A audiência pública realizada nesta quinta-feira (19) para debater a insegurança e o bullying nas escolas de Rondonópolis trouxe à tona problemas ainda mais graves. Segundo relatos de pessoas da comunidade escolar, funcionários chegam a negociar com traficantes para que alunos não sejam corrompidos pelo vício das drogas.

O encontro foi proposto pelo vereador Adonias Fernandes (PMDB), a pedido do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep). Professores, pais de alunos e populares relataram casos de bullying, tráfico de drogas, roubos, agressões, falta de assistência familiar, acúmulo de atividades e outros fatores que dificultam o trabalho dos educadores.

“A violência tem extrapolado todos os limites, o bullying não está presente apenas nas escolas, mas em toda a sociedade”, afirmou a educadora da Escola Municipal Vila Rosely, Vanuza Santana, que reforçou a necessidade de uma mudança de atitude, onde seja pregado o respeito e a valorização ao próximo.

O presidente do Sintep, João Eudes da Anunciação, entende que se houver mais investimentos na educação, o índice de violência reduzirá. Para alcançar esse patamar, o sindicalista pediu ajuda aos vereadores, autoridades policiais e a sociedade.

Outra reclamação recorrente entre os educadores é a ausência do Conselho Tutelar nas escolas. Segundo relatos, a entidade não atende as dezenas de solicitações realizadas pelas escolas alegando falta de estrutura para o atendimento. Enquanto isso, professores e funcionários arcam com a responsabilidade em relação aos alunos que possuem dependência química e desvios de conduta.

Os educadores também reclamaram da demora e da dificuldade em conseguirem contato com a PM através do 190. Segundo o comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar, major Odair Pereira de Moura, duas linhas do Copom não funcionam e as ligações que são direcionadas a elas são perdidas. Para solucionar a questão, o presidente da Câmara, vereador Ananias Filho (PR), disponibilizou dois aparelhos celulares à PM, no sistema pré-pago, para atendimento exclusivo a rede de ensino da cidade. O número será fornecido aos diretores.

“A corporação tem preocupação em atender as escolas, mas pelo número reduzido de efetivo não podemos desenvolver ações mais intensas. A PM presta o serviço de Ronda Comunitária Escolar, que procura estar presente nas escolas e conhecer a realidade de cada unidade para poder identificar os problemas que devem ser sanados e esses telefones vão nos auxiliar na prestação desse serviço”.

Ao término da Audiência, os vereadores se comprometeram a tentar resolver os problemas relatados, no que tange ao município, e realizar encaminhamentos dos pontos levantados às esferas superiores. A Câmara também vai convocar o Conselho Tutelar para prestar esclarecimentos sobre a falta de atendimento às escolas. Com informações da assessoria.