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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Mercado predatório afundou Guarani e levou maior talento ao São Paulo

Com duas derrotas em dois jogos, o Guarani foi um dos primeiros eliminados na Copa São Paulo 2014. Uma ironia, no mínimo, para uma das divisões de base mais tradicionais do futebol brasileiro. Mas longe de ser uma casualidade. Na noite de quinta-feira, na Arena Barueri, sob as ordens de Gabriel Boschilia (96), o São Paulo venceu a equipe da casa por 2 a 0. Principal promessa são-paulina, Boschilia é só um dos jogadores formados no Brinco de Ouro que foram transferidos a outros clubes e, portanto, não jogam a Copinha com as cores alviverdes.

Há um vilão destacado nessa história. Então diretor das divisões de base, Marcelo Mingone assumiu a presidência do Guarani em novembro de 2011 após a destituição de Leonel Martins por irregularidades administrativas. Leonel havia indicado Mingone e, com ele à frente, o clube campineiro enfrentou uma das piores temporadas de sua história do ponto de vista de gestão. Diversos atletas jovens foram negociados por valores abaixo do mercado ao longo de 2012. O último deles, três dias antes da renúncia de Mingone e com valores não revelados, foi justamente Boschilia.
Jogadores importantes da base do Guarani atualmente defendem outras equipes. Outro caso notório é o de Léo Cittadini (94), jogador com passagem pela Seleção Sub-17 que acionou o clube na Justiça e foi negociado para o Santos por R$ 300 mil. Para ter Adelino (94), principal atacante do Brinco de Ouro da Princesa na ocasião, o São Paulo gastou mais R$ 450 mil. Na mesma leva, o lateral Murilo (93) e o volante Eduardo (95) também se transferiram para Cotia, e hoje já defendem outras equipes.
Financeiramente, o negócio mais interessante para o Guarani foi do atacante Bruno Mendes (94, hoje no Botafogo), repassado por R$ 7 milhões para o agente e investidor argentino Gustavo Arribas. O clube, entretanto, só ficou com R$ 3,9 milhões. A atual administração acusa judicialmente a Mingone por favorecimento ao empresário Hugo Ardison. Ele teria sido beneficiado por diversas transferências que envolvem os jogadores jovens do clube. Em audiência em São Paulo, Bruno teria dito que sequer conhecia Ardison. A afirmação é do advogado do Guarani, Felipe Souza. Boschilia é outro que teve direitos cedidos a Ardison.
Essas não são as únicas transferências que geram polêmica ao longo da administração de Marcelo Mingone. Em março deste ano, o volante Eduardo (95) acusou o ex-presidente de aliciamento e de se passar por seu tio – hoje, o jogador defende o Atlético-MG. Por atrasos no Fundo de Garantia, o atacante Romarinho (94) processou o Guarani, obteve o direito de se transferir para o Internacional e não deixou nada nos cofres do clube.
Sucessor de Mingone, o atual presidente Álvaro Negrão pediu a abertura de inquérito para que fosse investigada a relação de seu antecessor com o agente Hugo Ardison. Proprietário da empresa Ardizzoni Consultoria, Ardison é pouco conhecido no mercado de transferências e não tem negócios significativos realizados com clubes além do Guarani. O Terra tentou contato com Mingone, acusado por estelionato e lavagem de dinheiro, mas o ex-presidente não atendeu as ligações.

Boschilia a serviço do Guarani (Divulgação)
Confira alguns jogadores elegíveis para a Copa São Paulo que deixaram o Guarani para defender outras equipes:
Eduardo (volante – 95) – São Paulo e depois Atlético-MG
Léo Cittadini (meia – 94) – Santos
Adelino (atacante – 94) – São Paulo
Boschilia (meia – 96) – São Paulo
Bruno Mendes (atacante – 94) – Botafogo
Alexandre (zagueiro – 94) – Palmeiras
Pedro Felipe (lateral esquerdo – 94) – Figueirense
Adriano (goleiro – 94) – Desportivo Brasil
Sandinho (atacante – 94) – Red Bull-SP
Felipe Tontini (meia – 95) – Grêmio
Romarinho (atacante – 94) – Internacional
Paulão (zagueiro – 94) – Red Bull-SP
Agradecimentos: André Esmeriz e Miltinho Costa
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