Indignação. Esse é o sentimento quase unânime entre alunos e professores abordados pela reportagem em Cuiabá, em relação à fraude que levou ao cancelamento do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Segundo eles, não há mais "clima" para a realização da prova.
Para alunos e profissionais da educação, a avaliação teve um grande prejuízo moral. No caso de uma nova prova, ninguém atribuiria qualquer credibilidade à sua aplicação. Segundo ele, o mais correto a ser feito agora é o cancelamento do Enem, ou ao menos o abandono do uso como vestibular e ou complemento.
“Jamais voltarei a confiar. Tenho certeza que a próxima prova também vai ser burlada”, declarou Maiara Mariotto, estudante de 19 anos que pretende ingressar no curso de medicina. Além desconfiança, a jovem teme a coincidência de datas do novo Enem com algum outro vestibular pretendido por ela.
Vitor Pegorini, de 20 anos, pretende ingressar no curso de arquitetura na UEL (Universidade Estadual de Londrina), que adotou a avaliação nacional como parte do processo seletivo, está preocupado no que isso pode acarretar para ele. “Imagino que a UEL vai aplicar a prova normalmente e desconsiderar o Enem, mas ainda não sei de nada”.
Os colegas do curso pré-vestibular acreditam que em Mato Grosso a UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) deveria assumir o vestibular e abandonar o Enem. Segundo eles, a universidade desconsiderou a vontade dos vestibulandos quando adotou o novo sistema de ingresso.
Alguns professores, que preferiram não se identificar, estão preocupados com a lisura de uma nova avaliação. Segundo eles, é preciso repensar o Enem e reestruturar o suporte para a prova.
“Não soubemos nem de treinamento de monitores. Em 2008 os monitores nem pediam o RG durante a realização da prova e, agora, a prova foi fraudada antes mesmo da aplicação”, declarou um dos professores.
Inquietos, eles alimentam a discussão: “Podem esperar fraude no concurso do Estado também, pois a Unemat (Universidade de Mato Grosso) não tem logística para preparar uma avaliação deste porte”.
