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Domingo, 28 de julho de 2024

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Ben Johnson acusa empresário do rival Carl Lewis por doping em Seul

Em setembro de 1988, 46 passos perfeitos credenciaram Ben Johnson como o homem mais rápido do mundo. O canadense vencia os 100 metros rasos com o incrível tempo de 9s79 e se tornava campeão olímpico em Seul. Após a corrida, ele chegou a dizer que ninguém jamais apagaria aquela façanha. Johnson só não esperava que essa glória durasse até a manhã do dia seguinte, quando a notícia do maior escândalo de doping da história do esporte repercutiu pelo mundo. A sustância estanozolol, que aumenta a força e a potência dos músculos, estava presente na urina do atleta.


Ben Johnson perdeu a medalha de ouro e o prestígio. Nos últimos 23 anos, foi rotulado como o vilão do episódio e aguentou tudo calado. Somente agora resolveu contar a sua versão da história no livro "Seul to Soul" (De Seul para a Alma, em tradução livre). O ex-velocista confessa que se dopava regularmente, mas acusa Andre Jackson, empresário do seu maior rival na época, o americano Carl Lewis, de ter sabotado seu exame de urina nas Olimpíadas de 88. E foi justamente Lewis quem herdou a medalha de ouro de Johnson.

Depois de vencer os 100 metros, o canadense foi encaminhado para uma sala reservada, que só poderia receber médicos e os campeões, para realizar o exame de urina. Mas Johnson alega que Jackson estava no local e o acusa de ter colocado pílulas em sua bebiba:

- Eu estava lá na sala sem a menor vontade de urinar, então aceitei algumas cervejas para acelerar o processo. O Jackson abria a cerveja com uma mão, ficava com os esteróides em outra e jogava dentro da cerveja. Eu achei que não era nada, fiquei seis horas trancado lá e tomei umas quatro ou cinco garrafas, todas servidas pelo Jackson.

A equipe do "Esporte Espetacular" então procurou um médico especialista em toxicologia, que confirmou que a situação seria possível. Ben Johnson revela que contou a história apenas às autoridades canadenses após a divulgação do resultado do exame, confessou que se dopava havia sete anos e disse que só uma sabotagem poderia explicar um teste positivo justamente nas Olimpíadas. Mas os dirigentes do Canadá não acreditaram na história.

- Carreguei um fardo enorme por vários atletas. Todos os velocistas usavam, a Federação Internacional sabia disso, mas resolveram me crucificar. Virei o único culpado - disse.

Dois anos depois do escândalo, Johnson tentou voltar a competir, mas novamente foi flagrado no controle de doping e acabou banido do esporte. Tentou diversas ações para se manter na mídia, chegou a correr contra cavalos e deu treinos físicos ao craque argentino Maradona. Nada disso ajudou a apagar a mancha em seu currículo. O ex-atleta ficou longe dos holofotes nos últimos 15 anos e diz que não podia nem ouvir falar em Olimpíadas. Admite que passou por uma depressão séria e diz que ver esportes na tv só aumentava o desespero.

Foi aí que conheceu Bryan Farnum e teve a ideia de escrever o livro. A proposta era voltar ao passado, reviver o drama e contar sua própria versão para o caso de doping. Seria como uma terapia para Johnson.

- Uma das coisas que mais trabalhei com ele foi a raiva. Ele tinha muita raiva, era um vulcão. Olhe as entrevistas dele dos últimos anos e você vê a tensão, a agressividade, ele queria ajuda, queria mudar - disse o conselheiro de Johnson.

E parece que a receita de Bryan Farnum deu certo.

- Me sinto melhor agora. Nunca estive tão bem nos últimos 23 anos. Parece que tirei um peso enorme das costas, um fardo gigante. Agora eu posso me defender, dizer para as pessoas: 'vocês não sabem nada do que ocorreu naquele dia'.

Quanto ao episódio de sabotagem em 1988, Carl Lewis não quis se pronunciar sobre o asunto. Em 2003, documentos mostraram que o velocista foi flagrado em exames de anti-doping antes das Olimpíadas de Seul. Mais tarde, Lewis confessou ter utilizado substâncias proibidas, mas não perdeu nenhuma das dez medalhas olímpicas que possui. Já Andre Jackson atualmente é executivo de uma companhia de mineração na África, mas não foi encontrado para comentar as acusações do canadense.

Apesar de toda a história, Johnson diz que não quer a medalha de ouro de volta e também não pede punição para Lewis e Jackson. Para ele, o livro foi sua libertação.

- Não quero nada de quem me prejudicou. Eles vão sofrer por isso algum dia, o tempo deles virá. Só quero seguir com a minha vida e curtir os meus momentos - finalizou.
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