Olhar Direto

Sábado, 20 de julho de 2024

Notícias | Esportes

Perto do sétimo título pelo Flamengo, Leo Moura exalta conquistas: ‘O que ganhei aqui vale mais do que uma Copa do Mundo’

Conhecido como jogador que trocava sempre de clube, há quase uma década só dá ele com a camisa 2 do Flamengo. Aos 35 anos, Leonardo Moura quer reviver a emoção de seu primeiro título rubro-negro — a Copa do Brasil de 2006 —, ainda sonha ser campeão da Libertadores e do Mundial antes de se aposentar, diz que seu sucessor vai sofrer para se firmar na posição e se emociona ao lembrar da suspeita de câncer em 2010.


Você andou por muitos clubes até chegar ao Flamengo. Esperava ser tão vencedor no clube?
Esperava ser campeão, fazer uma trajetória vencedora, mas não imaginava que ia ser um ídolo. O que eu consegui aqui não tem palavra que descreva. As coisas foram acontecendo naturalmente. O torcedor confiou, fui permanecendo e agora criou identidade.

Consegue se imaginar em outro clube?
Não consigo me ver sem vestir essa camisa. Hoje eu sou o Leo Moura do Flamengo. Meus amigos dizem que nem fica bem falar Leo Moura do time tal... Não tem graça. Que seja aqui até o fim.
Incomoda quando dizem que você não aguenta mais jogar na lateral? Hoje você se controla mais para aguentar temporada inteira sem tantas lesões?

Não deixo as pessoas criarem isso na minha cabeça, porque aí vou ser o que elas querem. Não desaprendi a jogar e tenho mostrado que ali ainda posso ser o melhor. Hoje sou mais experiente, sei quando atacar, quando segurar. Não preciso mais ir dez vezes ao ataque. Se for três com excelência, uma jogada de gol vai sair.
O que o Flamengo tem de diferente?

Além de ter a nação por trás, a cobrança é muito grande. É muito difícil. Jogar aqui não é para qualquer um. Com todo respeito aos outros clubes, quem joga no Flamengo joga em qualquer lugar. Mas ao contrário isso não funciona. A cobrança é igual ao Big Brother, 24 horas por dia. Se não tiver muita personalidade, não se firma aqui.
O Carlos Eduardo está sofrendo por isso?
Ele está sofrendo porque ficou muito tempo fora do Brasil. Não é fácil voltar. Ele também teve uma lesão séria, até pegar o ritmo é difícil. E aqui a cobrança é frequente. Mas acredito muito nele, ainda vai nos ajudar muito.
Você vai disputar mais uma final de Copa do Brasil. Por jogar a segunda partida em casa, com apoio da torcida, tem como o Flamengo não ser favorito?

Lógico que o cenário é de favoritismo. Em casa, a torcida em cima, a história do Flamengo é maior, com todo respeito ao Atlético-PR, mas temos que confirmar isso. Dentro do campo é o que vale. Precisamos trazer alguma vantagem para cá. E o Jayme tem sido muito feliz, mostrando que a gente precisa lutar muito.

Você tem várias conquistas no Flamengo. O que ainda falta para ficar marcado?
A Copa do Brasil é meu título mais especial aqui, porque foi o primeiro que conquistei. Quero muito outro, e falta muita coisa ainda. Costumo dizer que o livro está quase acabando, a história está quase no fim, mas faltam dois capítulos, que são a Libertadores e o Mundial. Ainda não desisti desses títulos.

É impossível esquecer a eliminação contra o América do México na Libertadores de 2008?
É o que mais feriu. Não dá para esquecer. Tenho certeza de que seríamos campeões se a gente passasse. Achamos que não era possível perder, mas futebol é no campo.

Ganhar a Libertadores e o Mundial, como você sonha, seria o fim da linha?
Pode ser que me dê mais gás. Quero jogar mais dois anos e depois ver se aguento mais um. Mas só se eu conseguir jogar bem, podendo ser útil. Não vou estragar minha carreira jogando sem condições, só para dizer que ainda estou atuando. Sou inteligente para saber a hora que não der mais.
Você vê algum sucessor para a posição?

É difícil, porque não é fácil ser lateral. O dia que eu parar pode vir outro com mais qualidade até do que eu, mas sempre vai ser muito cobrado pelo que eu consegui aqui. O Leandro, que foi o maior de todos, já disse que fui um dos melhores no Flamengo. Ouvir isso dele é muito especial. Quem vier vai sofrer pela minha carreira, pelos anos que joguei, a confiança do torcedor. E eu retribui isso tudo, então não vai ser fácil.
Por que o Jayme deu tão certo?

As coisas simples muitas vezes se tornam marcantes. Simplicidade e confiança são coisa coisas que o jogador às vezes mais necessita. Ele está agindo assim. Todo jogo, ganhando ou perdendo, ele faz questão de enaltecer o grupo. Isso é marcante. Você perde, vem alguém e te abraça, certamente todos vão se esforçar para fazer melhor da próxima vez. Isso sem falar na forma como ele confiou em quem era terceiro reserva como o Amaral. Isso cria um elo, uma coisa de família.
Quem foi o seu melhor técnico no clube?
O Joel (Santana) marcou porque foi quando vivi meu melhor momento. Hoje a fase é muito boa com o Jayme. Nunca imaginei que fosse dar tão certo, não por ele não ter capacidade, mas porque foi uma coisa tão simples que encaixou, trouxe alegria e motivação.

Você passou por um drama que foi a suspeita de câncer em 2010. Foi o momento mais difícil?
Hoje, até pela religião, eu entendo o que aquilo significou. Cheguei a ter certeza de que sairia do Flamengo e ficava na dúvida porque algumas coisas não aconteciam. Aí, quando fiz os exames (sobre o tumor no nariz), o Dr. Augusto (César, médico que o operou) falou que, se eu estivesse em outro clube, se não fizesse a revisão periódica, aquele tumor poderia não ser sido descoberto e eu poderia ter ficado cego. Foi um momento de sofrimento, o medo de ter que parar de jogar. Mesmo confiando em Deus, foi difícil.

Aquilo mudou sua forma de ver a vida?
Outro dia eu estava conversando com a Camila (mulher do lateral) que a gente vê as pessoas esbanjando o que têm, o que fazem... Eu sempre vou querer o melhor para a minha família, dar conforto, mas sempre sabendo que estamos emprestados aqui. Quando a gente vai embora, tudo fica. Não adianta ter marra, soberba...
Ficar quase dez anos em um clube é algo raro. Falta identidade ao jogador atualmente?
Falta muita identidade. Hoje dificilmente o cara pensa em fazer carreira em um clube. Fui muito novo para fora, mas consegui fazer a minha vida mesmo foi no Flamengo. Consegui me realizar profissional e financeiramente jogando aqui. Isso é possível, basta o jogador trabalhar a carreira para isso. O cara joga dez, 20 partidas em um campeonato e vai embora. Não criou nada no clube. Eu poderia ser muito mais rico atualmente, mas não tão realizado por tudo que consegui no Flamengo. Não tenho nada para reclamar.
Você acha que perdeu espaço na seleção por jogar no Brasil?
Não acho, porque no meu melhor momento, quando até fui convocado, os que foram para a Copa estavam jogando muito (Maicon e Daniel Alves). Naquele momento eles estavam voando. Não sou frustrado por causa de seleção ou Copa do Mundo. Todo jogador quer ir para seleção, e eu consegui. O que realizei no Flamengo, minha história, meus títulos, tudo isso valeu mais do que uma Copa. Valeu muito mesmo.
O que você levar de melhor do futebol quando parar? E o que vai deixar como marca para o Flamengo?
Essa marca de ídolo é o que que vai ficar de mais positivo. Uma carreira sem mancha, jogando como titular por nove anos com a camisa do Flamengo. Não lembro de um jogador de linha em um clube por dez anos, como titular, ganhando títulos. Isso é significativo demais. E vou deixar a certeza de que joguei por amor também. Claro que com bons contratos, mas sempre com orgulho de vestir a camisa, querendo ganhar sempre. Demorei muito para chegar ao Flamengo, mas aproveitei cada momento aqui.


Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet