No início da temporada, Fred anunciou que seu objetivo era marcar 60 gols, voltar à Seleção e conquistar um título pelo Fluminense. Das três, apenas a última ele ainda pode cumprir. E, mesmo assim, o camisa 9 reconhece que o protagonista da campanha é outro: Conca. Apesar disso, o atacante desconversa quando questionado se cederia ao argentino a faixa de capitão que o camisa 11 usou no período em que o artilheiro esteve lesionado.

Fred ainda garantiu não se arrepender do episódio em que o ex-coordenador médico Michael Simoni acabou pedindo demissão do clube e já fez suas promessas para 2011: Libertadores e Mundial de Clubes com o clube tricolor.

Qual foi a sensação de ter voltado a marcar pelo Fluminense?
Fred: Marcar é sempre bom. Inclusive, tem uma frase do Rei Dadá Maravilha da qual gosto muito: 'não existe gol feio. Feio é não fazer gol'. E fazer gol pelo Fluminense é diferente. A torcida do Fluzão é diferente, tem o dom de contagiar. Já não aguentava mais de saudade de ouvir a torcida cantar: 'o Fred vai te pegar...'.

Como analisa a partida contra o Palmeiras?
Como não poderia deixar de ser, uma decisão. O Palmeiras vem de uma eliminação frustrante na Sul-Americana e precisa recuperar o prestígio diante da torcida. A hora é agora e não podemos vacilar um instante sequer. Tudo será decidido nos últimos minutos da última rodada. O campeonato está completamente em aberto.

No início do ano, você disse que a sua meta era marcar 60 gols e participar de toda a temporada. Atuações de gala nas duas últimas rodadas apagariam essa frustração?
Não só o atleta profissional, mas todos na vida devem estar preparados para enfrentar os desafios que o destino nos reserva. Fechamos 2009 como heróis. Tudo o que estamos vivenciando hoje só está sendo possível porque no ano passado acreditamos no inacreditável. Claro que eu queria ter feito não só os 60 gols, mas, acima de tudo, 60 jogos nesta temporada. Infelizmente não foi possível. As lesões me impediram. E este é o momento mais difícil na vida de um atleta. Contudo, Deus está abençoando o Fluminense. Se o Fred não pôde ajudar boa parte do campeonato, tiveram outros guerreiros que honraram nossa tradição. Futebol é sinônimo de trabalho em equipe. Se um está impossibilitado de ir para a batalha, o companheiro está pronto para suprir. Agora só penso em contribuir para a conquista do título, que apagará qualquer percalço.

Como você vê as acusações de que leva uma vida desregrada fora de campo e que isso teria atrapalhado a sua recuperação?
A partir do momento em que você se torna uma pessoa pública, você tem que ter segurança para receber críticas, mesmo que injustas.

Se arrepende de ter criticado publicamente o ex-coordenador médico do Fluminense, Michael Simoni?
Não. Não me arrependo.

Três lesões consecutivas na panturrilha esquerda e mais de 20 jogos fora da equipe. Este foi o pior problema que já teve?
Já passei por grandes dificuldades na carreira. Infelizmente, a pior delas aconteceu aqui mesmo no Flu. Ano passado, rompi os tendões do adutor da coxa direita. Nós, atletas de alta performance, estamos sujeitos a esse tipo de coisa diariamente. O que a gente precisa é buscar compreender os momentos ruins, tirar os pontos positivos e se fortalecer para que não aconteça novamente.

Se o Fluminense conquistar o título, quem deve levantar a taça? Você ou Conca, que foi o capitão do time por um bom tempo?
Eu seria muito pequeno se pensasse nisso neste momento. Fred, Conca ou quem quer que seja são passageiros. Hoje estamos no Flu. Mas a taça ficará na sede do clube para sempre.

Sinceramente, você acha que o Fluminense ainda estaria na briga pelo título sem o argentino?
Sinceramente? Claro que não! O Conca é um jogador diferenciado e que tem nos ajudado bastante nesta temporada. Contudo, temos um grupo qualificado e com outras peças importantes. Felizmente, cada jogador possui seu diferencial e conseguimos transpor isso para dentro de campo com bom entrosamento e muita união, desde o fim do ano passado.

Você se vê marcando o gol do título?
Qualquer jogador que esteja disputando um título sonha fazer o gol. Se você for perguntar para um zagueiro ou um volante, eles vão dizer a mesma coisa. Mas o que importa mesmo é a força do grupo e a nossa capacidade de decidir em momentos cruciais. Temos esse diferencial no Fluminense e vamos buscar isso até o fim.

Muricy Ramalho afirmou que aposta em você como o camisa 9 da Seleção na Copa de 2014. O que pensa sobre isso?
Vindo de um grande e renomado técnico como o Muricy, isso só traz estímulo para seguir em frente e buscar os meus objetivos. Ainda bem que tenho o privilégio de trabalhar com ele. É uma honra. Sei das minhas capacidades e sonho voltar à Seleção. Nos últimos anos, as lesões atrapalharam minhas pretensões, mas já passei por coisas piores na vida e tenho certeza de que posso tirar isso de letra.

Voltar para a Seleção é o seu maior objetivo?
No momento, meu maior objetivo é ser campeão. Agora, a partir de 6 de dezembro, meu foco volta para a Seleção.

O que representa o Fluminense na sua carreira? E o título brasileiro?
O Fluminense é um clube de muita tradição. Quando cheguei aqui, pude perceber em detalhes a grandeza do clube. Cada vez que entro em campo pelo Fluzão, a sensação é única e indescritível. Já tive a felicidade de conquistar por três vezes o Campeonato Francês, mas vencer o Brasileiro tem um sabor especial. Vestindo a camisa do Flu então, não quero perder esta oportunidade.

Recentemente, você disse que assinaria um contrato vitalício com o Fluminense. Se aposentar pelo clube faz parte dos seus planos?
Não costumo me arrepender das coisas que falo ou faço. Estou muito feliz aqui e não pretendo sair.

Com a vaga assegurada para a Libertadores, o que você espera de 2011?
Muito simples. Eu espero ser campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes. Só isso tudo (risos). E, claro, que Deus siga abençoando a nossa jornada.