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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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Diego Cavalieri quer encerrar a carreira no Fluminense: ‘Europa nunca mais’

No dia 1º de dezembro, véspera da última rodada do Brasileirão, Diego Cavalieri completa 30 anos. Trocará com prazer a festa pela concentração. Presente? "Já ganhei. O ano foi fantástico", diz o goleiro, curtindo a conquista do título brasileiro e a convocação de Mano Menezes para o amistoso da seleção contra a Argentina, no dia 21. O goleiro menos vazado do Campeonato é um trintão feliz.


Como se sentiu ao afundar o Palmeiras para ser campeão brasileiro?

Que destino, né? Vivi 13 anos naquele clube que me formou como homem e atleta. Foi um jogo complicado para mim porque se cometesse alguma falha correria o risco de ouvir comentários maldosos. Quando acabou, eu não sabia se devia comemorar ou não. Foi uma mistura de sentimentos. Passei por um rebaixamento em 2002 (no Palmeiras) e sei o quanto é duro. Até hoje tenho amigos lá. Meus familiares são palmeirense e me xingaram e telefonaram reclamando (risos).

Que boas lembranças tem dos tempos de Palmeiras, onde tudo começou?

Nasci em São Paulo, na capital, mas convivi tanto com o Marcos que peguei esse sotaque de interior. Quando acabava o treino, ele e o Sérgio perguntavam se nós, moleques da base, queríamos almoçar. E nos davam suas luvas usadas. Eu aceitava no ato. A dificuldade era muito grande. Um par de luvas custava caro. Hoje, tento seguir o exemplo deles. A cada quatro meses, pego 10, 12 pares com a Uhlsport, e repasso algumas luvas pros garotos da base. Dou também as minhas. Mas vou guardar de recordação esse par que venho usando. Vou com elas até o jogo contra o Vasco (risos).
Você teve infância difícil?

Não passei dificuldade, mas não tive regalias. A família era humilde. Minha mãe era dona de casa e meu pai foi goleiro do Santo André, mas teve que abandonar o futebol para trabalhar como marceneiro depois que meu avô morreu de infarto. Meu pai também morreu de infarto, há três anos, aos 52. Eu estava no Liverpool... É... Meu pai e meu avô morreram de repente. Tenho que cuidar da máquina...

Por falar em Liverpool, por que fracassou na Europa?

Cheguei lá e não sabia falar uma palavra em inglês. No Liverpool, disputei apenas 10 jogos em dois anos. O treinador de goleiros Xavi Valero dizia que tudo que eu fazia estava errado. E eu pensava: "Há 13 anos faço desse jeito!" Eu chorava no campo. Lá, treinava no máximo uma hora por dia. Aqui, treino três. Fui para a Itália, e, no Cesena, clube de menor expressão, foi aquele desastre. Quando vi a estrutura, queria voltar. Fiquei quatro meses.

Que tal a volta por cima? Esta semana, você foi convocado para a seleção brasileira...

Desde que cheguei ao Fluminense, o Marquinhos (treinador de goleiros) tem sido peça fundamental na minha carreira. Ele me ajuda muito. Para ser sincero, eu não esperava a convocação. Era um objetivo, mas a seleção tem grandes goleiros. O Diego (Alves) e o Jefferson têm boa regularidade. Acho que a ansiedade só vai chegar quando eu começar a treinar com a seleção, sentindo o clima. Isso vai mexer comigo.

Ainda quer jogar na Europa?

Não. Não me seduz mais. Tenho contrato até 2014 e meu projeto é ficar aqui no Fluminense até o fim da carreira.
Você completa 30 anos no dia 1º de dezembro...

Isso. Faço aniversário na véspera da última rodada, contra o Vasco. Acho que consigo jogar em alto nível até os 39 anos. Se bem que a bola está cada vez mais rápida. Se não der, antecipo um pouco. A única coisa definida para o futuro é que voltarei a viver em São Paulo quando parar de jogar.

Que presente quer ganhar de aniversário?

Já veio antecipado. O título e a convocação me deixaram muito contente.

Onde passará as férias?

Vou pra São Paulo. Se passo muito tempo sem ir até lá, fico agoniado. Sinto falta da família, dos amigos e até do trânsito. Pretendo ficar por aqui no Rio muito tempo e, se possível, encerrar a carreira no Fluminense, como já disse. Mas não troco São Paulo por lugar nenhum.

Você aprova o trabalho da sua mulher (Daniela Muzzi) como modelo? Fica com ciúme pela fotos ousadas?

Ela tem o trabalho dela e, eu, o meu. Nenhum dos dois interfere na vida do outro. Eu respeito.

Mas, você acompanha o trabalho dela? Vê as fotos?

Depois que ela faz as fotos, é claro que me mostra... Eu vejo. Mas não gosto de falar dela porque a vida é dela.

O filho de vocês será goleiro?

Espero que não, né (risos)? Enzo tem 1 ano e 3 meses e está sempre com uma bola na mão. Falo pra ele usar o pé, mas ele só pega com a mão. Se for goleiro, vai deixar o pai sofrido.

Se seu pai fosse vivo, teria sofrido nesse Campeonato? Alguma falha ficou na sua lembrança?

Não guardei nada de especial. Mas ele daria algum puxão de orelha. A cobrança a um goleiro é sempre bem diferente.
Se é tão difícil, por que você foi parar no gol?

Eu gostava do uniforme. Com 12 anos, já estava no Palmeiras. No fundo, acho que estava mesmo no sangue. Goleiro nasce para ser goleiro. Quem não gosta, vai largar, não vai resistir ao treinamento. A gente entra no campo uma hora antes dos demais jogadores.

Marcos virou santo para a torcida do Palmeiras. Você gostaria de ser o São Cavalieri dos tricolores?

(Risos). Acho que é bom entrar para a história do clube. O projeto que tenho é esse. Espero poder me dedicar e permanecer por muito tempo aqui, mas não quero ser santo e não tenho a ambição de me tornar o melhor goleiro da história do Fluminense.
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