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Domingo, 21 de julho de 2024

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Patricia Amorim justifica gastos e critica ‘fascismo’ de grupo que assumiu o Flamengo

Principal alvo de uma investigação que será iniciada depois da reprovação das contas do Flamengo de 2011 , a ex-presidente Patricia Amorim criticou a decisão tomada pelo Conselho Deliberativo na última terça-feira, e em conversa com o Extra deu sua versão para o destino dos recursos agora questionados pelos poderes do clube.


Durante a entrevista, Patricia acusou o grupo que assumiu o Flamengo de radical e usou o termo fascista para citar as manifestações contra a sua pessoa. A ex-mandatária disse que não vai mais ao clube para não se misturar com o ambiente criado nesse começo de ano.

- Se criou uma geração de pessoas jovens com comportamento muito radical. Isso cabe numa eleição, a gente não está mais numa eleição, essa perseguição, rede social, essa gente fascista... O Flamengo vive um momento especial. A Chapa Azul vendeu união. Eu perdi com nobreza. Não me coloco nunca contra. Fico no meu canto e se precisar estou à disposição. O respeito pela instituição e as pessoas abnegadas tem que acontecer sempre, era o que eu esperava. O maior prejudicado é o Flamengo. Estou tranquila. Os documentos estão lá. Quando você delega sempre corre o risco de não saber de tudo. Mas fora isso pelas conversas com todos os presidentes de conselho, o tempo inteiro, todos dizem que não tem nada. Não se evolui num momento em que o Flamengo precisa avançar e está num momento calmo - afirmou.

Confira a entrevista:

O que achou da decisão de se abrir um inquérito para investigar as contas de 2011?

- É um Flamengo que eu não reconheço. O encaminhamento é sempre de destruição, linchamento político. Se descobriu e tem alguma coisa faltando, questiona, se apresenta. Esses problemas eram de 2011 desde a confusão com aquele contador (Rogério Tosca da Encarnação). Os problemas apareceram, e o Conselho Fiscal indicou que mandasse o contador embora e contrataram um indicado, o William Pereira. Isso foi feito em 2012, está lá há um tempão, já tinham sido feitos questionamentos, já encaminhados as respostas e eles não consideraram.

Mas as contas estão erradas?

- Não vamos botar nada debaixo do tapete, não sou disso, reconheço que havia um erro, tanto que o contador foi trocado. Mas podiam chegar e dizer que foram apontados problemas na rúbrica tal, o Conselho Fiscal encaminhou requerimentos, o Conselho Diretor antigo encaminhou e tudo vai ser analisado. Seria o justo com a tradição do Flamengo. Isso já foi feito (explicar). Se fosse recente... Já está sendo explicado há muito tempo. O Conselho Fiscal já tinha colocado as deficiências. As respostas estão lá. Acho uma barbaridade. Não estou dizendo que não existia falha, mas isso não quer dizer que houve dolo, má fé.

Então você pode explicar porque eles falam que tem despesas não especificadas de R$ 32 milhões, R$ 7 milhões, e R$ 400 mil do cartão corporativo?

- Quando se fala em R$ 32 milhões de despesas não justificadas, não é que eu não disse para que foi gasto. Se você compra um jogador e paga luvas à vista, tem que colocar no parcelamento do contrato como despesas futuras. O contador colocou como não justificada, mas estavam justificadas futuramente. Dos R$ 7 milhões tem despesa de gestão anterior. Teria que chamar o contador da época. Mas imputam tudo no mesmo orçamento. Não pode sumir uma despesa. Mas eu não tenho a origem. A gente já aprovou orçamentos recentes, com a venda do Renato Augusto, do Ibson para o Porto...fico abismada... Eu não tive esse comportamento. Fiz transição tranquila e transparente. Quando o Rodrigo Tostes (atual vice de finanças) diz que se não tivessemos voltado a pagar a Timemania poderíamos voltar a receber penhora... Primeiro não existe penhora da Patricia Amorim.

E o cartão corporativo?

- Tenho as notas de todas as vezes que usei o cartão, que foram poucas. Usei em 2010 quando o Flamengo sediou a Liga das Américas de Basquete, e o clube tem que pagar hospedagem e alimentação para todas as equipes, eram outros três times. Quando a equipe foi campeã brasileira de natação em 2012 a gente fez uma comemoração, e paguei com cartão. Mas parece que é o meu cartão. É só pegar as notas. Se o problema é com o Michel Levy, aponta o problema. Eu poderia pagar e pedir o reembolso. Existia mais de um cartão. Para mim é fácil. Se fala em R$ 400 mil em três anos, mas tem despesa de viagem, de judô, remo, polo. Aí jogam para a galera. Eu pouco viajava, ia só no aeroporto com o time de futebol.

Você vai ao clube se explicar?

- Agora mesmo que não piso lá. Não tenho vontade de estar nesse ambiente. As indecências políticas e ideológicas já foram depositadas na eleição. Achei que isso estivesse superado. Daqui para frente, a minha tolerância e minha gentileza, generosidade, acabou.

Tem medo de ir ao clube hoje?

- Não tenho porque ter medo. Tenho vida associativa de 36 anos, eu não comprei o título. Hoje sou laureada, benemérita, e coloco à disposição, se for pra passar com essa imagem não quero título nenhum. Foi tudo por trabalho voluntário, votado. Não posso imaginar que essa história seja destruída por prestação de contas, redes sociais, com gente fascista, ou uma reportagem. Não vou baixar minha cabeça. Nunca deixei de reconhecer as falhas, não me acho melhor que ninguém, mas não serei avaliada como desonesta. Podem se manifestar sobre o meu trabalho, é a democracia, mas impossível não reconhecer minha contribuição com o clube. O mais importante ao avaliar a pessoa é a intenção. A gente caminhou em algumas pastas, outras não, como o futebol, que não tem dado a resposta esperada. Mas eu trabalhei para o Flamengo. Tivemos problemas em 2012 e isso se refletiu nas urnas, ponto final. A pessoa não pode estar em julgamento. Não tem nenhuma penhora da minha administração. Tem do Edmundo, Kleber Leite, Márcio Braga. O Tostes falar da Timemania, que poderia voltar a pagar penhora, poderia. Antecipamos 27 milhões, recebemos 17 para pagar despesas ano passado, agora em janeiro entraram 10 mi e eles pagaram a Timemania. Janeiro e fevereiro já receberam luvas da Adidas, que nós trouxemos o contrato. É injusto, irracional esse julgamento. Eu não deixei penhora. Paguei 136 milhões de gestões anteriores. Também gostaria de chegar e pagar só o meu. O pessoal de 2009 teve até 2011 para aprovar as contas, inclusive o Seu Delair. Ninguém falou dos 13 milhões da BWA que pegaram adiantado sem avisar ao Conselho. Isso é motivo de inquérito. Fere a lei. Mas não quero ser ex-presidente que fica jogando pedra.

O que achou da atuação do Conselho Deliberativo e do presidente Delair Dumbrosck?

- Nunca imaginei, tem que perguntar para ele. O próprio Edmundo teve um problema sério (perdeu o título de sócio-proprietário). Por exemplo, o Helio Ferraz (ex-vice-presidente) votou na chapa azul. E foi lá no Conselho fazer a defesa do balanço e foi vaiado. Isso não posso compreender. Foram apresentadas as retificações, o Leonardo Ribeiro (presidente do Conselho Fiscal) falava, mas as pessoas não escutavam. Não que eu esperasse a aprovação. O presidente do Conselho até se manifestou dizendo que não precisava nem votar.

E a postura do novo presidente, Eduardo Bandeira de Mello?

- Essas pessoas que assumiram são bem sucedidas nas suas profissões. Tem total competência de fazer uma boa administração. Em algum momento o presidente vai ter que se posicionar, não tem jeito.


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