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Sábado, 20 de julho de 2024

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Faverani explica rusga com Magnano, mas ressalta: 'O time é que me paga'

Um gigante de 2,11m de altura, ainda desconhecido no Brasil, é a novidade entre os jogadores brasileiros na recém-iniciada temporada da NBA. Pivô do Boston Celtics, Vitor Faverani, de 25 anos, juntou-se aos também grandalhões Tiago Splitter, Anderson Varejão e Nenê no seleto grupo de atletas "made in Brazil" da liga profissional americana de basquete.


Vítor saiu de Paulínia com 14 anos de idade para jogar no Unicaja-Málaga, da Espanha. Por lá, foram nove anos de muitas cestas, tocos e rebotes pelos cinco clubes por onde passou na Liga nacional até a assinatura de contrato com os Celtics nos Estados Unidos. Dos 13 jogos da equipe desde o início da temporada, ele iniciou oito como titular. A campanha do Boston não é das melhores (quatro vitórias e nove derrotas), e nesta sexta-feira a missão deve ser das mais complicadas: Vitor e seus companheiros encaram o Indiana Pacers, sensação da temporada.

Mas antes de enfrentar os líderes da NBA, o pivô abriu as portas de sua bela casa numa valorizada vizinhança de Boston para a reportagem do GLOBOESPORTE.COM. Ele habita o novo lar desde agosto, quando deixou Valência para o maior desafio de sua carreira até então. O papo franco abordou a nova vida na NBA e, principalmente, a seleção brasileira. Em entrevista recente, o técnico Rubén Magnano contou que foi à Espanha para conversar com Faverani, mas não conseguiu encontrá-lo (clique aqui e saiba mais). O jogador explicou o episódio sem rodeios e ainda contou como virou titular do time mais vitorioso da história da NBA.
– Eu e o Rubén conversamos, e a minha intenção era defender a seleção brasileira (na Copa América 2013). Mas aí recebi o convite para treinar, treinei, recebi a proposta de contrato e assinei (com o Boston Celtics). A direção do Boston me disse que eu teria que estar aqui em agosto. Realmente não tinha tempo para a seleção brasileira. E eu sempre falo: é o time que me paga, é o time que tem os meus direitos, e quem manda são eles – afirmou o brasileiro.

GLOBOESPORTE.COM: Não é comum chegar à NBA como calouro e já começar como titular de um time. Como está sendo esse começo na maior liga de basquete do mundo?
FAVERANI: Chegar aqui foi “daquele jeito” (risos). Sabia que não seria fácil, que teria de chegar já trabalhando muito, mas também tinha na cabeça que o time estava em formação. Trabalhei muito forte desde dois meses antes do começo da temporada, e isso conta muito, deu para mostrar meu jogo para os caras e, devagarzinho, ir conquistando meu espaço. O técnico Brad Stevens gosta de mim. Sou o único “pivô realmente pivô” que ele tem, então é o trabalho do dia a dia que dá os frutos para o futuro.

O Boston Celtics perdeu os astros Paul Pierce e Kevin Garnett e agora busca a formação de um novo time para os próximos anos. Isso o ajudou na decisão pela equipe?
A escolha de um time tem sempre dois lados. Tem o bom de entrar em um time ainda se formando, podendo ter mais minutos em quadra, com mais oportunidades e o treinador querendo ver todo mundo jogar. E o outro é o peso da camisa do Boston Celtics no basquete mundial. É difícil. São 17 títulos, por isso existe uma mentalidade muito competitiva. Todo mundo que joga nos Celtics tenta dar o máximo o tempo inteiro.

Seus primeiros jogos pelo Boston Celtics chamaram a atenção não só dos torcedores do time, mas de toda a NBA. Suas características tanto na defesa quanto no ataque, a capacidade de pontuar. Um pivô de 2,11m que tem bom arremesso de três. Você se imagina sendo um all star da NBA mais para frente?

Não. “All Star” já diz por si só, né? Só estrelas. Quando cheguei aqui, pensei que não jogaria nenhum minuto, mas de repente virei titular do Boston. Quando jogava na Espanha, não imaginava que seria um jogador da NBA, aí tive a oportunidade de assinar com os caras aqui nos Estados Unidos. Por isso tudo, tem que ir passinho a passinho. Não adianta chegar aqui, começar a jogar e já pensar em ser um “all star”. Meu próximo passo agora é tentar meter minhas bolas de três, focar no meu trabalho e ir progredindo dentro do time e junto com o time, sem pensar muito o que tem para mim lá na frente.

O torcedor brasileiro ainda não o conhece, até porque você saiu muito jovem, com 14 anos de idade, para jogar na Espanha. Você acha que agora jogando na NBA seu nome vai ficando mais falado no Brasil?

Nunca pensei em ser conhecido e famoso. Sempre quis ser conhecido pelo meu treinador, pelos torcedores do time em que estivesse jogando. E nunca pensei na possibilidade de alguém me conhecer no Brasil. Fui embora muito molecão, também quase nunca fui na seleção brasileira. Não penso nessas coisas. Quero trabalhar, ser importante para o meu time, para o meu treinador e para os torcedores do meu time nesse momento.

Sobre o incidente entre você e o técnico Rubén Magnano, que disse ter tentado encontrar contigo na Espanha para uma conversa e não conseguiu. O que aconteceu?

Na hora que li a entrevista, dei risada. Ele foi à Espanha duas vezes. Na primeira vez, em Murcia, eu realmente não pude encontrá-lo, por problemas pessoais. Não houve uma comunicação da CBB ou do Magnano comigo. Eles falaram com os meus agentes: “Olha, tal dia você precisa se apresentar no hotel tal.” Estava com o Paulão Prestes no dia. Ele foi, mas eu não pude ir. Foi um problema pessoal, ficou impossível pra mim. Não tinha o telefone do Rubén, não tinha outro telefone para ligar e avisei os meus agentes: “Não posso ir, por favor, tentem falar com o Rubén. Foi um problema que surgiu de repente". Depois conversei com meus agentes, eles conversaram com Magnano, e ficou tudo claro. Ele foi ano passado em Valência, e eu o recebi com o maior prazer do mundo. Passamos juntos uma manhã inteira, tomamos café da manhã juntos, ele conheceu a minha mãe, explicamos qual era o meu objetivo com a seleção brasileira. Tentar jogar, ganhar meu espaço respeitando sempre os pivôs que já defendem a seleção. Não é chegar e jogar. Eu teria que primeiro treinar, aos poucos.
Mas naquela época não havia a NBA na sua vida ainda, certo?

Não sabia ainda que iria fazer os treinamentos em quatro times da NBA, nem imaginava isso, muito menos que iria assinar um contrato com o Boston Celtics. Eu e o Rubén conversamos, e a minha intenção era defender a seleção brasileira (na Copa América 2013). Mas aí recebi o convite pra treinar, treinei, recebi a proposta de contrato e assinei (com o Boston Celtics). A direção do Boston disse que eu teria que estar aqui em agosto. Realmente não tinha tempo para seleção brasileira. E sempre falo: é o time que me paga, é o time que tem os meus direitos, e quem manda são eles. Aqui na NBA tem vários times que não deixam seus jogadores servirem às suas seleções por causa de lesões. Não fui para seleção nesse ano por causa do Boston Celtics, e o resultado está aí. Tinha que vir antes, treinar desde antes para conseguir jogar aqui. Essa era a minha prioridade naquele momento.

Mas a vontade de defender a seleção continua, não? As Olimpíadas de 2016 no Rio, por exemplo.

Um jogador que fala que não gostaria de defender sua seleção nas Olimpíadas está mentindo, ainda mais no seu próprio país. Lógico que adoraria ir, mas também tem as lesões, tudo que ocorre durante uma temporada, e o meu próprio time que pode dizer “não”. Não fecho nenhuma porta, e a da seleção está sempre aberta, desde que a CBB queira, mas cada jogador tem o seu problema. Ninguém sabe o futuro, por isso a seleção brasileira está aberta na minha cabeça.


E para o Mundial 2014, o Brasil tem a possibilidade de receber um convite da Fiba. Se isso acontecer, você estaria disposto a servir à seleção no ano que vem?

Lógico! E se eu recebesse o convite para ir ao Mundial, também. Se estiver sem lesões, sem nenhum tipo de problema e livre com o time para ir, iria para a seleção brasileira.

Sem ressentimentos?

Sem ressentimentos. O que aconteceu de mal-entendido foi só um desencontro. Um dia não consegui encontrá-lo, e em outra oportunidade conversamos bastante, mas aí veio o contrato com o Boston, e não posso deixar meu time aqui no meu primeiro contrato, deixar de jogar na NBA. Não posso perder isso.
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