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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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"Mr. Catra" do futebol, massagista tem 29 filhos e vibra: "Fábrica não fechou"

Saída 21. Estádio Albertão, em Teresina, no Piauí, ao lado da bilheteria da arquibancada especial. O endereço não poderia ser mais emblemático. É dentro de uma das salas da praça esportiva que mora uma das figuras mais exóticas do futebol brasileiro: Francisco Muniz de Lima, ou simplesmente Muniz. Aos 68 anos de idade, 48 deles dedicados aos gramados, o massagista do Piauí Esporte Clube mora no cubículo há pouco mais de um ano, desde que se separou da sua última companheira - “oficialmente” a terceira. Dos três casamentos, a prole de Muniz revela a sua fama de “pegador” e uma vitalidade que impressiona. São 29 filhos (cinco já morreram), todos eles registrados, segundo conta o papai, e com o fôlego de fazer mais. Detalhe, ele vibra com essa possibilidade e não liga para o apelido de Mr. Catra, funkeiro brasileiro famoso por sua música, versos e vasta lista de herdeiros.


- Minha terceira mulher acabou optando em realizar a cirurgia da ligadura, se não fizesse isso já estaríamos com mais quatro ou cinco (risos). A fábrica não fechou, trabalha direto. É o dom que Deus me deu – solta, em gargalhadas, Muniz.

A casa do massagista era um depósito, usado para abrigar a antiga sede da Associação Profissional dos Cronistas Desportivos. O espaço pequeno é quente, abafado e fica exposto ao sol. Sem reclamar, o carinho de Muniz com o local fala por si. Na parede, um mosaico de fotos da atuação de Muniz no Piauí, clube onde trabalha. Perto da TV, uma mesa com algumas ferramentas. Ao entrar na residência, a cozinha tem um fogão e uma mesa. No quarto, roupas e uniformes usados em dias de jogos e um espaço dedicado a orações.
- Aqui é meu cantinho - resume Muniz.

Logo na entrada da sala, a bicicleta companheira. É com ela que Muniz pedala 15km até o CT do Enxuga Rato, na outra ponta da capital Teresina. A volta é logo após o fim dos treinos, e são mais 15km pedalados. Sobre uma mesa velha, já desgastada, da sala algumas medalhas. De tantas, elas ficaram agarradas. Na gaveta, fotos dos três últimos filhos: Sheila Karine, Mariane e Gabriel, de nove, oito e 12 anos de idade, respectivamente.

- Quem registrou todos fui eu. Tenho ainda o Ivan, Ivaldo, Edvaldo, Reginaldo, Mariane, Sheila Kaline, Janiel, Daniel, Jardel, Carlos Gardel, Gabriel, Rejane, Janete, Regina... Fiz o parto do Jardel, que tem 16 anos, pois a mulher passou mal e o socorro não chegou. Quando os médicos chegaram, eu já tinha cortado o umbigo (cordão umbilical) do recém-nascido – recorda.

Com orgulho, ele até começa a fazer a chamada nominal dos filhos, mas logo interrompe a contagem.
- É menino muito – se admira Muniz, sempre com muitas risadas.

Reunir todo mundo é complicado, tarefa difícil, do tipo impossível. Ele explica: oito moram em Floriano, localizada a 234km da capital piauiense, cinco estão em Belém, no Pará, e o restante espalhado nos bairros da cidade de Teresina. O primeiro casamento do massagista foi aos 14 anos, com Maria Madalena Cardoso. Viúvo, se casou novamente aos 20. Já com 30, a terceira união. E como não tem jogo fácil, as namoradas e paqueras não param de surgir na vida romântica - e agitada - do massagista.

- Não sei da onde vem, acho que é charme. Às vezes, começa com um abraço. Depois vem o beijo. Em seguida, trocamos ligações – diz, enquanto penteia os cabelos brancos.

XAVECOS E HISTÓRIAS

Ser jovem é uma questão de espírito. Craque no esquema da paquera e namoros, Muniz também é requisitado naquilo que também sabe fazer: atendimento médico. “O vovô galã” começou no futebol no ano de 1966, no Parnahyba, equipe do litoral do Piauí. Depois, serviços prestados em times já extintos, caso do Botafogo de Teresina. No currículo, Fluminense-PI de Belchior de Barros, Auto Esporte, no Ferroviário de Floriano, Guarany de Sobral, Comercial-PI e outros clubes do eixo Norte- Nordeste. Por pouco, Muniz diz que não foi parar no Corinthians.
- Era no começo de 1980, fui convidado a fazer parte do comissão técnica deles. Mas só que o sentimento pela terra natal falou mais alto, resolvi voltar porque o pessoal do Flamengo-PI disse que iria assinar minha carteira e os benefícios da aposentadoria, mas nunca fizeram isso. Caso tivesse aceito ficar em São Paulo, chegaria até a seleção brasileira – relembra Muniz, mas sem nenhuma retaliação.

É do time rubro-negro piauiense que vem a época inesquecível na carreira do massagista. Foi o tricampeonato do Flamengo-PI em 1988, time que ele faz questão de lembrar: comandado pelo professor Gringo e composto por Waldinar, Baiano, Carlinhos, Zuega, Ribamar, Neto, Joniel, Malta, Etevaldo, Coxinha e Peu. Bons tempos, e as palavras carregadas de saudade não poupam ninguém das críticas sobre o atual momento do futebol.

- Naquela época era um campeonato mais elevado, tinha o público, vibração, mas depois foi esculhambando, entrando diretoria que não queria trabalhar só queria roubar. Trabalhei já com muito presidente ladrão, uns até já morreram, mas ainda tem outros e ai vem a imoralidade do futebol do Piauí. Uns metendo a mão e o outro puxando – diz Muniz, que tem como último título o vice-campeonato estadual de 2014 pelo Enxuga Rato.

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