O presidente Peter Siemsen convocou a imprensa carioca para um café da manhã no Salão Nobre das Laranjeiras nesta quarta-feira. Em pauta, o primeiro ano de sua gestão como mandatário do Fluminense. Em cerca de duas horas de conversa, Peter classificou 2011 como um grande aprendizado, considerou o saldo da temporada positivo e ainda abordou temas como a dificuldade na aquisição do centro de treinamento, os erros na saída do técnico Muricy Ramalho e a sua relação pessoal com Celso Barros, o presidente da patrocinadora.

- O ano foi longo, intenso. Tivemos pontos positivos e negativos. Mas vejo o saldo geral como positivo. Avançamos em diversas áreas. Foi tudo em uma intensidade maior do que eu imaginava. Para mim, um grande aprendizado - definiu o presidente.

Confira abaixo os principais pontos do papo:

BALANÇO GERAL

Podemos ver o ano de diversas formas. Se formos olhar pelo lado do Peter que era sócio, candidato, e antes de tudo um torcedor, foi um grande aprendizado. Até em uma intensidade maior do que eu imaginava. Como oposição, não tinha a noção completa da situação do clube. Tivemos de entender muito o funcionamento do mesmo, o espaço do futebol, a deficiência grande na área da limpeza, da manutenção, do bem estar dos sócios... Quando entendemos tudo, atacamos os problemas. Fomos fazendo coisas por reação e outras por objetivos. Foi um grande aprendizado de saber como lidar melhor com a publicidade, com a exposição pública do futebol. Isso mudou muito a minha vida. Tive de me adaptar muito.

XERÉM

No geral, o saldo do ano foi positivo. Avançamos em diversas áreas. Mesmo sem o CT ainda, conseguimos evoluir na estrutura com a reforma de Xerém. Os quatros já estão prontos. Em breve faremos a inauguração. Até outubro passado, investimos R$ 4 milhões lá. Dois campos já estão prontos. Em breve, outros dois serão reformados. Teremos quatro campos do nível do Maracanã e isso nos dá muito orgulho. Falta ainda construir o vestiário dos visitantes e um novo para nós. Hoje temos uma área técnica de respeito na base com o Fernando Simone, o Klaus, o Ricardo Corrêa... O nível de integração da base com o profissional é muito bacana. Fizemos o acompanhamento de mais de 10 mil jogadores até outubro e contratamos 60. É um funil para não errar. E outro detalhe importante: não existe mais influência de conselheiros sobre quem fica ou quem sai da base. No Fluminense acabou a peixada.

DIFICULDADES

O Fluminense vive do futebol. É a força do clube, o amor da torcida... Não encontramos a situação ideal para trabalhar. E sofremos mudanças bruscas no início que criaram dificuldades com a exposição pública da situação. Atrapalhou os próximos passos. No meio do tumulto, foi difícil contratar um treinador do nível que desejávamos. Houve divergências em relação ao futuro do Fluminense, mas foi um grande aprendizado para todos. De repente, foram males que vieram para o bem. Nos atrapalhou por algum tempo, mas foi aquele passo atrás antes de dois para frente. As mudanças nos permitiram iniciar um planejamento todo diferente. Adaptamos esse novo perfil do Fluminense à situação do mercado, à nossa relação com o patrocinador e vejo um círculo virtuoso pela frente, de crescimento e transformação para o clube.

ABEL BRAGA

Depois de tantas dificuldades, terminamos 2011 com uma perspectiva futura animadora. O perfil do nosso vice-presidente de futebol, Sandro Lima, se encaixa perfeitamente ao do nosso gerente Marcelo Teixeira. Fizemos ainda um segundo turno incrível. Talvez até poderíamos estar comemorando o título hoje se o Abel tivesse chegado antes. Naquele momento a escolha tinha de ser precisa. Não era qualquer treinador que iria conseguir impor a sua metodologia e liderança em uma situação de exposição pública como aquela. Para nós é um motivo de orgulho a maneira como o Abel chegou. Celso Barros também sempre acreditou que a espera pelo treinador seria o melhor caminho. Ainda conseguimos tirar proveito do Enderson Moreira, uma pessoa que eu aprendi a admirar e vale a pena mencionar. Ele enfrentou um elenco de peso, forte, rodado, e conseguiu aquela vitória épica sobre o Argentinos Juniors.

SALÁRIOS E CT

Pagamos todos os salários dos funcionários e do futebol profissional em dia. A única coisa que ficou pendente foi o CT. Sabemos que a Prefeitura do Rio vai estar junto conosco, mas é uma situação que exige ainda o amadurecimento da visão da área pública municipal de que a ajuda será um benefício real para a sociedade carioca. Um centro de excelência desses no Rio significa investimentos e espaço para as seleções se prepararem para eventos como a Copa das Confederações, Copa do Mundo, Copa América... Acreditamos que será um benefício enorme para a cidade também. Esperamos andar rapidamente com o CT em 2012. Mas não vou mais estipular datas. Já cai nesse erro. Quando não depende apenas da gente é mais complicado. Sou otimista e acredito nos objetivos. Mesmo que eu tenha apenas 5% de chances, vou até o fim.

RELAÇÃO COM CELSO BARROS E COM A UNIMED

Tenho a maior alegria de hoje ter uma relação legal com Celso Barros. Criou-se um mito no passado, de uma má relação, até mesmo antes de mim, mas hoje não tem nada a ver. Houve dificuldade em certos períodos e até fiquei preocupado. A Unimed é muito importante para o clube. Além disso, a dupla Sandrão e Marcelo Teixeira, pessoas que se completam, com personalidades diferentes, forma uma unidade muito forte em nosso futebol. Acho que isso ajudou na retomada da relação, de forma coesa, forte. A relação pessoal voltou a ser muito boa, sempre pode melhorar, mas já é muito boa. Me sinto muito a vontade para telefonar para o Celso, trocar idéias, e conto muito com ele para termos um 2012 especial.

MURICY RAMALHO

Não sei se teria feito diferente por causa das circunstâncias. Acho até que dificilmente conseguiria. Hoje vejo que deveria ter mudado o futebol antes. Acho até que não teria condição de fazê-lo. É difícil falar do passado. A saída do Muricy foi o passo atrás para darmos dois à frente.