O polêmico assunto "mala branca" não é uma coisa exclusiva do futebol brasileiro. Quem garante é o meio-de-campo Rivaldo, que esta semana acertou seu contrato com o Mogi Mirim para o Paulistão, clube o qual é também o presidente. O ex-jogador do Barcelona e da Seleção Brasileira garantiu que este tema é muito comum na Europa. E confidenciou que já até foi o intermediário, oferecendo um incentivo financeiro para um rival vencer.

- Acho que, para o outro time vencer, não tem o menor problema. O que não dá é oferecer dinheiro para alguém perder. Isso não existe e eu jamais faria - avisou.

O Rivaldo, versão "negociador", atuou em 2005, na Liga dos Campeões, quando estava no Olympiakos. Faltava uma rodada para o fim da fase de grupos e o time grego estava na liderança do Grupo A. Mas os jogos finais poderiam deixar a equipe fora das oitavas-de-final.

O Olympiakos, de Rivaldo, teria de enfrentar o Liverpool na Inglaterra e, se perdesse, seria ultrapassado pela equipe inglesa. O Monaco, que estava na vice-liderança, jogaria fora de casa contra o La Coruña e, se vencesse os espanhóis, se garantiriam no primeiro lugar da chave.

- Como eu já havia jogado no La Coruña, eu liguei para um jogador de lá e disse que meu time ofereceria um dinheiro se eles ganhassem do Monaco. Se isso acontecesse, automaticamente a gente estava classificado. Mas não deu certo - comentou o jogador, dando risada.

De fato, o plano do time grego de "premiar" o La Coruña deu errado. E o Olympiakos foi eliminado ainda na fase de grupos. Na última rodada, o Liverpool venceu a equipe de Rivaldo por 3 a 1, de virada, e avançou em segundo na chave, já que o Monaco, mesmo na Espanha, atropelou o La Coruña, vencendo por 5 a 0. A equipe inglesa acabou sendo a campeã da Liga dos Campeões naquele ano.

Mas Rivaldo já viveu o outro lado também. Quando estava no La Coruña, seu primeiro clube na Europa, ele quase recebeu uma ajuda financeira caso conquistasse um resultado positivo, durante o Campeonato Espanhol.

- Eu estava lá e o capitão do nosso time avisou que, se a gente ganhasse do Barcelona, fora de casa, o (Real) Madrid enviaria um dinheiro pra gente. Mas acabamos perdendo, o Ronaldo, na época, estava voando e fez um golaço. Paciência. Mas isso aconteceu umas duas ou três vezes na minha carreira - completou.

Liderança enganosa

Antes da última rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões, o Olympiakos liderava o Grupo A com 10 pontos, seguido do Monaco, 9, e do Liverpool, 7. O La Coruña já estava eliminado, com 2.

Os jogos

A rodada, no entanto, não beneficiava o time grego, que jogaria fora de casa com o time inglês, enquanto que os franceses iriam até a Espanha jogar contra a equipe já eliminada.

Precaução

Para estimular o La Coruña a jogar sério contra o Monaco, a diretoria do Olympiakos, por meio de Rivaldo, sugeriu uma ajuda financeira aos espanhóis. Em caso de vitória diante dos franceses, o time grego poderia perder para o Liverpool que, mesmo assim, avançava para as oitavas-de-final.

Não deu certo

A última rodada foi trágica para o Olympiakos. O time perdeu na Ingleterra por 3 a 1, e terminou com os mesmos 10 pontos dos ingleses, mas atrás no saldo de gols. O Monaco atropelou os espanhóis fora de casa (5 a 0) e avançaram como líderes da chave, com 12 pontos. O La Coruña, sem a ajuda financeira grega, terminou na última posição, com dois pontos.