um paciente e não se vê o mesmo acontecendo com um funcionário do sistema de saúde, que está fundamentalmente saudável".

Abuso de antibióticos

"Quando se utiliza o antibiótico, a maior parte das bactérias acaba sendo destruída. Já aquelas remanescentes podem se desenvolver. Por exemplo, se você tiver 100 bactérias e só uma mais agressiva, ela terá que disputar nutrientes com as outras 99. Quando se utiliza um antibiótico por um tempo mais curto ou se interrompe o tratamento pode ser que não tenha havido tempo suficiente para a destruição de todas elas. Desta forma, as mais fracas podem ser destruídas pelo medicamento e justamente aquela mais forte se mantém. Esta bactéria então irá proliferar e colonizar aquela pessoa somente com bactérias mais resistentes. O antibiótico acaba fazendo pressão na seleção de bactérias e, por isso, que no ambiente hospitalar nós vemos o surgimento de bactérias mais resistentes com maior frequência. Por este motivo, é que estes medicamentos são de tarja vermelha e só devem ser usados com recomendação médica. Costumo dizer que a automedicação não deve ser praticada nem pelo próprio médico, que deveria procurar um colega para discutir o tratamento mais adequado".
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