Oitocentas crianças e adolescentes que outrora eram trabalhadores infantis, agora participam do Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil (Peti), em Rondonópolis. São 1350 menores de 18 anos inscritos no programa, 300 deles oriundos da zona rural. Os demais integrantes estavam em situação de risco, deixados à própria sorte no período em que não estavam na escola, para que os pais pudessem trabalhar.

A maioria das crianças e adolescentes atuava como vendedores de picolé pelas ruas, verdureiros, catadores de latinhas ou ajudavam os pais na feira ou no camelô para reforçar o orçamento familiar. Hoje cada participante do programa na área urbana recebe uma bolsa de R$ 40 mensais. Os da zona rural ganham R$ 25. O recurso é controlado pelos pais.

Para marcar o encerramento da Semana Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, meninos e meninas participantes do Peti fizeram apresentações de teatro, dança, artes marciais e música na praça Brasil, hoje pela manhã. No final do evento realizaram uma passeata no centro da cidade.

A coordenadora do Peti em Rondonópolis, Neirivan Costa, admite que uma minoria das crianças atendidas no programa vez ou outra voltam a trabalhar. “A maioria dos pais entenderam a proposta, mas às vezes nos deparamos com irregularidade e notificamos esses pais e resgatamos a criança novamente”.

Na avaliação de Neirivan, muitos críticos do programa resistem em aceitar que os tempos são outros. “Há 30 anos era outra realidade. Hoje colocar uma criança sozinha na rua é muito mais perigoso. As drogas são mais disseminadas e hoje não há mais aquela tranqüilidade de ficar na porta de casa e sair nas ruas”, pondera a coordenadora do Peti.

O Peti em Rondonópolis é desenvolvido em cinco unidades e ainda há espaço para atender mais 300 crianças e adolescentes.