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Domingo, 21 de julho de 2024

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'Julgamento vai decidir a vida dele', afirma advogada de Carlos Alberto

O futuro de Carlos Alberto no Vasco está em jogo nesta quarta-feira. O meio de campo vai a julgamento no Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD/RJ) pelo uso de duas sustâncias proibidas no regulamento antidoping do futebol brasileiro...

O futuro de Carlos Alberto no Vasco está em jogo nesta quarta-feira. O meio de campo vai a julgamento no Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD/RJ) pelo uso de duas sustâncias proibidas no regulamento antidoping do futebol brasileiro e pode pegar suspensão de até dois anos do futebol. Por mais de um mês, o jogador se reuniu quase todos os dias com os advogados de defesa do clube, que convocaram testemunhas, reuniram provas documentais, além de contarem com um pedido de depoimento do jogador.


A seção está marcada para as 13h, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em sede da Barra da Tijuca. Segundo a advogada do Vasco, Luciana Lopes, o julgamento "não tem hora para acabar". Em tese, Carlos Alberto tem 15 minutos para prestar seu depoimento a respeito do caso, no tempo que também deve falar da carreira. Em sequência, as duas partes - a defesa do jogador e a procuradoria - fazem suas exposições, com o depoimento de até três testemunhas - artifício que deve ser usado somente pela defesa. Por fim, cinco auditores apresentam seus votos com o veredicto para o caso de doping de Carlos Alberto.


A advogada do Vasco não quis adiantar nada da argumentação, mas deixou clara a importância que o resultado do julgamento vai ter para o atleta que tem menos de dois meses de contrato com o clube.

- Não é um caso que diz respeito apenas ao futuro dele como jogador do Vasco. O julgamento vale para o futuro dele como jogador e como pessoa. A perda de um emprego para o homem que sustenta a sua família pode significar como a perda de um ente querido. Ele é um jogador de 28 anos, que se for condenado a dois anos de suspensão, isso pode decidir a vida dele, não só o futuro no Vasco e no esporte - disse a advogada do clube.

A diretoria do Vasco promete comparecer em peso ao julgamento. O diretor geral Cristiano Koehler, o diretor jurídico Gustavo Pinheiro e o diretor de futebol René Simões vão à seção que deve definir as possibilidades de Carlos Alberto permanecer no clube. Depois de uma boa Taça Guanabara, o meia chegou a ser procurado para tratar da renovação, mas não quis tratar do assunto em meio às finais. Curiosamente, foi no jogo semfinal, contra o Fluminense, dia 2 de março, que o jogador caiu no doping. No resultado do teste deram positivo o hidroclorotiazida, um diurético que combate a hipertensão arterial, e o carboxi-tamoxifeno, que são duas substâncias mais encontradas em remédios emagrecedores que são proibidas porque podem mascarar outro tipo de doping esportivo.

A advogada do Vasco, que orientou o jogador a não treinar mais esta semana para somente focar no julgamento, disse que tem conversado muito com o jogador sobre todos detalhes do recolhimento de provas e do julgamento.

- Ele sabe da inocência dele, está confiante, mas não está calmo porque, ao mesmo tempo, também sabe que o futuro não está na mão dele. Mas na decisão de cinco pessoas - lembrou a advogada do Vasco, Luciana Lopes, que se referia aos votos dos procuradores do TJD.

Ele sabe da inocência dele, está confiante, mas não está calmo porque, ao mesmo tempo, também sabe que o futuro não está na mão dele. Mas na decisão de cinco pessoas"Advogada Luciana LopesO diretor jurídico do clube não quis se apronfudar na expectativa pelo julgamento.

- Não quero fazer nenhuma consideração porque isso, geralmente, não ajuda no transcorrer do julgamento. Estaremos lá eu, Cristiano e René em solidariedade ao jogador - limitou-se a dizer Pinheiro.

Distanciamento e nova estratégia

No aspecto do futebol, o diretor René Simões chegou a dizer que Carlos Alberto - como todos demais jogadores - estava sendo observado até o fim do Estadual para o clube avaliar se partiria para a renovação ou não. O técnico Paulo Autuori, em entrevista coletiva, disse que um jogador como Carlos Alberto não precisava de avaliação. A discordância aconteceu antes do jogador cair no doping. O clube renegociou uma alta dívida de direitos de imagem do jogador, que chegou a ficar sete meses sem receber do Vasco.

A pessoas próximas, nos últimos dias, Carlos Alberto se queixou de distanciamento do clube com a sua defesa e com o seu julgamento desta quarta-feira. Inclusive, um dos pedidos da defesa do jogador, realizada pelo escritório que presta serviço ao Vasco, era de algumas análises complementares para detalhar a possibilidade de manipulação errada dos remédios ou alguma outra falha no caso. Os custos de R$ 8 mil na contraprova, mais R$ 6 mil de outro resultado de laboratório para análise da confecção do remédio, além de um bioquímico que atuou no caso Pedro Solberg - jogador de vôlei de praia que, após cair no antidoping, conseguiu provar inocência - e que daria um parecer sobre os remédios do tratamento ortomolecular, aos quais o jogador faz uso há mais de um ano (o serviço custaria cerca de R$ 20 mil), demoraram a chegar no departamento financeiro do clube, o que gerou um desgaste entre jogador e o Vasco.

- Soube na última quinta-feira, pelo próprio Carlos Alberto, desses custos da defesa. Ele é jogador do Vasco, a defesa é do Vasco e o advogado é do Vasco. Evidente que vamos arcar com esses custos - disse René Simões.

Questionado sobre o mesmo assunto, o vice-presidente médico do Vasco reagiu diferente do diretor de futebol. Manoel Moutinho ressaltou que responder sobre os custos de defesa do jogador não é de sua alçada. No entanto, afirmou que o clube já fez muito pelo jogador.

- Em nenhum momento o Vasco receitou ou pagou esses remédios que o jogador tomava. Nesse caso o clube está sendo apenas solidário ao Carlos Alberto. Aliás, o trabalho do departamento médico está encerrado. Tudo já consta nos autos do processo - disse o vice-presidente médico do clube.

Em decisão da noite dessa terça-feira, o advogado da farmácia Silvestre, Nélio Andrade, teve negado o pedido de participação no julgamento. O presidente do TJD/RJ José Teixeira Fernandes considerou legítima a "vinculação direta" da farmácia no processo, mas indeferiu o pedido porque viu "ausência do legítimo interesse, tendo em vista que a defesa prévia acostada aos autos não faz nenhuma referência a farmácia manipuladora das substâncias ingeridas pelo denunciado".

O indeferimento aponta um novo caminho para a defesa do jogador. Ao invés do que dizia a nota oficial do clube no dia em que foi revelado o caso de doping - "contaminação cruzada na confecção dos suplementos medicamentosos (medicação ortomolecular)" - a expectativa é de que a estratégia de defesa repita Solberg. O atleta de vôlei de praia gastou cerca de R$ 140 mil - entre advogados, novos exames e até laudos internacionais - e terminou processando o laboratório da UFRJ, o Ladetec.
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