Conhecer Pelé já é como um presente para muitos fãs. Atuar ao lado do Rei é algo ainda mais raro. Mas jogar junto com o Atleta do Século XX por Santos e Cosmos, dos Estados Unidos, virar amigo pessoal do maior jogador de todos os tempos e ainda marcar um gol na despedida dele do futebol é um privilégio só de Ramón Mifflin, único peruano de toda a história do Peixe.
Do alto de quem conhece muito bem Pelé, Mifflin exalta o futebol de Neymar e projeta: no futuro, o craque de 20 anos chegará próximo ao Rei do Futebol.
- Neymar será um grande jogador, gosto muito do Ganso também, é o coração do time. Como Pelé não terá. Maradona, Messi e nem nada pode ser comparado, mas o Neymar vai chegar muito perto dele - prevê.
A ligação de Mifflin com o Santos e o Rei se deu por meio das seleções Brasileira e peruana. Em 1969, quando os times se enfrentaram em dois amistosos, um de inauguração do Beira-Rio e outro no Maracanã, este marcado por uma intensa briga, o meia recebeu a primeira sondagem do Peixe para contratá-lo. À época, porém, mesmo pedindo ajuda a Didi, maestro brasileiro na Copa do Mundo de 58 e então técnico do Peru, não conseguiu, pois o Sporting Cristal, seu clube, não o liberou.
Já na Copa de 70, no México, após a vitória por 4 a 2 do Brasil sobre o Peru, os dois trocaram camisas e passaram se falar mais. Mifflin virou jogador do Racing, da Argentina, e o Santos novamente o procurou, aproveitando uma partida contra o Huracán no mesmo país. Após conversar com Pepe, então técnico alvinegro, o meia peruano fechou com o Peixe, por onde atuou durante aproximadamente um ano e meio, entre 1974 e 1975.
- Tenho as melhores recordações possíveis desta época. Foi um sonho realizado jogar no Santos. Tive proposta do Atlético de Madrid, da Espanha, e do Santos. Os diretores do Racing me disseram que eu poderia escolher, e falei: "Santos". Era um sonho jogar com Pelé - recorda, com prazer.
A parceria com o Rei foi além do Alvinegro. Durante mais três anos, ambos continuaram juntos, dessa vez no Cosmos, de Nova York, e com as companhias de craques históricos como Carlos Alberto Torres e do alemão Franz Beckenbauer.
- Temos uma relação muito boa, até hoje somos amigos. Ele que me levou para o Cosmos. Viajamos juntos por toda a parte: Japão, Rússia e China, entre outros países. Fiquei nos Estados Unidos muito tempo com Pelé, era sempre um sucesso por onde chegava. É o maior orgulho que tenho na minha carreira esportiva. Aquela equipe do Cosmos era muito boa - afirma.
Como se não bastasse tudo isso, Mifflin marcou para sempre seu nome na história do Peixe e do próprio Pelé marcando um dos gols do Cosmos na vitória por 2 a 1 sobre o Alvinegro, na despedida do maior jogador de todos os tempos do futebol - o Rei atuou um tempo por cada equipe.
Atualmente supervisor geral do Pacífico, time da segunda divisão do Peru e com sede em Lima, local onde mora, Mifflin chegou a treinar o Juan Aurich, adversário do Santos nesta quinta-feira, pela Libertadores, durante duas oportunidades, mas não obteve grandes resultados.
Até por conta de sua ligação histórica com o Peixe, ele não tem dúvidas: torcerá pelo Alvinegro diante do "Ciclón" (apelido do Juan Aurich), mas não vai ao Estádio Elias Aguirre, pela distância da cidade de Chiclayo até a capital do país.
- O Aurich tem um bom time, mas acho que o Santos vai passar por cima. Arrisco 2 a 0, gols de Neymar, espero - deseja.
Há três anos sem ver o Rei pessoalmente, Mifflin diz que tem muita vontade de participar dos festejos do centenário do Santos, a ser completado no dia 14 de abril, e faz questão de custear sua viagem ao Brasil para presenciar o momento histórico do clube. O ex-jogador só aguarda um convite do Peixe.
Para que a festa seja completa para ele, Pelé e o próprio Santos, a torcida do Alvinegro espera que o amigo do Rei esteja certo quanto ao futuro de Neymar e ao palpite do confronto diante do Juan Aurich.
