Julio Cesar deu um exemplo de superação na última quarta-feira. Com todas as alterações já tendo sido feitas pelo técnico Tite, o goleiro seguiu em campo mesmo depois de sofrer uma luxação exposta no dedo mínimo da mão esquerda, aos 41 minutos do segundo tempo. Dois dias após ajudar com suor e sangue o Timão a vencer o Botafogo, em São Januário, o jogador inicia a fase de recuperação do problema sem se arrepender do sacrifício que se submeteu para colaborar com a equipe.
- Fiz por intuição, por querer vencer, para não deixar meus companheiros na mão. Nessa hora, você se entrega e faz tudo com o coração – afirmou.
Nesta entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Julio Cesar conta que chegou a temer por uma lesão mais grave ao tirar a luva e ver que o osso havia rasgado sua pele. Em casa curtindo a família, o goleiro não se desliga do Timão e promete se esforçar ao máximo para não dar espaço a Renan e poder retornar o quanto antes na tentativa de levar o Alvinegro ao sexto título brasileiro.
GLOBOESPORTE.COM: Quando exatamente você percebeu que tinha se lesionado?
Julio Cesar: Acho que a bola bateu no meu dedo, só no dedinho. Normalmente, isso não é difícil acontecer com goleiros. Senti uma dor e joguei a bola para fora. Estava 1 a 0, dedo doendo, pensei em ganhar tempo. Mas, quando vi o dedo com o osso para fora, foi muito assustador.
Ver aquilo aumentou seu desespero?
O que mais me fez gritar foi a cena do dedo torto. A dor foi grande, mas ver o dedo daquele jeito foi um susto que não posso comparar com nada. Pela imagem da televisão, você pode perceber que a hora que mais grito é quando olho para a mão.
Como foi a decisão de continuar no jogo?
Fiz mesmo por intuição, por querer vencer, para não deixar meus companheiros na mão. Do mesmo jeito que o Liedson vinha jogando com dores (no joelho esquerdo), era hora de fazer esse sacrifício. O sangue estava quente e dava para continuar. Nessa hora, você se entrega e faz tudo com o coração.
Um jogador de linha no gol conseguiria evitar o empate?
Seria difícil colocar alguém da linha. Eu, com uma mão, poderia resolver mais do que alguém de linha com as duas. O Castán me disse na hora que poderia ir, porque já tinha jogado no gol. Mas o Tite falou do banco que seria o Alex. Na hora, vai por ajudar mesmo. Não tem técnica.
O Corinthians vive um momento especial no Brasileirão. É difícil sair do time agora?
O que mais me assustava era ter uma lesão maior. Eu falava para mim mesmo: ‘não posso machucar agora’. O time está passando por esse momento e ninguém quer sair. Depois que cheguei ao hospital, agradeci muito a Deus por não ser nada sério.
Você fez grandes jogos e falhou em outros. Acha que a torcida vai vê-lo de outro jeito depois desse lance?
Pode ser que sim, mas no Corinthians você sempre é cobrado por tudo o que acontecer. A torcida gosta de quem veste a camisa com essa vontade.
O Renan vai assumir a posição por, provavelmente, sete partidas. Teme perder a vaga?
Ele é um ótimo goleiro e desejo toda a sorte do mundo. Eu nunca quero ficar fora. Posso ficar mais tranquilo porque não deixei o time por falha técnica. Falo em trabalhar o máximo possível para voltar o quanto antes. Não posso dar espaço.
Você deve voltar a treinar em um mês. Como será a programação até lá?
Nessa semana, sigo fazendo treinamentos físicos. Como estou com cinco pontos no dedo, somente na outra semana vou começar a fazer fisioterapia. Vou aproveitar esse tempo fora para ficar mais com a minha esposa, sair mais. Nós ficamos muito tempo concentrados e quase não aproveitamos.
