A iniciativa do Instituto Federal de Educação IFMT, Campus Cáceres, em promover educação básica e tecnológica para Jovens e Adultos, por meio do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional de Jovens e Adultos, na Formação Inicial e Continuada, integrada com o ensino fundamental, Proeja FIC é destaque nacional.
O projeto, desenvolvido em parceria com a prefeitura municipal, com pescadores de Cáceres e pequenos produtores da comunidade rural de Vila Aparecida ganhou a medalha Paulo Freire pela relevante contribuição para a educação de jovens e adultos no Brasil.
Concedida pelo Ministério da Educação, MEC, por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e inclusão (Secadi) , desde 2005, a medalha Paulo Freire destaca experiências bem sucedidas de políticas, programas, e projetos de alfabetização e educação de jovens e adultos.
Este ano, o foco foram ações que articulam a continuidade dos estudos e a interface com o mundo do trabalho, na perspectiva da educação e aprendizagem ao longo da vida. 75 projetos de todo o Brasil foram inscritos. Os 10 finalistas receberam a visita de avaliadores do MEC e 5 foram contemplados com a medalha. O Proeja FIC/Cáceres-MT foi o único da região Centro-oeste a ser premiado com a medalha .
O projeto de Cáceres é desenvolvido com metodologia diferenciada para atender as demandas da comunidade. Em Vila Aparecida é ofertado o Curso de Processamento de Produtos de Origem Animal integrado as séries iniciais (1ª a 4ª) e finais (5ª a 8ª) ao ensino fundamental. O retorno à educação formal mudou a rotina e as expectativas dos mais de 70 alunos, todos pequenos produtores rurais, e suas famílias.
“ É uma transformação muito grande. Só a gente passando é que sabe. Quem teve oportunidade de estudar desde pequeno, formou-se e tem maior facilidade, as vezes não entende o que estamos passando”, afirma a aluna Leci Costa, 62 anos. Ela e o esposo, José Almeida Bernardes, 63 anos, são colegas de curso. Voltaram a estudar depois de 50 anos fora da escola.
“Além das aulas, todos os dias sentamos para estudar juntos em casa. Um ajuda o outro. A gente está bem feliz!”, completa José Almeida.
Na zona urbana de Cáceres, o projeto atende a população ribeirinha, em especial pescadores e outros trabalhadores das atividades pesqueiras no curso de “Aproveitamento e Industrialização de Pescados Regionais Integrado às Séries Iniciais do Ensino Fundamental”. São 130 alunos.
Desenvolvido com calendário próprio e metodologia diferenciada aplicada a realidade social e práticas culturais dos alunos, o projeto intensifica as aulas no período da piracema, quando os pescadores não estão exercendo as atividades no rio, e entre os meses de março e outubro as atividades são ministradas em finais de semanas nos diferentes acampamentos de pescadores.
“O estudo entrou em mim como um sonho. Eu não enxergava, aquilo para mim era um vulto. Quando a leitura começou entrar em minha boca, em minha mente, passei a formar letras, a escrever, ai aumentou mais a vontade de estudar”, conta o pescador e aluno José Santana, destacando o propósito da autonomia e superação em sua vivência de retorno escolar.
“Eu decidi estudar para não estar pedindo pros outros leem para mim, preencher documentos, por que a vida inteira, quando eu não estava na agricultura estava na pescaria. Não estudei, não tive chances”, afirma.
As aulas da educação básica são realizadas na escola municipal Buriti (Vila Aparecida) e na Escola Municipal Duque de Caxias (Proeja FIC/Pesca) por professores da rede municipal de ensino. O conteúdo voltado para educação profissional é trabalhado nos laboratórios do IFMT/Cáceres.
Além do Proeja FIC/Cáceres-MT foram contemplados com a medalha Paulo Freire um projeto do Acre, Ceará, São Paulo e Rio Grande do Sul.
