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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Assustado com risco de queda, Clemer aconselha Inter a oxigenar grupo de 2014

No futebol, todo mundo fala que vida de goleiro não é fácil: vive sozinho na grande área, é o único que tem uniforme diferenciado e, quando falha, na maioria das vezes acaba resultando em gol do adversário. Também há quem diga que pior do que vida de goleiro é a vida do treinador, que está sempre na corda bamba, é chamado de burro pela torcida nas derrotas, e é o primeiro a deixar o clube em caso de derrotas. É bem verdade que tem o lado positivo das histórias dos goleiros e dos treinadores, e o técnico colorado Clemer viveu todas elas nos dez anos de Inter.


Como goleiro, quase caiu com o colorado em 2002 e depois deu a volta por cima conquistando a América e o Mundo em 2006. Como treinador, esteve na comissão técnica na conquista da Libertadores de 2010 como preparador de goleiros. E agora como técnico do time principal na reta final do Brasileiro, brigando para não cair. O treinador colorado atendeu à reportagem do Terra e relatou os momentos intensos que viveu treinando o time principal do Inter nos últimos 14 jogos do Brasileiro.

Terra - Você assumiu o Inter em um momento onde ninguém quis assumir (Inter tentou Abel Braga e Celso Roth e os dois só aceitariam se fosse início de ano) após a saída do Dunga. Como você avalia hoje o seu trabalho depois destes 14 jogos?
Clemer - Hoje bem mais tranquilo. Te confesso que, quando eu assumi, a expectativa era um pouco melhor, pelo grupo que tem o Inter e tudo que a gente poderia ter feito. Independente da situação em que eu assumi, de pressão muito grande, eu tinha a expectativa de levar o Inter em uma condição melhor da que acabou. Mas infelizmente as coisas não aconteceram, a pressão era muito grande, jogadores sem confiança. Aí a perna pesa. Os jogadores treinavam bem, mas no jogo a coisa não flui e os resultados também. Tinha vezes que a gente jogava bem e o gol não saia, e quando não vem o resultado a pressão aumenta. Mas o mais importante foi a experiência que eu tive, to tranquilo e foi uma boa oportunidade que eu tive.

Terra - Quando você assumiu e entrou no vestiário pela primeira vez, você viu que a situação era pior do que você esperava?
Clemer – Na realidade eu cheguei ao Inter em um momento difícil. A minha estreia foi contra o Fluminense, e o Inter vinha de quatro derrotas, com uma cobrança grande pela vitória. A primeira coisa que eu vi no vestiário foi os jogadores cabisbaixos pela situação que estavam passando e pelo que eles poderiam ter feito nos jogos. Eu tentei levantar o astral de todos, mostrando que ainda tinha muita coisa para fazer, botar confiança em cada jogador, que tinha uma Copa do Brasil. Mas a fase não era boa, a verdade é esta. Eu tentei levantar o astral de alguns jogadores, o Damião era um deles que não vinha passando por uma boa fase, não só com ele, mas com outros jogadores também. Dei chance também para vários jogadores da base, mas devido ao pouco tempo, as coisas não deram muito certo. Tivemos vários fatores para que as coisas não dessem certo, mas a gente fica feliz pela experiência.

Terra - O Inter, nos últimos tempos, colocou jogadores que foram ídolos dentro de campo como treinador e o resultado não foi bom: Figueroa, Falcão, Fernandão e Dunga. Você, que também é um ídolo, pode ter acabado “fritado” como os outros?
Clemer – Eu não quero ser analisado como ídolo porque ídolo eu vou ser sempre. Agora como treinador você nunca vai agradar a todos. Nas pesquisas interativas das rádios, a maioria dos torcedores queriam que eu ficasse, e isso já foi um passo grande na carreira. O torcedor disse ter consciência de que o trabalho não foi ruim, foi dentro do planejamento que tivemos. E o torcedor sabe como é chegar em um clube com o peso do Inter, que tem cobrança, regras, vaidades e normas, e tentar fazer com que eles assimilem a nova característica de jogo. Então isto pesou muito também. Não me analisem como ídolo, porque esta condição nunca será apagada, me analisem como treinador.

Terra – Você está pronto para treinar qualquer time do Brasil?
Clemer - Estou pronto. Hoje eu posso dizer que eu estou pronto porque tive um experiência boa, aprendizado treinando na base e não tive dificuldade dentro de um grupo forte, com lideranças fortes, e sempre fui bem respeitado dentro do vestiário. Claro que aconteceram algumas coisas que fazem parte e a gente soube contornar, mas o mais importante é que todos que estavam ali tiveram consciência de que todos tinham que remar para o mesmo lado.

Terra – Pelo que você viu e vivenciou, o grupo de jogadores precisa ser modificado para 2014?
Clemer - Eu espero que aconteçam estas mudanças. Pelo pouco tempo que eu vivi neste período, eu acho que tem que ter mudança para que o Inter voltar a conquistar títulos. Eu tenho consciência que a diretoria sabe disto porque eu coloquei o meu ponto de vista para eles, sabem que isto tem que acontecer.

Terra - Que tipo de mudanças? Saída de jogadores?
Clemer - Tem que oxigenar o grupo, trazer jogadores novos, alguns jogadores tem que sair para pegar novos ares, tem que haver esta renovação. A base tem jogadores de muito potencial para agregar no grupo. Trazer os que querem coisas novas. Até para liberar alguns jogadores para poder sair, buscar coisas novas em outros clubes e um dia poder retornar para o Inter se for o caso. Eu acho que o caminho é este e a direção sabe disto.

Terra - O que aconteceu com o Forlán, melhor jogador da Copa do Mundo de 2010, mas no Inter não consegue se firmar no time?
Clemer – Eu já cheguei no time principal, e o Forlán não era titular. Tive uma conversa com ele e disse que queiai aproveitá-lo, que ele é um jogador que tem condições de jogar. Mas no momento em que estávamos passando era preciso recompor na marcação e pedi que ele me ajudasse neste sentido. Segundo: ele iria viajar com a seleção uruguaia, ficando dois, três dias fora e aí quando retornasse ele entraria como titular? Sem ritmo de jogo? Porque na seleção ele também não estava jogando. Aí cria um clima ruim no grupo. Para colocar o Forlán, eu tenho que tirar o Otávio, que é um dos destaques do time. Hoje o time do Inter com Otávio é um e sem o Otávio é outro. E do outro lado eu tenho o D’Alessandro, que é o capitão do time e uma das referências técnicas da equipe, um jogador diferenciado. Como centroavante, o Forlán não vai render nada, ele não é um jogador que jogue de costas, então é preciso ter coerência naquilo que estamos trabalhando. O fato não é botar o Forlán e sim quem tirar para colocar o Forlán.

​Terra - O Abel será o treinador do time principal. E você, qual será o seu futuro? Surgiu uma especulação de que você poderia ir para a Portuguesa, é verdade?
Clemer - A diretoria do Inter conversou comigo para que eu me apresentasse no dia 8 de janeiro para treinar o time Sub-23, que vai arrancar disputando o Campeonato Gaúcho. Se caso aparecer uma outra proposta de um outro clube que me dê condições de trabalho, aí eu posso sair. A vontade do Inter é que eu permaneça no clube, mas a direção me deixou bem à vontade. No final de ano sempre surge sondagens e a Portuguesa foi uma destas, mas não tem nada de concreto.

Terra - Em algum momento você temeu pelo rebaixamento do Inter?
Clemer - Olha, teve um momento que deu um frio na barriga, que foi quando a gente empatou com o Corinthians e na mesma rodada tinha cinco resultados paralelos e bastava apenas um destes cinco acontecer para a gente escapar de vez do rebaixamento e não aconteceu nenhum dos resultados para favorecer o Inter. Ali eu fiquei com frio na barriga e lembrei de 2002 quando o Inter brigou para não cair. Eu pensei: isso não pode acontecer comigo, eu ajudei a levar este time para ganhar a América e o Mundo e agora cair para a segunda divisão, isto não pode acontecer comigo. Eu não ia me perdoar se isto acontecesse.
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