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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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'Droga é o problema', diz orientadora da escola com pior Ideb em RO

Foto: Taísa Arruda/G1 RO

Alunos enfrentam salas de aulas sem condicionadores de ar e falta do abastecimento de água.

Alunos enfrentam salas de aulas sem condicionadores de ar e falta do abastecimento de água.

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Manaus, em Porto Velho, obteve a pior média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) , 1,6, nas séries finais do ensino fundamental - 5ª a 8ª série/9º ano. A média nacional é de 4,1 e a estadual é 3,7. Na classificação entre todas as escolas do Brasil, a Escola Manaus ficou na 30.730º colocação. Para a orientadora educacional da escola Manaus, Joana Darc, a pior média não é surpresa. Joana acredita que são vários os fatores que contribuem para a atual situação, como o tráfico de drogas e o não acompanhamento dos pais.


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“A escola está em uma periferia social, apesar de está localizada no centro da cidade. Não somos atendidos pelos órgãos públicos, estamos lutando contra forças maiores que nós”, compara a orientadora.

A quadra de esportes, segundo Joana Darc, é utilizada por traficantes e viciados até mesmo durante o dia.

“Enfrentamos o maior dos nossos problemas, que são viciados e traficantes. Eles permanecem até durante o dia em nossa quadra de esporte para usar e vender drogas; e o pior é ver nossos alunos usando o mesmo espaço que esses marginais. Não temos força, dependemos de ajuda. A polícia afasta essas pessoas e depois elas retornam”, lamenta a orientadora.

Os professores afirmam que é comum ver alunos sob o efeito de drogas em sala de aula. “Temos casos de alunos que entram em sala de aula sob efeito de drogas, há casos de meninas que engravidam muito cedo, com até 11 anos. A gente chama os pais, conversa com o aluno, mas às vezes os próprios pais não acreditam na gente e querem até nos processar”, explica a professora de história Tânia Rogete.

O professor de inglês Renato Lentini Neto acredita que falta apoio de vários setores públicos. “Temos além dos problemas externos, o fator interno, falta investimento na parte de infraestrutura. As aulas estão sendo encerradas com duas horas antecedência porque não temos água. Alunos passam mal por causa do forte calor, além da parte mais lamentável, já perdi vários alunos para as drogas”, afirma o professor.

'É muito perigoso'
Para Estefani Menezes, de 15 anos, estudante da 8ª série, a maior dificuldade é a convivência com os alunos viciados em drogas. “Os professores dão atenção pra gente, se dedicam. O problema são esses alunos que usam drogas, é muito perigoso. Ano que vem vou ter que ir para outra escola porque o ensino médio aqui só funciona pela parte da noite e o perigo aumenta”, afirma a aluna.

O aluno Daniel Oliveira, de 15 anos, estudante da 8ª série, afirma que já teve contato com marginais na quadra da escola. “Mas eu acho que além do problema da falta de policiamento está faltando atenção para a instalação de ar-condicionado nas salas de aula, é muito quente”, diz o estudante, que é considerado um dos mais aplicados.

Sem apoio dos pais
Sobre as atividades escolares e extracurriculares a orientadora explica que tudo é feito pensando em aproximar os alunos e os pais da escola. “A maioria dos pais trabalha o dia inteiro e temos dificuldades de trazê-los para a escola e acompanhar os filhos. A presença deles em reuniões escolares é muito baixa. Por vezes há alunos que têm pai ou mãe presos, viciados e por causa disso fica difícil fazer algum trabalho com eles”, afirma a orientadora.

Estrutura danificada
Localizada no Bairro Mato Grosso, Zona Sul de Porto Velho, a Escola Manaus têm problemas em sua estrutura física. Os vidros das janelas das salas de aulas da escola foram trocados por causa do vandalismo, ventiladores foram instalados no lugar dos condicionadores de ar, que não funcionam, aulas estão suspensas mais cedo por causa da falta do abastecimento de água e a quadra de esportes está interditada há três anos porque corre o risco de desmoronar.

A escola tem cerca de mil alunos e funciona em três turnos, com ensinos fundamental e médio, e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
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